Ex-secretário adjunto de Monsenhor Tabosa denuncia que foi torturado por policiais ao ser preso

Denúncia foi feita durante audiência de custódia, na Justiça Estadual. Controladoria Geral de Disciplina investiga o caso

Escrito por Redação ,
Policiais civis e militares realizaram prisão do suspeito, na posse de armamento
Legenda: Policiais civis e militares realizaram prisão do suspeito, na posse de armamento
Foto: Reprodução

O ex-secretário adjunto de Meio Ambiente de Monsenhor Tabosa, Francisco Wanderson Lopes de Souza, de 28 anos, denunciou à Justiça Estadual, em audiência de custódia, que foi torturado por policiais militares, ao ser preso, na última sexta-feira (24). A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) investiga o caso.

A prisão em flagrante do então secretário municipal, na posse de uma arma de fogo de origem turca, ocorreu durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A Prefeitura Municipal de Monsenhor Tabosa decidiu exonerar o servidor da função, após a notícia da prisão.

"Por ocasião da audiência de custódia, o autuado afirmou que os policiais do Cotar (Comando Tático Rural) inseriram um pano e colocaram água no seu rosto, tudo no objetivo de que ele entregasse drogas a ele", revelou o juiz Jaison Stangherlin, do 6º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito (Crateús), na Decisão Interlocutória que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva.

A prática violenta denunciada pelo preso - colocar um pano sobre o rosto e arremessar água sobre o pano - é um tipo de tortura, conhecido como "afogamento simulado".

O juiz acolheu o pedido do Ministério Público do Ceará (MPCE) e enviou cópias dos autos à Promotoria responsável por apurar as agressões policiais e à Corregedoria da Polícia Militar, "para ciência e adoção das providências necessárias ao esclarecimento dos fatos".

A defesa de Francisco Wanderson Lopes de Souza não foi localizada para comentar a denúncia e a prisão do cliente.

Questionada sobre o suposto caso de violência policial, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) respondeu apenas que "denúncias sobre ações de policiais militares em desconformidade com a lei podem ser feitas na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD)".

A CGD, por sua vez, afirmou que já "instaurou procedimento disciplinar para apuração de indícios de transgressão durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do ex-secretário adjunto de Meio Ambiente, do município de Monsenhor Tabosa, conforme determinação do Poder Judiciário".

"As diligências estão em andamento, objetivando esclarecer os fatos", completou a Controladoria, que não pode fornecer mais detalhes da investigação.

Suspeito de integrar facção criminosa

Francisco Wanderson Lopes de Souza foi preso em flagrante na posse de uma arma de fogo de origem turca, na última sexta-feira (24). Ele também é suspeito de integrar uma facção criminosa carioca.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, policiais civis e militares foram cumprir um mandado de busca e apreensão na residência de Francisco Wanderson Lopes de Souza, de 28 anos, em Monsenhor Tabosa, em uma investigação contra uma organização criminosa suspeita de comercializar drogas.

Em um compartimento entre a pia da cozinha e a parede, os agentes de segurança encontraram uma pistola calibre 9mm, de origem turca, com a numeração raspada e pintada com várias caveiras, um carregador de pistola e 54 munições. Também foram apreendidos, no imóvel, três aparelhos celulares e uma balança de precisão.

Os policiais que atenderam a ocorrência disseram à equipe da Delegacia Municipal de Monsenhor Tabosa, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), que Francisco Wanderson reconheceu que guardava drogas para uma organização criminosa.

Interrogado pela Polícia Civil, o suspeito admitiu que ocupava a função de secretário adjunto de Meio Ambiente do Município de Monsenhor Tabosa, mas preferiu se manter em silêncio sobre as acusações contra ele.

Os investigadores da PC-CE elaboraram relatório em que afirmam que Francisco Wanderson é "quase uma das frentes" da facção no Município e é conhecido como 'Cavaleiro', dentro do grupo criminoso.

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