Legislativo Judiciário Executivo

CPI volta a investigar possível interferência de associações militares em motim no Ceará

Segundo o presidente da comissão, Salmito Filho (PDT), os trabalhos devem terminar antes do período eleitoral

Escrito por Luana Severo, Felipe Azevedo ,
CPI das associações militares reunida na Assembleia Legislativa do Ceará.
Legenda: A CPI é presidida pelo deputado estadual Salmito (PDT).
Foto: Felipe Azevedo

A Assembleia Legislativa do Ceará retomou nesta terça-feira (15) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga associações militares. O grupo, formado por nove deputados, apura o financiamento das entidades e a possível interferência delas no motim de policiais militares que aconteceu em 2020, no Ceará.

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As investigações tiveram início no ano passado e foram interrompidas pelo último recesso parlamentar. Neste segundo momento, segundo o presidente da CPI, Samito Filho (PDT), serão ouvidas as pessoas vinculadas direta ou indiretamente ao caso.

O requerimento de autoria do deputado Marcos Sobreira (PDT) solicita o envio de convite para comparecimento dos policiais militares Tancredo Augusto Almeida Filho, Marcos Webster de Oliveira Barroso; Valdeymilson de Oliveira Mendes; e Ranielly dos Reis Souza, funcionária da Associação dos Profissionais de Segurança (APS).

Já o requerimento de autoria do deputado Elmano Freitas (PT) solicita o convite para comparecimento dos policiais militares Clayber Barbosa Araújo, Francisco David Silva Barbosa, e Elton Régis do Nascimento; e dos bombeiros militares Diego de Oliveira Gomes e Antonio César Madeiro Lessa.

Nos três primeiros meses da CPI, ano passado, somente uma pessoa tinha sido ouvida: o promotor de Justiça Militar Sebastião Brasilino de Freitas Filho, que falou sobre a legislação militar.

"O que nos interessa, agora, nessa segunda etapa, é ouvir depoimentos e cruzar as informações", disse o deputado estadual. Segundo ele, a comissão já tem informação suficiente, "em quantidade e qualidade", para comprovar ou não o envolvimento das associações no motim.

Em meio às especulações sobre o peso da CPI nas eleições deste ano, Salmito assegurou que a investigação deve acabar "muito antes" do período eleitoral — caso não haja uma nova onda da pandemia de Covid-19 — e que os fatos estão sendo analisados de forma cuidadosa e sigilosa para não servir de palanque político.  

Análise de documentos 


Na reunião desta terça (15), os deputados se debruçam sobre uma série de documentos solicitados pela Assembleia ainda no ano passado, como notas fiscais de compras feitas pelas associações, contratos, movimentações bancárias e folhas de pagamento de funcionários.

Estão envolvidas nas investigações associações vinculadas a agentes de segurança, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, além das esposas desses profissionais.

Além disso, há a expectativa da presença de convidados para prestação de esclarecimentos, conforme solicitação feita pelo deputado estadual Elmano Freitas (PT), relator da CPI.

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Tensões


A CPI das associações militares tem gerado tensões na Assembleia desde o início. Neste ano, que é eleitoral, a comissão deve provocar ainda mais embates entre os deputados e pode ditar os rumos do pleito no Estado.

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Na última quinta-feira (10), o governador Camilo Santana (PT) e o deputado federal Capitão Wagner (Pros), tradicionais adversários políticos, subiram o tom um contra o outro tendo o motim como pano de fundo.

Isso porque Wagner questionou o petista sobre as estratégias adotadas por ele na segurança pública do Estado e Camilo rebateu: "Qual é a sugestão dele (Wagner) para a segurança pública, sabe alguma? A única contribuição que ele deu foi fazer dois motins e prejudicar a segurança pública no Ceará".    

 

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