Paulo Guedes volta a defender criação de tributo sobre pagamentos

Após a demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, Guedes retorna ao discurso de um novo imposto sobre operações financeiras. Tributarista avalia que novo encargo aumentaria carga tributária brasileira

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br
Legenda: Para Guedes, discussão sobre a reforma ficou tumultuada com propostas próprias do Congresso
Foto: Foto: Kid Júnior

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender, ontem (23), a ideia do imposto sobre pagamentos (que é comparado à antiga CPMF) menos de duas semanas após a demissão do então secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, que defendia publicamente a criação do tributo como forma de substituir ou reduzir outros impostos, principalmente sobre a folha de salários das empresas.

Segundo Fredy Albuquerque, membro da Comissão de Direito Tributário da Ordem dos Advogados do Estado do Ceará (OAB-CE), a criação de um novo imposto pode ser encarada como negativa, diante do cenário econômico do País. "Isso ainda é notícia de bastidor, mas, historicamente, no Brasil, toda criação de tributos gera um aumento na carga tributária. Enquanto o Governo não apresentar os números dessa proposta, a gente pressupõe que vai aumentar".

Polêmicas

Cintra foi exonerado após a divulgação de alíquotas que seriam propostas e consequente reação no Congresso. No episódio, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais descartar a ideia do novo imposto. "A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do presidente", afirmou há menos de duas semanas.

Segundo Guedes, a saída de Cintra pode possibilitar que se converse "com calma" sobre a ideia. "Antes que dê algum mau entendido, porque não é a CPMF, você tira logo o Cintra pra dizer que acabou logo esse assunto. Para todo mundo entender que não é CPMF. Todo mundo entendeu que não é? Agora vamos conversar com calma? Vamos", disse em entrevista à Jovem Pan.

Imposto regressivo

Questionado sobre como a operação do imposto circularia entre os consumidores, Albuquerque explica que esse tributo tem alíquotas desproporcionais com os diferentes tipos de renda. "Existe um grande gargalo nessa história. A regressividade desse tipo de imposto pode ser algo ruim para sociedade, porque quem ganha menos, paga mais. Exemplo: quem recebe um salário mínimo pagaria a mesma alíquota de quem possui renda maior, como quem tem um salário de R$ 5 mil. Proporcionalmente, é o tributo regressivo", afirma.

O ministro ressaltou ainda que o imposto arrecadaria R$ 150 bilhões ao ano e que ia permitir outras mudanças planejadas na reforma, como alíquotas mais baixas de Imposto de Renda, do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA, que seria criado a partir da fusão de outros impostos), além dos encargos trabalhistas. "Tudo isso seria possibilitado por esse novo imposto", disse. Segundo Albuquerque, caso haja desoneração da folha de pagamento das empresas, a iniciativa poderia ter um ponto positivo: o estímulo na geração de empregos.

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