Ex-marido suspeito de matar psicóloga brigava pela guarda do filho com a vítima
A polícia teve acesso ao celular de Karine, onde foram encontradas mensagens enviadas pelo homem.
Preso em flagrante, o suspeito de matar a ex-companheira em Missão Velha, nesta sexta-feira (12), Diego Almeida Castro, disputava a guarda do filho de dois anos com a vítima, a psicóloga Karine Gonçalves Luciano Barros.
Em outubro, Karine registrou um boletim de ocorrência contra Diego. Na ocasião, ele levou a filho para sua casa e não retornou com a criança para a residência da mãe, com quem o garoto morava.
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A polícia teve acesso ao celular de Karine, onde foram encontradas mensagens de WhatsApp enviadas pelo homem com ameaças, sugerindo "guerra" e até "morte".
Trechos de conversas entre os dois mostram discussões recorrentes sobre a divisão de tempo com a criança. Em uma das mensagens, Diego chega a afirmar que não irá cumprir uma eventual decisão judicial que impusesse horários para visitar o filho.
"Eu não vou mais estar aqui lhe respondendo suas loucuras ou afirmando 1001 vez q ele fica somente cmg. E repeto que tirar ele de mim p dxar c sua mãe isso nunca vc vai conseuir fazer nem q p isso nos se mate", dizia a mensagem de Diego para a ex-companheira.
As discussões eram constantes sobre horários de entrega da criança e a divisão dos dias em que o pequeno ficava com a mãe ou com o pai. Em uma das conversas, o suspeito de feminicídio reforça que não iria obedecer a Justiça. "Eu vou pegar meu filho todo fim de semana e não será vc, muito menos sua família e a tal da justiça que irá ipor (sic) horários! E ponto final".
De acordo com um depoimento de um familiar de Karine, o casal estava tendo desavenças por conta da guarda do filho. O menino morava com a mãe, porém não havia certos sobre pensão e a guarda estava sendo deliberada judicialmente.
Histórico de agressões
Diego e Karine tiveram um relacionamento de aproximadamente cinco anos. Segundo familiares ouvidos pela Polícia, os dois se separaram há cerca de um ano. A família da psicóloga afirma que a mulher teria sido vítima de violência doméstica, com o aparecimento de marcas de agressão pelo corpo.
De acordo com depoimento de um familiar da Karine, ela tinha medo do ex-companheiro e que já teria sofrido agressões físicas e verbais de Diego. Outro familiar disse que Diego apresentava sinais de uma pessoa violenta, que presenciou o suspeito em posse de uma arma em casa e que já viu a vítima com marcas vermelhas no corpo quando casada.
Apontado por testemunhas como o autor do crime, agentes da Polícia Militar encontraram o homem em sua residência e o conduziram à delegacia para lavrar o flagrante. Ele foi identificado por uma testemunha como sendo um dos homens na moto. De acordo com depoimento, ele estaria com a viseira levantada e, por isso, foi possível a identificação.
Diego mora a cerca de 300 metros do local do assassinato da psicóloga e, ao ser ouvido na delegacia, negou a autoria do crime. De acordo com ele, Karine teria problemas com a família por conta de uma possível herança e também no trabalho. No entanto, não soube repassar mais detalhes. As informações foram negadas pela família.
A Polícia Civil solicitou à Justiça a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva contra ele. A autoridade policial também representou pela autorização para acesso, extração e análise dos dados do telefone celular do autuado para subsidiar o inquérito policial criminal.
O Judiciário abriu vista dos autos para a manifestação do Ministério Público do Estado do Ceará neste sábado (13).
Como denunciar violência contra a mulher
Em todo o Brasil, há uma rede de proteção à mulher vítima de violência, com mecanismos que vão desde Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher até espaços de acolhimento como a Casa da Mulher Brasileira.
Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados às autoridades mediante diversos canais. Em caso de emergência ou para buscar ajuda, utilize os seguintes meios:
- Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher): Serviço nacional que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, e é gratuito.
- Ligue 190 (Polícia Militar): Em situações de flagrante ou emergência.
- Procure uma Delegacia de Defesa da Mulher (DDM): Para registrar um Boletim de Ocorrência e solicitar medidas protetivas de urgência, amparadas pela Lei Maria da Penha.