Qual o histórico do União Brasil na disputa pela Prefeitura de Fortaleza
O partido oficializa o ex-deputado federal Capitão Wagner como candidato neste sábado (3)
Estreante nas eleições municipais de Fortaleza, o União Brasil chega com nome tradicional para a disputa e com estrutura reforçada para realizar a campanha pela Prefeitura: o do ex-deputado federal Capitão Wagner, que comanda o partido no Ceará. Sua candidatura será oficializada neste sábado (3), em convenção no Colégio Tiradentes, no Centro.
O União Brasil foi homologado pela Justiça Eleitoral em 8 de fevereiro de 2022, após fusão entre o PSL e o DEM. A junção lhe garantiu, à época, o maior volume de representantes no Congresso e, consequentemente, de recursos eleitorais e de tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. No Ceará, o partido ganhou quatro deputados estaduais e quatro deputados federais de imediato – entre eles, o próprio Wagner.
Veja também
O período de amostragem da participação do União Brasil nas eleições ainda é curto, mas as movimentações nacionais e locais já indicam um cenário de alta complexidade. A legenda comanda três ministérios do Governo Lula e ocupa outros cargos estratégicos no segundo escalão da gestão federal, mas é forte adversária do PT no Ceará. Essa dinâmica é ainda mais latente em Fortaleza.
A própria decisão em tornar Capitão Wagner o primeiro presidente estadual da sigla, em 2022, definiu o rumo que seria tomado dali em diante, uma vez que ele é um dos principais nomes da oposição cearense.
No recém-criado partido, o ex-deputado se tornou unanimidade e encontrou solo para investir esforços na jornada ao Executivo. Em 2022, concorreu ao Governo do Estado e, em 2024, lançou-se candidato à Prefeitura de Fortaleza sem resistências internas. Esta, inclusive, é a sua terceira tentativa ao posto.
Em 2020, ainda pelo Pros, foi ao segundo turno contra José Sarto (PDT), mas saiu derrotado por uma pequena margem: apenas 43 mil votos, que equivaleram a três pontos percentuais de diferença. Em 2016, filiado ao PR, ele também passou para o segundo turno contra Roberto Cláudio (PDT) e também foi derrotado. Foram 40,81% dos votos contra 31,15%.
“Nesses quase 15 anos de vida política, o Wagner amadureceu muito, conquistou a confiança das pessoas por meio do seu trabalho e compromisso. [...] Agora, com a experiência em gestão no Poder Executivo proveniente do excelente trabalho que ele fez em Maracanaú, o Capitão Wagner se mostra o candidato mais completo”, comenta a deputada federal e presidente do diretório municipal, Dayany Bittencourt, esposa de Wagner. “Essa eleição será muito difícil, muito concorrida”, reforça a dirigente.
Capitão Wagner
Presidente do União Brasil no Ceará e pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner iniciou a vida política como vereador da Capital. Foi líder de votos na corrida à Câmara Municipal em 2012 e repetiu o feito nas eleições à Assembleia Legislativa do Ceará, em 2014, e à Câmara dos Deputados, em 2018.
Fora do Parlamento, ele assumiu o comando da Secretaria de Saúde de Maracanaú, município governado por seu correligionário Roberto Pessoa, entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2024.
Além das disputas pela Prefeitura de Fortaleza, Wagner concorreu ao cargo de governador em 2022, ficando em segundo lugar, com 31,72%. Elmano de Freitas (PT) foi quem venceu o embate, com 54,02% dos votos.
Veja também
Na sua trajetória, há também episódios polêmicos como o apoio a um motim da Polícia Militar no Ceará. No último pleito geral, em entrevista ao CETV 1ª edição, da TV Verdes Mares, ele afirmou que mudou o seu entendimento a respeito disso.
"A gente amadurece, mudei sim. É tanto que, no movimento de 2020, eu me posicionei contra. Eu participei da negociação e me posicionei contra. Aquele movimento não girou bem para ninguém e sou contra qualquer tipo de movimento nesse sentido", disse na ocasião.
Ele ainda destacou que o "Wagner de 2022" era diferente do da década anterior, quando esteve envolvido diretamente na articulação do motim da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Sobre a segunda paralisação, ocorrida em fevereiro de 2020, o deputado federal reafirmou que sua participação foi para tentar negociar.
"Eu vou completar 44 anos, estou muito mais maduro, muito mais experiente. O Wagner de 2012 é diferente do Wagner de 2022, que amadureceu e compreendeu uma série de questões. É lógico que, como governador, a gente tem que cumprir o que está previsto na lei. O que eu vou fazer é evitar que esse movimento aconteça", pontuou, à época.
Eleições em Fortaleza
Quanto à investida do União Brasil na Prefeitura de Fortaleza, a parceria na chapa majoritária deve ser anunciada na convenção deste sábado.
Segundo o coordenador de campanha do partido na Capital, o deputado federal Danilo Forte, a reta final de negociações contou com “experiência acumulada de como lidar e construir alianças”, tanto de sua parte, quanto de Capitão Wagner. Para as eleições deste ano, a legenda conta com representantes em todas as regiões da cidade, na figura dos seus pré-candidatos à Câmara Municipal
“O União Brasil tem uma vocação municipalista e sabe como fortalecer vínculo com os munícipes. [...] Tem força nacional que reflete importância, participa da gestão federal, o que dá tranquilidade para tocar projetos locais”, comenta Danilo Forte.
“Desde o tempo da Luizianne (Lins, do PT) para cá, o mesmo grupo político vem dirigir na cidade. Há um questionamento muito grande sobre a eficiência desse modelo de gestão. É um modelo que tem tido uma insuficiência muito grande na prestação do serviço”, disse o deputado, ainda, em coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (29).
O União Brasil é um partido forte, muito bem articulado e, principalmente, consolidado, não só em quantidade de filiações, mas em qualidade dos seus quadros. Basta ver essa seleção que montamos para compor a equipe que faz a elaboração do plano de governo do Capitão Wagner. Temos um time consistente, pessoas que realmente conhecem Fortaleza, que executam projetos e trabalhos com resultados comprovados para a população da capital.
Partido em disputa
Em 2022, antes mesmo de o registro ser aprovado pela Justiça Eleitoral, houve disputa com lideranças do bloco governista estadual pelo controle do União Brasil. Chiquinho Feitosa, hoje presidente do Republicanos Ceará, chegou a pleitear a posição. Se o empresário tivesse obtido êxito, possivelmente o partido estaria ao lado de partidos como o PT no Estado atualmente.
Wagner saiu na frente e articulou com o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, a sua indicação. Com o martelo batido, a sigla passou a reunir os principais nomes da oposição cearense, ainda que alguns parlamentares mantivessem boa relação com lideranças petistas.
Veja também
Recursos eleitorais
No último dia 15, a direção nacional do União Brasil baixou uma resolução discriminando o uso de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) pelos seus filiados.
Segundo o texto, 70% do valor total será aplicado em candidaturas de prefeito(a) e vice-prefeito(a), grupo do qual Capitão Wagner faz parte. O restante irá para candidatos às câmaras municipais.
O União Brasil terá R$ 536 milhões disponíveis para as eleições deste ano, e Fortaleza pode receber uma boa parcela disso por ser uma das cidades prioritárias para o partido. A resolução ainda abre a possibilidade de esses percentuais serem ajustados caso a caso, a “depender do desempenho eleitoral das candidaturas proporcionais e majoritárias”.