Jean Wyllys critica Eduardo Leite, recém-assumido gay, por apoio a Bolsonaro
Ex-deputado criticou governador do Rio Grande do Sul por não ter se posicionado contra o então presidenciável por fake news sobre gays
O professor, ativista, campeão do BBB 5 e ex-deputado federal Jean Wyllys criticou, nesta sexta-feira (2), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, após o político gaúcho se declarar homossexual e já ter assumido voto no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018. A declaração do governador foi feita nessa quinta-feira (1º) no programa Conversa com Bial, da TV Globo.
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Versão de Jean Wyllys
Wyllys afirmou, por meio do Twitter, que Eduardo Leite teria tido "coragem" de se declarar gay caso tivesse se oposto a Bolsonaro quando o então presidenciável "disseminava mentiras como 'kit gay' e 'mamadeira de piroca'", as quais teriam objetivo de associar gays à pedofilia. "Naquele momento o governador era cúmplice", frisou o ex-deputado.
"Depois de anos no armário e apoio explícito a um racista homofóbico que se revelou um genocida; após o silêncio diante de todo horror vivido pela comunidade LGBTQ assumida nesse país, no mínimo devemos receber com alguma consciência crítica a saída do armário do governador", ressaltou Wyllys.
Apoio de Leite a Bolsonaro
Segundo o portal UOL, o governador concedeu, em julho de 2020, entrevista ao programa Roda Viva afirmando não se arrepender de ter votado em Bolsonaro.
Na ocasião, Leite disse achar que, "dadas aquelas circunstâncias, acho que seria muito ruim o retorno do PT ao poder depois de tudo que tinha acontecido".
Em outubro de 2018, o governador ainda publicou no Twitter que o voto em Bolsonaro não se deu "por conveniência", mas pelo que acreditava. "Temos algumas ressalvas com posições antigas que o Jair Bolsonaro tomou, mas entendo que é a melhor alternativa nesse momento", escreveu à época.
Jean Wyllys acrescentou que não ficará alegre com a declaração de Eduardo Leite sobre sua sexualidade caso o governador "não expressar por ATOS e novas palavras que se arrepende de ter apoiado alegre e explicitamente" o atual chefe do Executivo.
Eduardo Leite defende investigação
Conforme o UOL, ainda no talk show de Pedro Bial, o governador gaúcho defendeu uma rigorosa investigação sobre denúncias que podem levar à abertura de um processo de impeachment de Bolsonaro, uma vez que havia "fatores bastantes preocupantes com as novas denúncias da vacina".
"Não estou aqui defendendo pelo impeachment. O papel de defender o impeachment ou não cabe mais aos parlamentares", ressaltou. Deve ser apurado rigorosamente o que aconteceu e se houver fatos comprovados, precisa ser dada a sequência a um processo de impeachment se for o caso".
Crítica de Wyllys a falas de Leite sobre ser gay
Jean Wyllys também questionou qual seria o problema de ser um "gay governador", em menção a frase dita por Leite na entrevista. "O reposicionamento político feito (assumir-se agora e só agora) em função da força do movimento LGBTQ é bacana; mas essa subsequente “limpeza” da identidade em nome do suposto mérito individual é um equívoco", observou, classificando o ato do político gaúcho como "apenas bacana".
"Só quem não conhece a longa história da luta de nossa comunidade contra a homofobia da direita e da extrema-direita pode sair 'louvando' sem maiores cuidados e ressalvas o come outing de um governador de direita. O ato dele é APENAS BACANA e nada mais. E encerro por aqui".
Governadora lésbica não tem o mesmo destaque, diz Jean Wyllys
Nas redes sociais, Jean Wyllys também questionou o porquê da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que é lésbica e única mulher entre os chefes do executivo dos estados brasileiros, não ter tido a mesma repercussão que o caso de Eduardo Leite.
“Que destaque foi dado por essa mesma imprensa ao fato de Fátima Bezerra, governadora do RN e aliada desde sempre da comunidade LGBTQ, ser lésbica? Nenhum. Mas decidem fazer uma festa com o outing tardio do governador, feito sob medida num programa da TV Globo”.
Nas redes sociais, a governadora disse que, na sua vida pública ou privada, nunca existiram armários.
"Sempre demarquei minhas posições através da minha atuação política, sem jamais me omitir na luta contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia e qualquer outro tipo de opressão e de violência", disse.
Ela acrescentou que Eduardo fez um gesto importante e tem sua solidariedade por ataques que venha a sofrer em razão de sua declaração.
"Eu sei o que é a dor da discriminação e do preconceito", completou.
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