Draco prende chefe da 'Massa' suspeito de homicídios, extorsões e tráfico de drogas em Fortaleza
O suspeito foi preso pela Polícia Civil na última segunda-feira (13), em Aquiraz, enquanto voltava para a Capital
Um homem apontado pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) como líder da facção criminosa Massa Carcerária/Tudo Neutro (TDN) nos bairros Cidade dos Funcionários e Cajazeiras, em Fortaleza, foi preso em flagrante na última segunda-feira (13), em Aquiraz, enquanto se dirigia à Capital. Com ele os policiais apreenderam um aparelho celular.
Sem mencionar o nome do suspeito, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, em publicação, que "as investigações, conduzidas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), chegaram até o alvo após intercâmbio de informações com a Delegacia de Polícia Civil de Aquiraz e com a 7ª Delegacia de Polícia Civil de Homicídios e Proteção à Pessoa".
Conforme documentos obtidos pela reportagem, foi revelado que o acusado em questão trata-se de José Dumas Carneiro Filho, conhecido como 'Duminha' ou 'Gordo da CJ'. Ele é citado em um relatório da Draco sobre a atuação da Massa em localidades nas Cajazeiras, como a Vila Cazumba.
O órgão tomou conhecimento da ligação de José Dumas com a facção a partir de depoimentos de antigos moradores da Vila Cazumba, colhidos em 2024, que afirmavam terem sido ameaçados e expulsos da região por ele e outros comparsas.
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No relatório, utilizado pela PCCE para formalizar o pedido da prisão em flagrante, os apelidos associadas ao suspeito são mencionadas repetidas vezes por diversas testemunhas. Em vários deles, José Dumas é citado como a principal liderança da Massa na Vila Cazumba e outras regiões do bairro, além de ser o autor de diversas infrações.
Os principais crimes imputados ao suspeito, conforme o documento, são: associação criminosa, com o agravo de operar no papel de liderança e tráfico de drogas. José Dumas também seria responsável, segundo os depoimentos, por repassar armas para outros integrantes da facção, extorquir e expulsar moradores, além de ordenar homicídios.
O relatório da Draco também identifica na conduta do acusado uma suposta prática de lavagem de dinheiro. Isso porque, em depoimento, José Dumas afirmou ser o proprietário de uma loja de bolos e salgados, mas não soube informar o CNPJ ou outras informações sobre o comércio, porque, segundo ele, esses detalhes são de posse de outros familiares.
Contudo, em investigação conduzida pela delegacia, moradores da região onde o empreendimento está localizado enfatizam que o local é apenas uma fachada para o esquema de lavagem de dinheiro. "Os elementos informativos granjeados são indubitáveis em apontar que o investigado é integrante de organização criminosa, do mesmo modo está em consórcio com outros indivíduos em homicídios, extorsões, porte ilegal de arma de fogo e tráfico ilícito de drogas", conclui a Draco.
Justiça converte prisão em flagrante para preventiva
Em decisão publicada nessa terça-feira (14), a Vara de Audiências de Custódia de Fortaleza homologou a prisão em flagrante de José Dumas, e posteriormente a converteu para prisão preventiva baseada nas provas colhidas nas investigações.
Os depoimentos de diversas pessoas apontam-no (José Dumas) como responsável por conseguir e repassar armas para outros integrantes da facção, além de ser o mandante de expulsões e extorsões de moradores e ainda ser responsável por ordens de homicídio. Essas ações demonstram um profundo desprezo pela ordem social e pela segurança da comunidade, evidenciando o alto grau de periculosidade do custodiado e a capacidade de mobilização e terror que a facção exerce.
Antes de o caso ser analisado pela 17ª Vara Criminal, a defesa técnica de José Dumas apresentou um parecer em que pede a anulação do flagrante. As razões para isso, segundo o documento obtido pelo Diário do Nordeste, estão relacionadas a uma suposta agressão contra o acusado cometida por dois policiais civis durante o momento da prisão.
Para analisar essa questão, foi realizado um exame de corpo de delito no suspeito, em que não foram identificadas nenhuma marca de agressão corporal. No entendimento do Poder Judiciário, este fato não altera o andamento do processo.
"A manutenção da prisão a título cautelar não significa antecipação de pena em desfavor do autuado, mas sim análise dos elementos até aqui trazidos a este juízo, elementos estes que revelam a possível prática de um crime sobremaneira grave e merecedor de imediata tutela processual penal", argumenta a magistrada.
A defesa também solicitou a aplicação de medidas cautelares, o que também foi negado, pois "seriam ineficazes para coibir a reiteração criminosa e resguardar a paz social".
Massa Carcerária
Em janeiro, o Diário do Nordeste publicou uma reportagem sobre o crescimento da facção Massa Carcerária no Ceará desde a sua criação, em 2021. Conforme o texto, um dos motivos para esse alto índice foi a migração de lideranças de outras facções, tanto do Comando Vermelho (CV) como dos Guardiões do Estado (GDE), que levaram outros integrantes para a Massa.
O surgimento da nova facção intensificou os conflitos por territórios para o tráfico de drogas, no Estado. Em contrapartida, a Polícia cearense mapeou os líderes das facções que "rasgaram a camisa" (ou seja, que trocaram de grupo criminoso) e fortaleceu as buscas pelos criminosos, nos últimos anos.