Baú da política: em busca da 7ª filiação, relembre a saga partidária de Cid Gomes em 40 anos
O político está de saída do PDT após a crise instalada na sigla desde o ano passado
Ainda presidente do PDT Ceará, mas já considerando-se ex-pedetista, o senador Cid Gomes está em busca de um novo partido. O mandatário teve, na semana passada, encontros com lideranças de outras siglas para avaliar seu destino e dos mais de 60 aliados, entre prefeitos e deputados. Quando o grupo escolher a nova agremiação, o senador atingirá uma marca histórica: chegará à sua sétima filiação partidária.
Em média, cada filiação do político durou pouco mais de seis anos. A permanência mais longeva de Cid foi no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), quando ficou cerca de 10 anos, já a mais curta foi no Partido Republicano da Ordem Social (Pros), uma breve passagem de menos de um ano.
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Cid tem trajetória política semelhante à de seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Contudo, o racha interno no PDT, que colocou os dois em pé de guerra liderando alas opostas de correligionários, tem empurrado Cid para fora do partido, o fazendo empatar em número de filiações com Ciro. O ex-ministro está, atualmente, em sua sétima filiação, já que ele integrou os quadros do Partido Democrático Social (PDS) em 1982, quando foi eleito deputado estadual.
O senador começou a trajetória política logo depois. Em 1983, Cid seguiu o irmão rumo ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sigla que tinha um histórico de atuação no combate à ditadura militar.
1983 a 1990: PMDB
Em seu primeiro partido, o PMDB — hoje MDB —, Cid Gomes também estreou nas disputas eleitorais. O irmão de Ciro concorreu a vice-prefeito de Sobral em novembro de 1988. O então peemedebista compôs uma chapa com José Linhares Pontes, mas a dupla acabou derrotada para José Parente Prado.
1990 a 2000: PSDB
Na filiação mais longa, Cid concorreu novamente às eleições, mas agora pelo PSDB, liderado pelo então governador Tasso Jereissati (PSDB). Desta vez, o político de Sobral se saiu melhor e foi eleito deputado estadual. Na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), ele ainda foi escolhido como líder do grupo tucano e assumiu como primeiro-secretário da Mesa Diretora. Ainda no PSDB, Cid foi reeleito deputado, assumindo em seguida a Presidência da Casa. Em 1996, foi eleito prefeito de Sobral.
2000 a 2005: PPS
No ano 2000, o hoje senador fez uma nova mudança partidária. Ainda como prefeito de Sobral, ele foi reeleito pelo Partido Popular Socialista (PPS).
2005 a 2014: PSB
A quarta mudança partidária de Cid ocorreu em 2005, quando ele se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). À época, já fora da Prefeitura, ele ocupou o cargo de consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, nos Estados Unidos. No ano seguinte, o então socialista candidatou-se ao governo do Ceará, sendo eleito e reeleito em 2010.
2014 a 2015: Pros
Já no fim de seu mandato como governador, Cid desembarcou no Partido Republicano da Ordem Social (Pros) com um grupo de 500 aliados. Na sigla, ele foi indicado pela presidente da República à época, Dilma Rousseff (PT), para assumir o Ministério da Educação. O político ainda conseguiu indicar e eleger seu sucessor no Estado, o petista Camilo Santana, que, apesar de integrar outra sigla, integrava o grupo cidista no Estado.
2015 a 2023: PDT
Em agosto de 2015, junto com o irmão Ciro e com um grupo de centenas de filiados, Cid deixou o Pros e se filiou ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), em uma articulação de olho também no lançamento de Ciro como candidato à Presidência. No PDT, em 2018, Cid foi eleito senador pelo Ceará e conseguiu reeleger Roberto Cláudio (PDT) como prefeito de Fortaleza, além de José Sarto (PDT) para sucedê-lo no Executivo Municipal.
De saída do PDT
Desde o ano passado, no entanto, Cid vem enfrentando resistência dentro do PDT. Ainda na pré-campanha, ele foi contrariado ao defender a candidatura de Izolda Cela (sem partido) à reeleição para o Governo do Ceará. Após disputa interna, o diretório da sigla, sob influência de seu irmão Ciro Gomes, acabou lançando a candidatura de Roberto Cláudio.
O senador não participou do pleito estadual no ano passado. Segundo ele, foi uma escolha para não criar atrito com o irmão. Já neste ano, Cid tentou chegar ao comando do PDT Ceará e entrou de cabeça em uma queda de braço com o presidente nacional interino do Partido, o deputado federal André Figueiredo (PDT).
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A disputa ampliou o racha no partido e, mais que isso, na família Ferreira Gomes, inclusive com acusações públicas de Ciro contra Cid. O embate também chegou à Justiça, tanto que o senador segue no comando do PDT Ceará sob liminar judicial.
Em meio à crise e de olho nas eleições do próximo ano, o diretório estadual do PDT cearense concedeu, sob aval de Cid, mais de 20 cartas de anuências para parlamentares cearenses. Ainda neste mês, 43 prefeitos anunciaram que deixarão a sigla para seguir o senador rumo a sua sétima sigla.