Novos pedidos de UTIs Covid na última semana foram apenas 3% abaixo da anterior no Ceará
Apesar da pressão assistencial continuar alta, o número de novos requerimentos foi o menor desde a primeira semana de março, quando houve o agravamento da segunda onda no Estado
Por mais que o Ceará atravesse um momento de redução de novos casos de Covid-19, a população cearense continua sendo infectada pelo vírus. Parte dela desenvolve quadros graves que necessitam de tratamento em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), mas a demanda por esses equipamentos permanece alta.
Na semana entre 10 e 16 de maio, o Ceará registrou 687 novos pedidos de leitos de UTI para pacientes com Covid. O número é somente 3% inferior às 708 solicitações registradas na semana imediatamente anterior, de 3 a 9 de maio.
Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e foram levantados pelo Diário do Nordeste na manhã desta quinta-feira (20). Atualmente, 188 pessoas permanecem à espera de UTIs, e outras 183, de leitos de enfermaria. Somente em Fortaleza, são demandadas 31 UTIs e 43 enfermarias.
A queda foi mínima, mas já representa o menor montante desde a primeira semana de março, que teve 587 pedidos. O Estado viveu um aumento expressivo ao longo daquele mês, chegando a 933 solicitações entre os dias 15 e 21. Em abril, a média semanal foi de 850, caindo para 772 no último período.
Os dados do IntegraSUS também mostram que a liberação de uso dos equipamentos, ou seja, a capacidade de atender aos pedidos, ainda não consegue acompanhar a alta demanda de infectados.
Na última semana, foram 344 concessões, o equivalente a 50% dos pedidos. Nas duas semanas anteriores de maio, a média foi de 53%. Nos períodos anteriores mais críticos, em março e abril, o percentual oscilou entre 38% e 47%.
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Demora na desocupação
Um dos motivos apontados pela Sesa, além do alto volume de infecções, é o maior tempo de permanência dos pacientes nos leitos por condições agravadas da doença. Em março, a Secretaria divulgou que as internações estavam até 73% mais longas em relação a maio de 2020, saltando de uma média de 7 para 12 dias.
Porém, segundo publicações de altas divulgadas pela própria Pasta, há pacientes que permaneceram 17, 18, 22, 27, 40… até 57 dias internados. Todo esse tempo impede a rotatividade dos leitos e o atendimento de novas demandas.
Luciano Pamplona, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que as novas variantes do vírus conseguem manter a infecção ativa por mais tempo, por isso “os períodos estão se arrastando”.
Por que as UTIs não esvaziam? Porque tem muita gente jovem, eles ocupam os leitos por muito mais tempo. Por isso não sentimos a diferença, e as unidades continuam lotadas. Às vezes leva dois, três meses para chegarem à alta”
O desfecho da doença também está relacionado diretamente à capacidade de resposta imunológica dos indivíduos e à idade dos pacientes. Entenda o motivo:
A Sesa confirma que o tempo prolongado de permanência hospitalar implica “na diminuição do giro de leitos hospitalares, na superlotação e na escassez de leitos para pacientes agudos que necessitam de cuidados intensivos, que geralmente se encontram nas emergências hospitalares e UPA”.
Por consequência, a falta de leitos de UTI para quem necessita incide na alta mortalidade por complicações da doença. A avaliação da Pasta está no edital de contratação de hotéis para apoio a pacientes Covid-19 no pós-internação, lançado em abril.
Segundo o Governo do Estado, a quantidade de leitos foi ampliada em 74%, passando de 2.951, em maio de 2020, para 5.146, neste mês. Há um ano, eram 911 UTIs extras para atendimento da Covid-19; agora, chegam a 1.337. O número de enfermarias também subiu de 2.040 para 3.809.