Legislativo Judiciário Executivo

Tabajaras defendem pertencimento ao Ceará em processo de litígio com o Piauí

Documento do século XVIII integra defesa cearense em processo que tramita no STF sobre disputa territorial entre os dois estados

Escrito por Redação ,
Carta régia de 1721 foi localizada no Arquivo Público do Ceará; à direita, registro da Escola Indígena da Aldeia Cajueiro, em Poranga
Legenda: Carta régia de 1721 foi localizada no Arquivo Público do Ceará; à direita, registro da Escola Indígena da Aldeia Cajueiro, em Poranga
Foto: Reprodução nota técnica; Governo do Ceará / Divulgação

Uma Carta Régia datada de 1721 e emitida por Dom João V, então Rei de Portugal, é um dos documentos usados pelo Ceará na defesa da manutenção de territórios no processo de litígio com o Piauí, que tramita no Supremo Tribunal Federal desde 2011.

Segundo a defesa cearense, o documento — que estabelece que toda a região da Serra da Ibiapaba seria destinada ao povo Tabajara e atestaria “identidade territorial e cultural dos habitantes com o território” — funciona como prova de um “sentimento de pertencimento secular”.

Veja também

Atualmente, duas aldeias indígenas reconhecidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) estão dentro da área de litígio entre Ceará e Piauí: Cajueiro, no município de Poranga, e Nazário, em Crateús. Nelas, vivem mais de 50 famílias dos povos Tabajara e Kalabaça.

Segundo Jorge Tabajara, secretário-executivo da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará, uma eventual mudança das terras em disputa para o Piauí poderia, inclusive, afetar o processo de reconhecimento do território indígena da Aldeia Cajueiro, já em trâmite.

Litígio

A tese de defesa que destaca a Carta Régia de mais de 300 anos compõe nota técnica divulgada pelo Grupo de Trabalho do Ceará, atuante na defesa do Estado no processo, no começo deste mês. A nota objetivou “realizar o mapeamento cartográfico do sopé ocidental” da Serra da Ibiapaba.

O processo da Ação Cível Originária nº 1831 tem a ministra Cármen Lúcia como relatora. O Ceará já apresentou análise técnica de documentos e mapas históricos na defesa da manutenção da posse dos territórios em disputa. 

13 municípios cearenses estão envolvidos no processo de litígio: Granja, Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Croatá, Ipueiras, Poranga, Ipaporanga e Crateús. Neles, de acordo com dados Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), residem 7070 pessoas indígenas.

Assuntos Relacionados