Municípios do Ceará estão em risco crítico de desabastecimento; veja quais são
Outras cidades devem manter as fontes atuais até o início da próxima quadra chuvosa
O Ceará tem um cenário hoje mais favorável para manter de forma regular o abastecimento de águas de centros urbanos do Interior do que em relação a 2020. Apenas duas cidades vivenciam um quadro de criticidade: Monsenhor Tabosa e Pedra Branca. Outras nove devem manter as fontes atuais até o início da próxima quadra chuvosa: Acarape, Alto Santo, Aquiraz, Araripe, Campos Sales, Guaiuba, Icó, Mombaça e Tauá.
Há um ano, a relação de cidades em risco crítico de desabastecimento eram sete e incluía também, além das duas que permanecem nesta situação, Itatira, Jaguaruana, Russas, Pacoti e Salitre, além de Monsenhor Tabosa e Pedra branca. Os dados são do Grupo de Contingência da Seca do Governo do Estado.
Em Pedra Branca, no Sertão Central, o abastecimento é mantido com o reforço de distribuição do velho carro-pipa para unidades de abastecimento (chafarizes), onde a população recolhe água em baldes e latas.
No atual ciclo de seca que começou em 2012, Pedra Branca é uma das cidades que enfrenta um dos piores quadros de desabastecimento, ao lado de Monsenhor Tabosa. Nessas duas cidades, os açudes secaram e somente poços e caminhão pipa são alternativas para fazer a água chegar aos moradores.
A retirada de água de poços profundos a mais de 500 metros na Chapada do Araripe reforça o abastecimento de três cidades: Araripe, Campos Sales e Salitre, que também têm histórico de escassez de água no sistema de distribuição.
“Depois da operacionalização do poço PP5 melhorou muito e em Campos Sales o açude tem reserva até fevereiro do próximo ano”, pontuou o diretor de Operações para o Interior da Cagece, Hélder Cortez.
Avaliação do quadro hídrico
A cada quinze dias, o Grupo de Contingência da Seca se reúne para avaliar a situação hídrica, as fontes de abastecimento (poços e açudes) de cada cidade a partir de informações enviadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAAE).
Hélder Cortez explicou que “se buscam alternativas, perfuração de mais poços profundos e instalação de adutoras de montagem rápida e distribuição por meio e caminhão pipa para evitar colapso no abastecimento”.
Hélder Cortez prefere não falar sobre cidades que dependeriam da próxima quadra chuvosa (fevereiro a maio) – em 2022. “Temos um inverno pela frente, um sistema de La Niña que é favorável, então vamos aguardar como serão as chuvas no próximo ano porque o cenário futuro pode ser outro totalmente diferente do atual”.
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Situação nos municípios
A cidade de Jaguaretama enfrenta um problema operacional uma vez que a adutora de montagem rápida apresenta problemas estruturais em decorrência do tempo de uso, mas a Cagece já efetuou a troca de 10 km de rede tubular de um total de 16 km.
Em Choró, o açude Tomaz Pompeu apresenta alto teor de salinidade, porque há vários anos não transborda e o sistema local de abastecimento enfrenta problemas estruturais.
Já o abastecimento de Alcântaras, na região Norte, encontrou suporte a partir da implantação de uma adutora emergencial de 14 km de extensão oriunda da cidade de Meruoca.
No Baixo Jaguaribe, Russas enfrentava crise de abastecimento até o início deste ano, mas a perfuração de uma bateria de poços minorou a situação e regularizou a distribuição de águas para os moradores.
“A cada ano, a cada quadra chuvosa o cenário muda no interior cearense”, observa o secretário Executivo da Secretaria de Recursos Hídricos, Aderilo Alcântara.
Há açudes que estavam secando e recebem recarga significativa, ampliando o tempo de fornecimento de água, e em outros ocorrem o contrário, por isso temos uma dependência enorme das chuvas, que não são regulares e nem têm intensidade pluviométrica igual em cada região”
Alcântara pontuou que duas chuvas de pluviometria elevada podem mudar um quadro local. “Isso é uma realidade que costuma ocorrer, por isso precisamos avaliar periodicamente a situação em cada cidade, aguardar a cada ano a ocorrência das precipitações e o comportamento das bacias hidráulicas, mas o compromisso do governo é manter o abastecimento e buscar alternativas”.
Nível dos açudes
Atualmente, o Ceará acumula volume médio de 23,5% nos 155 açudes monitorados pela Cogerh. Há um açude sangrando, atualmente, o Caldeirões, em Saboeiro, por causa da transferência de água do açude Arneiroz II, em Tauá, por meio do leito do rio Jaguaribe.
O açude Germinal está com volume acima de 90%, em Palmácia e outros 67 reservatórios têm volume abaixo de 30%.
As três bacias hidrográficas em situação mais crítica são Banabuiú (7,6%), Médio Jaguaribe (9,9%) e Curu (14,6%). Já as três com mais volume acumulado são Coreaú (73,4%), Litoral (65,5%) e Acaraú (65,1%).