Deltan Dallagnol diz que 'não pensa duas vezes' antes de defender Bolsonaro contra Lula
No programa Roda Viva, o ex-procurador também comentou sobre a decisão do TSE que cassou o mandato dele
O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) declarou, nessa segunda-feira (29), que "não pensa duas vezes" antes de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em oposição ao atual mandatário do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o político afirmou que, apensar de não concordar com tudo que o antigo chefe de Estado diz, prefere apoiá-lo. Dallagnol é ex-coordenador da Operação Lava Jato, ação que resultou nos processos que levaram Lula à prisão, em 2018 - sentenças que foram anuladas em 2021, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Avaliando Lula, avaliando Bolsonaro, não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula."
ASSISTA À DECLARAÇÃO
Veja também
Em justificativa, o antigo procurador explicou que o atual presidente do Brasil "apoia ditadores" e citou o encontro entre ele e o mandatário da Venezuela, Nicolás Maduro, realizado na segunda-feira (28), em Brasília, argumentando que Bolsonaro não fez o mesmo.
Porém, durante o mandato, Bolsonaro chegou a se reunir com o príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, que é acusado de administrar um regime suspeito de violar direitos humanos. O governo brasileiro foi, inclusive, presenteado pela nação saudita com joias, que são alvos de investigações pela Polícia Federal.
Veja também
Durante a trajetória política, Bolsonaro também defendeu publicamente, em diversas ocasiões, o regime militar que instaurou uma ditadura no Brasil, chegando a enaltecer oficiais que atuaram em torturas de opositores no período.
Cassação foi 'vingança', diz político
Dallagnol foi eleito para a Câmara dos Deputados, em 2022, mas teve o mandato cassado neste mês, após uma decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro relator, Benedito Gonçalves, defendeu que o pedido de exoneração feito pelo político ao deixar o Ministério Público Federal “teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade”.
Na entrevista ao Roda Viva, ele disse que o julgamento foi uma forma de vingança do sistema, que agiu por "interesse".
Um ministro chega ao Tribunal Superior não só porque é indicado pelo presidente, mas porque é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. [...] Essas pessoas querem vingança, o sistema quer vingança."
O deputado federal cassado disse que a Corte criou uma inelegibilidade que "não está prevista em lei" e que recorrerá a ela, ao STF e a própria Casa legislativa.