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Vereadores que miram vaga de deputado em 2022 apostam em disputa sem coligações

CCJ no Senado Federal votou nesta quarta (22) reforma eleitoral sem o retorno do antigo sistema para eleições proporcionais; PEC vai a plenário

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Plenário da Câmara de Fortaleza
Legenda: Pelo menos 13 vereadores de Fortaleza articulam candidaturas à Assembleia Legislativa ou à Câmara dos Deputados
Foto: Érika Fonseca/CMFor

Vereadores de Fortaleza que pretendem disputar vagas de deputado federal ou estadual nas eleições de 2022, avaliam que a reforma eleitoral sem a volta das coligações proporcionais, aprovada nesta quarta-feira (22) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, não deve atrapalhar as estratégias políticas do próximo ano. 

Os parlamentares que já foram eleitos sem coligações no ano passado dizem preferir que a regra atual seja mantida nas eleições proporcionais, ou seja, para os cargos de vereador e deputado. Alguns avaliam ainda que tratar do assunto no Congresso Nacional após menos de um ano de implementação da proibição das coligações pode confundir o eleitor.

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Até o pleito de 2018, a construção de coligações tornava possível a união de siglas partidárias, muitas vezes de ideologias diferentes, em um único bloco para a disputa de vagas nas assembleias legislativas e na Câmara dos Deputados.

Coligações

Levantamento feito pelo Diário do Nordeste ainda em julho mostra que pelo menos 13 vereadores - 30% da composição da Câmara de Fortaleza - conversam com os respectivos partidos e articulam nos bastidores candidaturas à Assembleia Legislativa ou à Câmara dos Deputados em 2022.

Em agosto, a Câmara aprovou a volta das coligações proporcionais para o ano que vem. Na CCJ do Senado, o tema chegou por meio da mesma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que foi aprovada na comissão. O ponto que trata sobre as coligações, porém, foi rejeitado no texto.

A expectativa é que o entendimento seja mantido no plenário do Senado. Por ser uma alteração na Constituição, a proposta precisa ser aprovada em dois turnos por, pelo menos, 49 senadores. A relatória da matéria na CCJ é da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

presidente da Câmara, Antônio Henrique
Legenda: Presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT) deverá concorrer a um cargo na Assembleia Legislativa
Foto: Kid Junior

Repercussão na Câmara

Pré-candidato a um assento na Assembleia Legislativa do Ceará, o presidente da Câmara de Fortaleza, vereador Antônio Henrique (PDT), avalia que não haverá dificuldades em manter o fim das coligações.

"Há uma valorização do partido, os partidos devem, sim, construir suas chapas para poder ter o número de parlamentares eleitos e a decisão que está sendo tomada em Brasília deve ser mantida tendo em vista que já ocorreu em 2020 e os vereadores já passaram por esse experiência", salienta o parlamentar, que preside pela segunda vez a Casa. 

A mesma avaliação é feita pelo líder da oposição, Márcio Martins (Pros). "É muito válido que a gente possa defender esse modelo de eleição mais justa. Nós, vereadores, fomos submetidos a esse modelo, votado por eles, e agora querem mudar novamente?", questiona o vereador. 

Márcio Martins na tribuna da Câmara
Legenda: Vereador Márcio Martins é líder da oposição na Câmara Municipal
Foto: Érika Fonseca/CMFor

Único parlamentar eleito pelo Podemos, Danilo Lopes diz que a estratégia do partido é eleger ao menos um deputado estadual e outro federal no Ceará no ano que vem. Admitindo a possibilidade de se candidatar, o parlamentar argumenta que o fim das coligações favorece partidos maiores, já consolidados. 

"A questão ideológica partidária vai ficar para determinados partidos, apenas. Principalmente partidos de esquerda ou partidos governistas, que conseguem atrair muito mais gente", complementa. 

Na tribuna da Câmara, o vereador Wellington Sabóia (PMB) defendeu que o fim das coligações proporcionais "fortalece os partidos,  fortalece a necessidade de quem trabalha com a legenda partidária fomentar novas lideranças". 

Líder do PDT na Casa, Júlio Brizzi também viu como positiva a posição da CCJ do Senado. "Acredito que a decisão é importante porque preserva uma regra que foi aprovada há poucos anos e acabou de ser implementada", disse o vereador. 

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