Média diária de casos em investigação para Covid-19 sobe 87% em dezembro no Ceará
Comparativo dos meses de novembro e dezembro mostra crescimento dos exames para identificação do quadro infeccioso
“Será que estou com alergia, gripe ou coronavírus?” A busca pela resposta de muitos cearenses se reflete no aumento da média diária de casos em investigação para diagnóstico da Covid-19, que passou de 148.4, em novembro de 2021, para 278.29, em dezembro.
O crescimento representa aumento de 87.52% na análise de testes entre os dois meses no Estado. Os dados são da plataforma IntegraSUS da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) tabulados pelo Diário do Nordeste. Os números se referem aos testes feitos em unidades públicas e privadas de saúde.
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São 20.978 casos em investigação até esta quarta-feira (5) sendo 19.394 sem informação disponível quanto ao resultado.
Além disso, há 4 testes em análise no laboratório, 30 com resultado inconclusivo e 85 com teste rápido negativo. Outros 1.465 exames laboratoriais não foram encontrados nos sistemas oficiais.
Entre novembro e dezembro houve aumento na testagem: foram 45.661 exames em novembro e 54.347 no último mês de 2021.
Os números de casos em investigação também são afetados pelo apagão de dados nas plataformas do Ministério da Saúde, como informou a Sesa por meio de nota. Com isso, a atualização dos resultados, que é feito pelas prefeituras por meio do sistema do Governo Federal, foi prejudicada pela instabilidade na plataforma.
Os exames RT-PCR, disponibilizados para a população gratuitamente, são analisados pelo Laboratorio Central de Saúde Pública (Lacen) com resultado em até 48 horas, conforme a Sesa. O aumento pela procura e logística de transporte dos testes também afetam o tempo para o diagnósitico.
A ampliação da testagem de Covid-19 e de gripes também deve ser debatida na reunião do comitê estadual de enfrentamento à pandemia.
Testagem como estratégia de saúde
Monitorar o avanço da influenza e do coronavírus na população é um estratégia para garantir capacidade de atendimento ao público mais vulnerável, como frisa o médico infectologista Ivo Castelo Branco. “Fazer teste tem um gasto, mas a economia é muito maior do que não saber a realidade”, reflete.
Quanto mais saber a realidade na população consegue planejar estratégias para cuidar, prevenir e tomar decisões de saúde
O contexto da transmissão da variante da gripe H3N2 e da Ômicron, do coronavírus, evidencia a importância de se proteger, como alerta Ivo, também professor na Universidade Federal do Ceará (UFC)
“Essa é uma situação que a gente tem que começar a pensar na cidadania, nenhum governo controla a situação se a população também não aderir ao que está sendo feito”, ressalta.
Com as celebrações e a flexibilização observada no fim do último ano, mais casos são registrados, mas com atenuação dos sintomas entre as pessoas devidamente imunizadas para as doenças.
“O grande objetivo das vacinas é fazer com que as pessoas que se infectem não tenham formas graves da doença, o que está acontecendo, mas tem que ter a população como coadjuvante para conter a transmissão”, reforça.
Quando devo procurar atendimento por Covid-19?
Outro questionamento recorrente na população diz respeito ao momento adequado para buscar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento das síndromes gripais. O infectologista Ivo Castelo Branco cita sinais de alerta para a decisão:
- Cansaço
- Palpitações cardíacas ao fazer esforços mínimos
- Sensação de desmaio
Assim, o adequado deve ser buscar a testagem para identificação do causador da doença e manter o isolamento independentemente do vírus constatado.
“Sintoma gripal atualmente, primeira coisa, ficar em casa o tempo que puder. É importante fazer teste, mas estamos numa situação em que a quantidade de pessoas que você conhece com sintomas gripais é muito grande”, pondera o especialista.
Quem é diagnosticado com a Covid-19 em um contexto de imunização completa tende a não precisar de internamento em hospitais.
“Devemos cuidar para que as pessoas que realmente precisam de atendimento o tenham. Para quem já tomou a 2ª ou 3ª dose, a infecção tem sido mais branda, mas as pessoas que não tomaram vacina ou de forma incompleta estão precisando mais de hospitalização”.