Como o novo modelo do Imposto de Renda deve influenciar os investimentos
Segundo especialistas consultados pelo Sistema Verdes Mares, recursos poderão ser movimentados entre aplicações com mais fluidez. Mudanças devem beneficiar investidores menores
O novo modelo de taxação do Imposto de Renda (IR), proposto pelo Governo Federal, caso seja aprovado, deverá tornar a vida mais fácil para os investidores brasileiros. A perspectiva foi defendida por representantes do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) e do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef).
De acordo com Cláudio Gonçalves, diretor do Ibef, o processo deve ficar bem mais simples para os investidores por conta a unificação das alíquotas nos ativos de renda fixa. Atualmente, os investimentos seguem uma tabela regressiva de taxação.
Ou seja, quanto mais tempo os recursos permanecem aplicados, menor é taxa cobrada.
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VEJA A TABELA REGRESSIVA DE COBRANÇA DO IR SOBRE A RENDA FIXA:
- Entre 0 e 180 dias - 22,5%
- Entre 181 e 360 dias - 20%
- Entre 361 e 720 dias - 17,5%
- Acima de 721 dias - 15%
VEJA A TABELA ATUALIZADA DE COBRANÇA DO IR SOBRE A RENDA FIXA A PARTIR DA PROPOSTA:
- Entre 0 e 180 dias - 15%
- Entre 181 e 360 dias - 15%
- Entre 361 e 720 dias - 15%
- Acima de 721 dias - 15%
Eu vejo como positivo, porque unifica tudo em 15% e isso deixa o cenário melhor para o investidor que vai poder recuperar o dinheiro a qualquer momento", disse.
"Fica mais simples para o investidor já que a pessoa não precisa mais ficar calculando quanto tempo você precisa esperar para tirar com menos impostos. Vai dar muita liberdade para as pessoas", completou.
Fluidez e outros benefícios
Além disso, Vicente Ferrer, conselheiro do Corecon-CE, ponderou que o novo modelo beneficia diretamente os pequenos investidores, já que os impactos pela redução de alíquota pelo tempo era mais sentido para volumes maiores de recursos.
"Eu acho que (esse novo modelo) está certo. Vamos ficar com uma alíquota única. Para os pequenos investidores, é muito bom porque o modelo atual favorece muito mais os grandes investidores, quando é uma aplicação de longo prazo", disse.
E a tendência é buscarmos, no futuro, outras situações de modernização do sistema tributário brasileiro, que ainda é muito atrasado", completou.
Já Gonçalves pontuou que o novo modelo pode dar mais fluidez aos investimentos, fazendo com que seja mais comum os recursos serem remanejados a partir da análise do cenário econômico. Ele projetou que se houver melhoras na renda variável, os investidores podem tirar, sem prejuízos, os recursos da renda fixa e direcionar para a Bolsa de Valores, por exemplo.
"Eu acredito que o sistema financeiro não será impactado porque as pessoas devem tirar de uma renda fixa para a renda variável. As pessoas pegaram gosto e aprenderam a investir na bolsa, então esse investimento vai acabar indo para outros setores e mantendo os recursos no sistema financeiro", explicou.
Lucros e dividendos
Em relação às possíveis mudanças na cobrança de impostos sobre lucros e dividendos, os especialistas foram mais cautelosos.
"Com relação aos dividendos, eu acredito que seja um dos pontos mais polêmicos, que é um bloco focado na pessoa jurídica. Essa questão de tributação de dividendos, para o investidor não é legal, porque é uma conta nova que não estava no balanço das empresas", projetou Gonçalves.
É possível que tenhamos uma redução do lucro das empresas, e isso pode reduzir o interesse das pessoas em ações", completou.
Proposta em discussão
Ferrer, contudo, afirmou que ainda é preciso aguardar as discussões sobre o projeto no Congresso Nacional para haver uma previsão concreta de como o sistema financeiro pode ser afetado pelo novo modelo.
"São propostas, e elas são encaminhadas com um certo grau de dificuldade porque vão sofrer pressão de setores da economia para tentar uma situação mais vantajosa. A proposta, na totalidade, é muito positiva, porque precisamos ter uma tributação de lucros e dividendos, mas é preciso esperar", disse.