Duas regiões de saúde do Estado estão com ocupação de leitos de UTI acima de 95%

Para especialistas, o alto índice é considerado um termômetro da pandemia.

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: A taxa de ocupação dos leitos de UTI, no Ceará, é de 90,25%, segundo a Sesa
Foto: Raquel Oliveira

Apesar de a curva de transmissão da Covid-19 apresentar tendência de desaceleração em parte do Ceará, a ocupação dos leitos exclusivos para o atendimento aos pacientes infectados pelo vírus continua sendo um fator preocupante.

As regiões de Sobral e Sertão Central têm ocupação de UTIs acima dos 95%. A taxa média de todo o Estado é de 90,25%. Os dados foram extraídos às 11 horas do IntegraSus, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará. 

Sertão Central é a região com cenário mais delicado. Dos 76 leitos de UTI, 74 estão ocupados, o que confere taxa de ocupação de 97,36%. Quando observado os leitos de enfermaria, o cenário é mais confortável. São 195 vagas dentre as quais 147 estão preenchidas (75,38%).

A região de Sobral surge logo atrás, com 96,76% dos 134 leitos de UTI ocupados. Assim como no Sertão Central, também só restam duas vagas disponíveis. Já a ocupação da enfermaria na região é de 72,27%.

Cariri é terceira região com maior taxa de ocupação. Dos 83 leitos de UTI, 80 estão ocupados (93,46%). A taxa de ocupação para leitos de enfermaria é de 60,14% - a menor dentre todas as regiões do Estado.

A região de Saúde de Fortaleza, que aglutina 43 cidades e a Capital cearense, é a única cuja taxa de ocupação está abaixo dos 90%. Atualmente, para os leitos de UTI, a taxa é de 87,61% e de enfermaria é de 70,65%. 

Taxa de ocupação: 

  • Ceará (média geral): 90,25% UTI / 68,53% Enfermaria
  • Região de Fortaleza: 87,61% UTI / 70,65% Enfermaria
  • Região do Cariri: 93,46% UTI / 60,14% Enfermaria
  • Região de Sobral: 96,76% UTI / 72,27% Enfermaria
  • Região Sertão Central: 97,36% UTI / 75,38% Enfermaria

Veja também

Fila de espera

Diante da ainda alta demanda por leitos, sobretudo os de UTI, a fila de espera por vagas no Ceará  apresentou leve queda nas últimas semanas. Conforme o IntegraSus, 206 pacientes aguardam por vagas de UTI e 139 pessoas esperam leitos de enfermaria.

Nas últimas 24 horas, foram 78 nova solicitações por leitos de UTI em todo o Estado. O número é exatamente igual à média de solicitações diárias registradas neste ano de 2021. O dia com maior solicitação (158) foi em 15 de março e, o com menor pedido de transferência para UTI (9), foi em 10 de janeiro.

Já a média de solicitações diárias para leitos de enfermaria está em 123,1. De ontem, dia 14, para hoje (15), foram 120 novos pedidos, ou seja, levemente abaixo da média. O dia com maior número de solicitação (289) neste ano foi em 13 de abril e, o com o menor (24) foi no dia 1º de janeiro. 

Termômetro da pandemia 

A epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, alerta que essa alta taxa de ocupação é "um claro termômetro da pandemia". Ela avalia que, embora a curva aponte para tendência decrescente de infecções, o cenário ainda inspira "muito cuidado".

"Estamos presenciando um efeito sanfona. Os casos caem um pouco, as pessoas relaxam pensando que a pandemia está sob controle e logo em seguida a curva volta a subir. O vírus é de fácil transmissão", explica a especialista. 

Gurgel explica que, em se tratando de doenças com transmissão área, como é o caso da Covid-19, há chance do surgimento de novas ondas é possível quando a população ainda está vulnerável. "Não se pode relaxar. O percentual de pessoas vacinadas ainda é muito baixo. Um grande grupo de pessoas ainda está vulnerável. Sem a preocupação devida, a tendência é de que os casos voltem a crescer rapidamente".

A epidemiologista destaca ainda que a nova variante, responsável pela maioria dos casos deste ano, é mais contagiosa e mais agressiva, refletindo em um maior número de óbitos. Em Quixadá, principal cidade do Sertão Central, foram cinco mortes somente nas últimas 24 horas, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde.

A titular da Pasta, Benedita Oliveira, externa preocupação com o momento em que ela considera "ser o mais delicado desde o início da pandemia". Ela compartilha do mesmo pensamento da epidemiologista Caroline Gurgel ao considerar "que muitas pessoas, sobretudo os jovens, não estão levando a pandemia a sério. Não há o devido cuidado e adoção das recomendações sanitárias".

Veja também

Diante dos casos crescentes e ocupação dos leitos de UTI próximo do colapso, o Ministério Público do Ceará (MPCE) expediu ontem (13) recomendação para que o Município adote medidas mais restritivas de isolamento. Segundo Benedita, o Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) de Quixadá já se reuniu para traçar as novas determinações. 

"Os indicadores são avaliados periodicamente e, com o súbito aumento dos casos, estamos planejando medidas mais duras. Nos próximos dias deveremos emitir um novo decreto Há chance de lockdown", antecipou a secretária da Saúde.

Outra medida de combate à pandemia adotada pelo Município é a expansão de leitos. Nesta sexta-feira, será inaugurado o Hospital de Campanha de Quixadá, anexo à UPA. Serão dez leitos de enfermaria. "Qualquer ação que reforce o atendimento à população é importante, ainda mais neste cenário de alta demanda por hospitalização", finalizou Benedita. 

 

 

 

 

 

Assuntos Relacionados