Motorista de aplicativo foi morto ao se recusar a passar para o banco traseiro, diz polícia
Os cinco suspeitos foram presos na madrugada desta sexta-feira (14)
O motorista de aplicativo Alexandre Fernandes, 32 anos, encontrado morto na noite desta quarta-feira (12) às margens da BR-116, entre Itaitinga e Aquiraz, na Grande Fortaleza, foi morto momento após ser abordado pelos criminosos ao se recusar a passar para o banco traseiro do carro. Os suspeitos da morte do motorista fazem parte de um grupo de desmanche de carros roubados e revenda de peças. Segundo a polícia, a quadrilha já praticou crimes contra 20 a 25 vítimas na Região Metropolitana.
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"Eles se tratam de uma quadrilha voltada ao roubo de veículos para desmanche e muitas vezes eles focavam no roubo de veículos de motoristas de aplicativos. Eles tinham preferência por essas vítimas", disse secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa.
A informação foi confirmada pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (14) durante coletiva à imprensa.
Segundo a polícia, os suspeitos, após renderem o motorista de aplicativo, exigiram que ele fosse para o banco traseiro do veículo. Foi o momento em que Alexandre teria reagido e foi atingido por disparos de arma de fogo. Alexadre foi atingido na cabeça e toráx. De acordo com as investigações da polícia, o grupo pediu uma corrida por aplicativo partindo do Bairro Maraponga e, assim que a vítima parou para embarcar os suspeitos, Alexandre foi rendido.
O corpo de Alexandre foi encontrado por uma senhora em um matagal. Logo em seguida, ela acionou a polícia. O Corpo de Bombeiros foi chamado para auxiliar na remoção do corpo. O cunhado de Fernandes esteve no local do achado para o reconhecimento do corpo.
Desmanche de automóveis
Ainda segundo a polícia, os cinco suspeitos presos na madrugada desta sexta-feira (14) fazem parte de uma organização criminosa especializada no desmanche de veículos. Os investigadores descobriram que havia um carro modelo VW Fox dando apoio à empreita criminosa, próximo ao local em que o carro de aplicativo da vítima estacionou para buscar os passageiros.
Os suspeitos, então, seguiram em fuga com o carro e o corpo da vítima até abandoná-lo em uma área de matagal, próxima à rodovia BR-116, na cidade de Aquiraz. A Polícia Civil segue em investigações à procura do veículo da vítima. Conforme a apuração policial, o grupo vinha praticando esse tipo de ação criminosa há cinco meses contra motoristas de aplicativos.
Os suspeitos foram identificados como Luan Vitor Araújo Silva, de 22 anos; Lucas Monteiro de Freitas, de 21 anos; suspeitos de estarem no local do crime; Bruno Alisson Sousa, de 24 anos, com antecedentes criminais por homicídio, roubo e tráfico de drogas, apontado como articulador do grupo e responsável por planejar as ações criminosas; Helry Monteiro Araújo, de 37 anos, com passagens pela polícia por homicídio e porte ilegal de arma de fogo, que de acordo com as apurações ele teria fornecido o veículo e escondido o primo de Luan para que não ele fosse localizado pela polícia; e Vinícius Mahon Paiva, de 26 anos, suspeito de comprar os produtos roubados pelo grupo e revendê-los em uma loja de venda de automóveis na Capital.
Manifestação da categoria
Motoristas de aplicativo organizaram um protesto na tarde desta quinta-feira (13) para reivindicar por mais segurança no serviço de transporte de passageiros. Em carreata, eles saíram das proximidades da Arena Castelão, em Fortaleza, por volta das 15h, com destino ao Palácio da Abolição, no bairro Meireles.
Somente este ano, em Fortaleza e na Região Metropolitana, 11 motoristas de aplicativo foram mortos enquanto trabalhavam, segundo a Associação de Motoristas de Aplicativo (Amap).
Reunião de representates de transporte por app com delegada
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), uma comissão com sete representantes de motoristas de transporte de passageiros por aplicativos foi recebida pela coordenadora de Planejamento Operacional da SSPDS, delegada Adriana Arruda, na noite desta quinta-feira (13).
Ainda na nota, a Pasta também informou que os profissionais de segurança já haviam intensificado as abordagens aos veículos que são identificados como oriundos de aplicativo e que estejam transportando pessoas. "A pasta ressalta que a medida funciona como uma ação preventiva para que os profissionais sigam seus trajetos de forma segura."
Em nota, a 99 informou que lamenta a morte do motorista de aplicativo Alexandre Fernandes "e esclarece que o condutor não estava em corrida pelo aplicativo no momento da ocorrência".
A Uber, empresa que Alexandre também possuía cadastro, lamentou a morte do motorista. "Compartilhamos nossos sentimentos de mais profundo pesar com a família do Alexandre neste momento de dor."
A Uber também informou que Alexandre atuava como motorista parceiro, mas ao que tudo indica pelas informações obtidas, não estava usando a plataforma no momento do crime. "De qualquer forma, a Uber permanece à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações, na forma da lei, e esperamos que as autoridades tragam os responsáveis à justiça o mais rápido possível."
A InDriver, onde Alexandre também possuía cadastro, lamentou a morte do colaborador e informou que a filosofia de serviço da empresa coloca a segurança de todos os usuários em primeiro lugar, tanto passageiros quanto motoristas. "Na inDriver, condenamos qualquer tipo de violência. Reiteramos ainda nosso compromisso de colaborar com as autoridades, e dar suporte à família. O inDriver busca cotidianamente os melhores e mais modernos formatos de segurança para seus usuários, sejam motoristas ou passageiros".
Roupa do corpo roubada em assalto
O motorista Erick Milton, que também esteve na carreata, relatou durante entrevista que já foi vítima de violência enquanto trabalhava. Ele conta que em uma das vezes chegaram a roubar até mesmo a roupa que ele vestia.
"Eu peguei uma passageira lá na Praia de Iracema para levar para o (bairro) Pici, onde era o final da corrida, e antes de chegar no local, a própria passageira estava com uma criança de colo e armada. Ela colocou a arma na minha cabeça e na hora que ela pediu pra eu parar o carro, chegaram dois caras. Eles levaram todos os meus pertences, inclusive a roupa do corpo, sapato, boné, até brinquedo dos meus filhos que tinha dentro do carro eles levaram", conta.