Desaparecidos em lancha: proprietário da embarcação foi orientado a não fazer o trajeto pelo mar

O diretor de Pesca do Iate Clube do Rio, Anselmo Suhett, disse, porém, que Ricardo Kirts "insistia que seria uma viagem da vida dele"

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
o maestro
Legenda: Embarcação estava parada há dois anos em um hangar no Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/TV Globo

A lancha O Maestro, que faria uma viagem de três mil quilômetros do Rio a Fortaleza e desapareceu na cidade de origem no dia 29 de janeiro, estava parada há, pelo menos, dois anos. Sem navegar, a embarcação demandaria uma série de manutenções antes de partir, o que levou o diretor de Pesca do Iate Clube Jardim Guanabara a pedir que Ricardo Kirts, dono do transporte, não fizesse o trajeto pelo mar. 

>> Corpo é encontrado na área de buscas onde lancha com grupo de amigos desapareceu

"Nós tentamos convencê-lo de que seria muito mais seguro e até mesmo economicamente falando viável que ele contratasse um transporte por terra e fizesse as manutenções com calma na cidade dele", afirmou Anselmo Suhett de Almeida, em entrevista veiculada pelo Fantástico, da TV Globo, nesse domingo (7).

Contudo, o empresário Kirts foi adiando a sugestão de trocar equipamentos e fazer testes de mar, lamenta. "Mas, ele insistia que seria uma viagem da vida dele", complementou Anselmo. 

O transporte, de quase 12 metros de comprimento e dois motores, tinha capacidade para levar 12 passageiros e um tripulante. Segundo a reportagem da revista eletrônica, a documentação da lancha estava em dias. 

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Ajuda

Um comandante de uma outra embarcação que estava no Porto do Açu, Litoral Norte do Rio, recebeu um pedido de socorro pelo rádio na primeira hora do dia 30 de janeiro, horas depois do último contato dos tripulantes com os familiares. "A gente está dando máquina aqui, mas está entrando muita água e o motor vai parar", revelou, detalhando que os ventos marcavam 85km/h na ocasião.

De acordo com o relato do chefe da embarcação, que não teve o nome revelado, o último contato estabelecido pelos tripulantes informava a gravidade do problema. "A água já tinha tomado conta, o motor estava parado. Eu comecei a dar chamada geral a todas as embarcações, vamos fazer atenção, tem uma lancha afundando", alertou. 

Tripulantes

Estavam na viagem marítima Guilherme Ambrósio (comandante); Cláudio de Souza (operador de máquinas); Wilson dos Santos (pescador); Ricardo Kirts e Domingos de Souza, donos do transporte. 

Até agora, o 1º Comando Naval da Marinha do Brasil encontrou quatro corpos supostamente relacionados aos homens, faltando apenas um. Apenas o pescador Wilson dos Santos, de 57 anos, teve a identificação confirmada pela família. 

Em nota atualizada nesse domingo, a Marinha informou que 185 militares estão envolvidos nas buscas dos tripulantes. Os navios e aeronaves empregados já realizaram uma varredura de mais de 75.300 km, percorrendo uma faixa litorânea entre o Porto do Açu, em São João da Barra, e a Restinga da Marambaia.