Legislativo Judiciário Executivo

Lula toma posse para terceiro mandato como presidente neste domingo (1°)

Presidente da República sobe a rampa do Palácio de mãos dadas com representantes da sociedade civil, incluindo a população negra, indígena, com deficiência.

Escrito por Luana Barros, Ingrid Campos ,

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse, neste domingo (1°), para o terceiro mandato como presidente da República. A cerimônia oficial começou por volta das 15 horas, com sessão solene no Congresso Nacional e, logo depois, Lula seguiu para o Palácio do Planalto, onde subiu a rampa para receber a faixa presidencial. 

Na ocasião, ao subir a rampa do Palácio, esteve de mãos dadas com representantes da sociedade civil, incluindo a população negra, indígena, com deficiência. Durante a execução do hino nacional, Lula não conteve as lágrimas e chorou ao receber a faixa presidencial.

Durante o rito da posse, houve diversos momentos de emoção do presidente. Em um deles, ocorreu durante fala ao povo brasileiro, no parlatório do Palácio do Planalto.

As interrupções emocionadas durante o discurso, ocorreu quando o chefe do Poder Executivo falava sobre as desigualdades sociais no Brasil.

"Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo", disse o petista.

As críticas foram além. "Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna".

Legenda: Presidente se emociona durante discurso no parlatório
Foto: AFP

Como foi a posse

Lula deixou o hotel por volta das 14h20 em direção ao Congresso Nacional, onde chegou por volta das 14h40. Ali, foi recedido pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para consolidar a posse. 

Na sede do Legislativo Nacional, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin (PSB) foram recepcionados por futuros ministros, parlamentares, membros do Judiciário, presidentes de estatais, entre outras figuras. 

No salão verde, Lula encontrou cearenses como o governador recém-empossado do Ceará, Elmano de Freitas (PT). O caminho até a Mesa do Plenário Ulisses Guimarães, o caminho foi demorado devido às saudações dos presentes e aos registros que tentavam fazer do presidente. 

O chefe do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, presidiu a cerimônia. De início, saudou os presentes e pediu 1 minuto de silêncio pelas mortes do jogador de futebol Pelé e o Papa Emérito Bento XVI, que aconteceram nesta semana. O hino nacional foi executado logo em seguida pela banda do Exército.

A adesão ao compromisso constitucional por Lula e Alckmin ocorreu após esse momento. O 1º secretário da Mesa, o deputado Luciano Bivar (União) foi quem guiou a assinatura do termo de posse de ambos.

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Lula o fez com uma caneta dada pelo senador eleito e ministro Wellington Dias (PT-PI) em 1989 para sua primeira posse como presidente. Em 2003, no seu primeiro mandato, o petista explicou que esqueceu a caneta e teve que assinar o termo com a de Ramez Tebet (MDB), então presidente do Congresso e pai de Simon Tebet (MDB). Mas, neste domingo, Lula lembrou do material e assumiu o compromisso com o presente dado pelo colega de partido.

Em seguida, leu o discurso de posse, destacando o compromisso com o combate à fome e agradecendo à frente política, à população e a boa conduta do Judiciário que possibilitaram a sua eleição.

Os desafios que tem pela frente, aponta Lula, são diversos. O presidente citou o diagnóstico recebido pela equipe de transição, que indicou um "cenário estarrecedor" da gestão pública anterior em várias áreas.

Nessa perspectiva, agradeceu à Câmara e ao Senado pela aprovação da PEC da Transição, que suspendeu o teto de gastos sobre programas como o Bolsa Família para atender, em caráter emergencial, famílias em situação de pobreza.

Ainda no âmbito de políticas concretas, Lula afirmou que vai revogar a ampliação do acesso às armas no Brasil, retomar as mais de 14 mil obras paralisadas em todo o País e estrturar um novo Programa para Aceleração do Crescimento (PAC).

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Em seguida, foi a vez de Pacheco discursar. O presidente da Casa Alta lembrou as gestões anteriores de Lula, quando o país passou por um momento de crescimento econômico e cuidado com questões sociais, apontou. Também destacou as qualidades do vice Alckmin, citando o fato de os agora parceiros de Executivo terem sido adversários em eleições anteriores.

Legenda: Lula e Geraldo Alckmin seguiram da Catedral de Brasília ao Congresso Nacional no tradicional Rolls-Royce presidencial, neste domingo (1º).
Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP

Após o término da cerimônia no plenário da Câmara, Lula, Alckmin e as suas esposas se dirigiram ao Palácio do Planalto para a subida da rampa e recebimento da faixa presidencial. A saída do Congresso, desta vez, não teve a salva de tiros de canhão. O novo governo optou por não fazê-lo para não causar transtorno a pessoas com deficiência e animais, que podem se incomodar com o barulho. 

Por volta de 16h45, o presidente chegou ao Planalto. Subiu a rampa com a cadela "Resistência", a sua esposa, Janja da Silva, o vice Alckmin e a esposa Lu Alckmin. Além deles, subiram "cidadãos que simbolizam a riqueza e a diversidade do povo brasileiro", como informou o cerimonial.

Biografia 

Lula nasceu em Garanhuns (PE) em 27 de outubro de 1945. Aos sete anos, migrou com a família para Santos (SP). Trabalhou em indústrias de metalurgia e foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Liderou greves na região do ABC Paulista durante a ditadura militar e, em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Lula foi deputado federal por São Paulo (1987-1991) e disputou a Presidência da República por três vezes (1989, 1994 e 1998) até ser eleito (2002) e reeleito (2006). É considerado o presidente com maior aprovação popular da história do país. Os mandatos do petista foram marcados por crescimento econômico e ascensão social de boa parte da população.

Lula também teve de lidar com acusações de irregularidades e corrupção nas duas primeiras gestões como presidente. Em abril de 2018, foi condenado por corrupção, preso e impedido de concorrer à Presidência da República com base na Lei da Ficha Limpa. Passou 580 dias em uma cela da Polícia Federal no Paraná. Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula, que recuperou os direitos políticos.

Lula foi casado com Maria de Lourdes da Silva e com Marisa Letícia Lula da Silva, tendo ficado viúvo dos dois casamentos. Pai de cinco filhos, atualmente é casado com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.

Com informações da Agência Senado 

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