Mercado da construção civil deve crescer no Ceará em 2025, avalia Sinduscon
Tendência é continuar com a boa movimentação de 2024; subsídios do Minha Casa, Minha Vida e do Entrada Moradia foram fundamentais para bons resultados

O setor da construção civil teve em 2024 o melhor ano dos últimos 8 anos. Mesmo sem ter fechado os números do ano passado, os resultados de janeiro até outubro já mostravam esse panorama. O crescimento foi de 25%, em relação a 2023 e as vendas atingiram os R$ 6,5 bilhões.
"Vivemos o melhor ano dos últimos 8 anos. Quando a construção civil vai bem, a economia vai bem, porque conseguimos percorrer muitas atividades econômicas".
Veja também
A fala é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, em entrevista no programa Conexão Verdinha, da Verdinha FM 92.5 e da TV Diário, na manhã desta sexta-feira (17).
"Saímos daquele momento de pandemia, depois tivemos um pouco do boom dos imóveis de altíssimo padrão e segunda moradia, mas 2023 e 2024 foi quando a classe média voltou a fazer o upgrade no seu imóvel ou a adquirir o seu primeiro".
Minha Casa, Minha Vida é destaque
Patriolino afirma que o novo Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2023, é um dos destaques para o bom resultado no ano passado.
"O programa, lançado pelo governo federal, ajudou bastante e ainda está com taxas fantásticas, a partir de TR (taxa referencial) mais 4% ao ano. Esse foi o segmento do nosso setor que mais vendeu".
Programa estadual incrementou vendas
O presidente do Sinduscon ressalta que os bons resultados também sofreram influência do Programa Entrada Moradia Ceará — iniciativa do governo estadual que subsidia, no valor de R$ 20 mil, a compra do primeiro imóvel. Uma das regras principais deste benefício é a renda familiar de até R$4,4 mil.
No meio de 2024, tivemos o incremento com o Entrada Moradia Ceará, projeto que apresentamos ao governador Elmano (de Freitas) e ele abraçou, fazendo com que viabilizasse diversas unidades, para as pessoas menos favorecidas".
Ele ainda explica que o mercado deste tipo de imóvel no Ceará precisava deste subterfúgio para poder alavancar as vendas. Havia recursos que estavam destinados ao estado do Ceará, como subsídio do Minha Casa Minha Vida, mas que não estavam sendo implementados, porque os potenciais compradores não tinham o valor para dar a entrada.
"Essas pessoas estavam ou estão pagando aluguel, em algum lugar, e com a ajuda do Entrada Moradia Ceará o mercado foi viabilizado e incrementou bastante".
>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias.
Classe média buscando o upgrade
Outro motivo que fez com que 2024 fosse o melhor ano da construção civil dos últimos 8 anos, foi o retorno das compras de imóveis residenciais pela classe média, iniciando ainda no final de 2023. Essa compra, segundo o Sinduscon, é do primeiro imóvel ou ainda um "upgrade" do que já tinha.
Patriolino também comenta sobre o aumento das vendas de segundas residências, nas áreas de praia, principalmente em Aquiraz, no região do Porto das Dunas e do Cumbuco (Caucaia), além do incremento no segmento de altíssimo padrão. "Temos uma concentração de renda grande e estas pessoas também estão buscando o upgrade para o seu imóvel".
O que esperar para 2025
Sobre as perspectivas para este ano de 2025, o presidente da entidade representativa da construção civil diz que a baixa taxa de desemprego e a condição de melhores salários para alguns grupos de pessoas, tem feito aumentar a busca por imóveis e esse movimento deve continuar este ano.
"Realmente, o único senão é a alta da Selic (taxa básica de juros da economia). Acreditamos que isso seja momentâneo e que o governo federal irá trabalhar para que a macroeconomia fique estável, porque as pessoas, quando vão comprar um imóvel, assumem compromissos de 25 a 30 anos. Então, continuamos acreditando que este será um ano muito bom. Não com o mesmo crescimento de 2024, mas que vamos continuar tendo crescimento em 2025 e que as pessoas irão continuar buscando o seu imóvel".
Demanda reprimida até para o aluguel
A demanda reprimida do setor da construção civil, entre a pandemia e 2023, fez com que o mercado ficasse, inclusive, com déficit de imóveis para aluguel. O motivo seria a parada de compras de imóveis para alugar, como investimento, o que teria levado a falta de oferta no mercado.
"Com isso, o aluguel aumentou bastante e, com isso, inviabilizou, inclusive, a compra e o sonho da casa própria", comenta Patriolino.
Sem saber precisar com dados, ele reforçou que o déficit habitacional ainda é grande no Ceará, mas que para 2025 o Governo do Estado já está trabalhando para viabilizar novamente o subsídio de até R$ 20 mil no Programa Entrada Moradia.
Como características, esses imóveis são das faixas 1 e 2 do Minha Casa Minha Vida e custam entre R$ 150 mil e R$160 mil. Em 2024, segundo dados do Estado, foram assinados 2 mil contratos junto à Caixa Econômica Federal e outras 1,5 mil propostas estão nas etapas prévias à assinatura.
"Esse é um programa muito bom, porque você consegue fazer uma política em que o governo, ao invés de ter que dar uma casa toda, ele ajuda a pessoa a realizar o sonho da casa própria, com essa entrada".
Nesses casos, quem vai comprar o imóvel acaba financiando pouco mais da metade do valor total, já que R$ 20 mil é subsídio estadual e até R$ 55 mil é subsídio federal, para imóveis até R$ 160 mil.
"É impressionante, até fizemos essa conta com a Casa Civil, porque esse dinheiro (R$ 20 mil de subsídio), acaba retornando como um todo, como ICMS. Ou seja, acaba alimentando toda a economia", reforça Patriolino.