Na Globo, Lula garante combate à corrupção e reforça importância de diálogo com o Congresso
Luiz Inácio Lula da Silva foi o terceiro candidato entrevistado da série do telejornal
O Jornal Nacional entrevistou, nesta quinta-feira (25), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 76 anos, dando sequência à série de entrevistas com candidatos ao Palácio do Planalto. Lula foi o terceiro candidato entrevistado e chegou aos estúdios da TV Globo ao lado da esposa, Rosângela da Silva, a Janja.
Os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos conduziram o momento ao vivo durante o JN.
A entrevista começou discutindo corrupção e a Lava-Jato, com o ex-presidente citando ações de combate a irregularidades criadas em seu governo. "Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram", afirmou, quando perguntado por Bonner e Renata se o PT reconhecia que houve corrupção na Petrobras.
O ex-presidente ainda criticou a operação Lava-Jato: "A Lava-Jato enveredou por um caminho político delicado. A Lava-Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política".
Lula garantiu que, se eleito, qualquer pessoa que cometa crimes será investigada e, caso seja culpada, haverá punição. "Vamos continuar criando mecanismos para investigar qualquer delito que aconteça na máquina pública brasileira", disse.
Diálogo
Na entrevista, Lula pontuou que o governo deve ser feito com diálogo e disse que quem ganhar as eleições terá de "conversar com o Congresso". O candidato do PT ainda comentou que o "Centrão não é um partido político".
"Nenhum presidente governa se não estabelecer relação com o Congresso. O Centrão não é um partido político. Até porque só tem partido político no Brasil: é o PT, o PCdoB, talvez o Psol, o PSB. Porque quase todos os outros partidos são cartoriais. São cooperativas de deputados que se juntam em determinadas circunstâncias", ponderou Lula.
Polarização
Ao ser perguntado sobre polarização política, com Renata Vasconcellos falando que a militância petista foi "diversas vezes" raivosas com a oposição, Lula afirmou que este antagonismo existe e é necessário, porém disse que não se pode confundir polarização com "incentivo ao ódio".
Ele pontuou ter adversários, mas nunca os tratou com "inimigos". "Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização era entre PT e PSDB".
"A gente era adversário, trocava farpa, mas se eu encontrava no restaurante não tinha vergonha de tomar uma cerveja com o FHC, Serra e Alckmin. A gente não se tratava como inimigo. A gente precisa vencer o fascismo da ultra direita", pontua. Geraldo Alckmin é candidato a vice na chapa de Lula.
Dilma Rousseff
Sobre Dilma Rousseff, Lula pontuou que ela teve "um primeiro mandato presidencial extraordinário", apesar de uma crise econômica latente. Mas, reconhece que ela cometeu "equívocos" econômicos, a exemplo de questão da gasolina.
"Dilma cometeu equívocos na questão da gasolina, ao fazer R$ 540 bilhões de desonerações em isenção fiscal. Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela. O Eduardo [Cunha], presidente da Câmara, e o Aécio [Neves] no Senado, que trabalharam o tempo inteiro para que ela não fizesse mudança", disse.
Ele não se prolongou sobre o governo Dilma, afirmando que a própria pediu que se ele fosse questionado "não respondesse e falasse para eles a convidarem ao jornal". Ele fez uma metáfora falando que na época dos mandatos era "rei morto" e não tinha como mandar em nada.
Escolha da PGR
Lula ainda destacou o respeito que tem ao Ministério Público. Quando questionado por que não revela se escolherá os indicados da listra tríplice ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), disse que quer deixar uma "pulguinha atrás da orelha". "Não quero definir agora o que eu vou fazer. Primeiro preciso ganhar as eleições".
O candidato ainda destacou que o "procurador tem que ser leal ao povo brasileiro". "Eu não quero amigo [na Procuradoria]. Quero pessoa séria, responsável, que fale em nome das instituições".
Economia
O jornalista William Bonner questionou como Lula pretende, se eleito, reequilibrar as contas públicas. O ex-presidente citou dados sobre a condução na economia durante os seus dois governos e afirmou que é necessário previsibilidade, credibilidade e estabilidade.
Bonner questionou Lula sobre a recessão e a "explosão" da inflação nos governos Dilma Rousseff e perguntou se ele pretende implantar a política econômica dos dois primeiros mandatos ou de sua sucessora. Foi quando o presidente reconheceu os erros de sua sucessora na economia.
Lula foi ainda duro com as palavras ao falar do orçamento secreto. Ele chamou o mecanismo de "excrescência" e de "escárnio".
"[O orçamento secreto] não é moeda de troca, isso é usurpação de poder. Acabou o presidencialismo. Bolsonaro é refém do Congresso, ele sequer cuida do orçamento. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da República", disse.
Sabatinas no JN
A série começou na segunda-feira (22), com o candidato Jair Bolsonaro (PL). Na terça-feira (23), foi a vez da entrevista de Ciro Gomes (PDT). Nesta quarta (24), não houve entrevista para garantir que todos os candidatos sejam entrevistados na mesma faixa de horário, já que o telejornal começou mais cedo e teve menor duração por causa do futebol.
Em 2002 e 2006, Luiz Inácio Lula da Silva participou da tradicional rodada de perguntas aos presidenciáveis do JN — na época, apresentado por William Bonner e Fátima Bernardes. Em 2006, o petista era presidente e tentava a reeleição.
Nesta sexta, os jornalistas entrevistam Simone Tebet (MDB).
Bolsonaro
Em entrevista ao telejornal, Jair Bolsonaro, presidente e candidato à reeleição, voltou a criticar as urnas, mas ressaltou que respeitará o resultado das eleições "se elas forem limpas".
Com farpas trocadas com William Bonner ao vivo, em dado momento, ao falar sobre ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem negou ter dirigido palavrões, o presidente frisou que "teremos eleições".
A informação de que Bolsonaro estaria no programa do Ratinho, no momento da sabatina de Lula no JN, foi desmentida pelo apresentador nesta quinta.
Ciro
O candidato Ciro Gomes (PDT) defendeu na entrevista ao JN que sua principal tarefa, se eleito, será "reconciliar o Brasil", em que "metade da população passa fome". E disse que buscará "celebrar uma nova cumplicidade com o povo brasileiro". "Quem quer que o povo brasileiro eleja eu vou negociar", frisou.
Ciro destacou, entre as propostas, plano de garantia de renda mínima de R$ 1000 em caráter permanente às famílias de baixa renda. E frisou que os recursos para a medida viriam de uma taxação de grandes fortunas.
Jornal Nacional
Pela ordem definida em sorteio no último dia 1º, o cronograma de entrevistas restantes é o seguinte:
- Quinta-feira (26): Lula
- Sexta-feira (27): Simone Tebet
Onde assistir?
A conversa com cada candidato é transmitida, ao vivo, pela TV Globo, pelo Globoplay e pelo g1. As íntegras de todas as entrevistas ficarão disponíveis no Globoplay.