Casa Civil nega que governo avalie aumento do Bolsa Família após anúncio de Wellington Dias
Declaração gerou nova crise no Governo Federal

A Casa Civil negou a informação anunciada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI), de que o Governo Federal avalia aumentar o valor do Bolsa Família. A Pasta disse que não estuda e não discutirá o assunto.
Em entrevista ao portal Deutsche Welle, o ministro afirmou que tomaria "uma decisão dialogando com o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva)". "Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?", questionou ele, para, a seguir, dizer que mexer no valor do repasse "está na mesa". Dias afirmou que preparava um relatório para apresentar a Lula até março.
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À tarde, a Casa Civil divulgou nota desautorizando Dias, ao negar que exista estudo no governo sobre o tema. De acordo com a pasta, o assunto não está na pauta do governo e não será discutido. "A Casa Civil da Presidência da República informa que não existe estudo no governo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família."
A fala do ministro e a desautorização da Casa Civil aumentam uma lista de desencontros recentes envolvendo a inflação nos alimentos e a comunicação do Governo Federal.
O mercado financeiro também reagiu. A declaração e as informações sobre a possibilidade de o presidente dos EUA, Donald Trump, impor novo tarifaço aos países parceiros, sem especificar quais, fizeram o dólar fechar em alta de 0,52%, a R$ 5,79. Também impactado pelas notícias domésticas e do exterior, o índice Ibovespa, o principal da Bolsa brasileira, fechou em baixa, de 1,25%, aos 124.619,40 pontos.
'Ruído'
Ainda durante a tarde, integrantes da equipe econômica afirmaram ao Estadão/Broadcast que a declaração de Dias se tratava de "ruído".
Segundo os técnicos do ministério, além de não haver espaço orçamentário, a medida poderia piorar o cenário inflacionário. No Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) deste ano, ainda pendente de votação pelo Congresso, o governo reservou R$ 167,2 bilhões para o Bolsa Família.
O valor atual do Bolsa Família é de R$ 600, com a possibilidade de adicionais de R$ 150 por criança de até 6 anos, além de R$ 50 para gestantes, crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos.
Importações
No fim do mês passado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos para tentar frear as remarcações de preços no País - proposta recebida com críticas do setor do agronegócio e ceticismo de especialistas.
A alta de preço dos alimentos já pesa na popularidade de Lula, segundo pesquisa divulgada pela Genial/Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido o aumento nos preços da alimentação no último mês.
Na quinta-feira, 6, Lula falou em "processo educacional" para que os consumidores boicotassem os produtos caros.