Membros de facção que disputavam território para delivery de drogas e balearam bebê vão a júri no CE

A criança estava junto aos pais que, conforme a acusação, não têm envolvimento com a organização criminosa

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: Populares correram ao ouvir os disparos
Foto: Arquivo

Três acusados de integrar a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) devem ir a júri popular por um homicídio e tentativa de homicídio ocorridos em praça pública, na capital cearense. Conforme documentos obtidos pela reportagem do Diário do Nordeste, o trio teria matado um homem e baleado uma bebê de cinco meses na cabeça enquanto disputavam território para delivery de drogas disfarçados de entregadores.

O juiz da 3ª Vara do Júri de Fortaleza pronunciou, ou seja, determinou que eles vão a júri popular, João Guilherme Tavares do Nascimento, João Victor Rodrigues do Nascimento e Ismael Lima da Silva e manteve as prisões preventivas dos acusados. Eles também foram denunciados por integrar organização criminosa.

A reportagem procurou as defesas do trio. O advogado Taian Lima, que defende Ismael diz que "nos surpreende a sentença de pronúncia, pois as provas indiciárias não foram confirmadas em sede de instrução criminal, oportunidade em que as testemunhas sigilosas revelaram não terem presenciado os fatos e tudo que souberam foi através de terceiros, de 'ouvi dizer'. Também não há um único indício que o nosso constituinte fosse liderança naquela localidade ou tenha autorizado o crime. Assim, o conjunto probatório é frágil e interpusemos o recurso cabível para o Tribunal de Justiça a fim de reformar a decisão do magistrado de planície. Reforçamos a confiança no judiciário alencarino.

Já a defesa de João Guilherme e João Victor optou por não se manifestar. 

Conforme depoimento de um policial civil em juízo, "o crime teve como motivação disputas por território no tráfico de drogas, praticado na forma de 'delivery', com uso de motos e disfarce de entregadores".

QUEM SÃO AS VÍTIMAS

De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), no dia 14 de junho de 2024, os réus foram responsáveis pelo homicídio da vítima Rodrigo Souza Gomes, o 'Catatau' , e tentativa de homicídio de uma criança.

Réus e vítima, na época do crime, eram vinculados à GDE, sendo que a vítima e um homem conhecido como Willian Ferreira do Nascimento, o 'Suspiro' passaram a se desentender "em razão de disputa por território de tráfico".

Willian teria comunicado a desavença aos seus superiores hierárquicos na organização criminosa, dentre eles Ismael Lima, que teria autorizado matar a vítima. Após a autorização, 'Suspiro' passou a monitorar os passos de 'Catatau'.

No dia do crime, a vítima estava na praça João Távora, onde havia diversas famílias com crianças. O MP diz que Willian chegou ao local e quando percebeu que seu alvo estava lá comunicou a localização dele aos dois executores, João Guilherme e João Victor.

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Legenda: Dois dos três acusados são apontados como executores do crime
Foto: Arquivo

"Momentos depois de Willian sair da praça, os réus João Guilherme e João Victor chegaram ao local em uma motocicleta e surpreenderam a vítima e as demais pessoas que lá se encontravam, chegando ao local já efetuando disparos de arma de fogo".
MPCE

Testemunhas contam que a criança estava na companhia dos pais, que não tinham nenhuma ligação com os acusados. Outros populares que estavam na praça chegaram a se jogar no chão buscando se proteger.

A acusação destaca que a criança foi "uma vítima colateral da violência". A menina foi socorrida a uma unidade hospitalar e sobreviveu.

MORTE EM MOTEL

No dia seguinte, Willian Ferreira foi morto a tiros em uma intervenção policial, em Fortaleza.

Policiais militares disseram que estavam em busca do homem envolvido no ataque na noite anterior e que quando chegaram à casa do suspeito foram informados pela mãe dele que o filho estava escondido em um quarto de motel na Avenida Governador Raul Barbosa.

Na versão dos PMs, quando a composição entrou no quarto foi recebida a tiros e revidou. Devido ao confronto, Willian morreu ainda dentro do banheiro do quarto, onde foram encontradas uma arma e drogas.

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