"Sou linda desse jeitinho": advogada Vivi Almada compartilha mensagem de autoestima em redes sociais

Advogada busca transmitir imagem de autoconfiança, com beleza fora do padrão e vitiligo. Vivi Almada é mais uma mulher "Dona de Si"

Escrito por Jeritza Gurgel ,
Foto: LC Moreira

Viviane Férrer Almada Rodrigues, mais conhecida como Vivi Almada. Tem alma no sobrenome que significa mesmo é riqueza interior. É lá dentro dessa mulher de 45 anos, mãe do João Marcelo e do Zenilo, casada com o paraibano Tobias que mora a maior sabedoria de vida: o amor próprio. 

A advogada mantém sua corporeidade: corpo e mente andam juntos e isso significa que é uma pessoa com autonomia e explora bem a capacidade para criar espaços seguros e compreender mais sobre as suas decisões. 

É como dona de si e da sua história que Vivi Almada conta a SiSi como desconstrói padrões de beleza e ressignifica a vida, mesmo que apareçam algumas surpresinhas  no caminho! 

Vivi, conta como foi conviver na 1ª fase da tua vida numa casa repleta de mulheres. 

Sou uma pessoa extremamente feliz por ter nascido em uma família com muitas de mulheres. Somos quatro irmãs de idades muito próximas. Tivemos uma infância e uma adolescência cercada de muito amor e com muitas amizades. Meus pais estavam muito presentes em todas as nossas fases e acompanhavam as nossas vidas (até nas mais rebeldes - risos). Tínhamos uma casa muito agitada. Lá era o ponto de encontro, o tal “ponto de apoio” das nossas amigas.  O sentimento de irmandade é muito latente em nossa vida. Realmente, nós nos apoiamos e sentimos quando uma não está bem. Fico até emocionada em falar de minhas irmãs e costumo dizer que somos uma família, no mínimo, diferente.   

Você tem 2 filhos e 1 marido que te amam. A vida é de princesa ou o tranco é grande?  

Temos uma família maravilhosa.  A união é perfeita!  Tenho um marido que, além de lindo, é muito companheiro e os nossos dois filhos são perfeitos e muito amados, mas a vida aqui é tranco grande! 

Foto: LC Moreira

Você é advogada, mas não exerce mais. Porque a opção de não seguir mais a carreira jurídica? 

Na verdade, hoje ainda exerço a advocacia só que mais na área administrativa municipal e, venho descobrindo-me "comunicadora" (se é que posso falar assim). Tenho paixão pela área jurídica, mas hoje estou realizada em ser vista como fonte de inspiração para algumas mulheres que se reconhecem na minha fala, porque não dizer, no meu estilo e no meu comportamento de aceitação do meu corpo.  

Atualmente, o que você faz, profissionalmente, que te deixa feliz? 

O que me deixa mais feliz, hoje, é conseguir, através da redes sociais, impactar mulheres que, por diversas questões, não se sintam bem com o próprio corpo e tenham várias lacunas comportamentais e psicológicas por conta da ausência de autoestima. Fico extremamente gratificada com tantas mensagens lindas que recebo relatando que o meu simples “bom dia”, a minha oratória cheia de esperança e positividade fazem com que pessoas sintam-se bem, mais confortáveis em fraquejar, em levantar-se, motivadas em dar a volta por cima e não esmorecer em tristeza. 

Isso faz com que aceite em expor minha vida nas redes sociais, porque sei que estou ajudando outras pessoas.  

Alguma vez você sentiu-se incomodada com o próprio corpo? 

Nunca! E falo sem pestanejar: nunca me incomodou.Desde muito cedo reconheci-me como sendo única!  Nunca tive problemas com amizades ou, até mesmo, com relacionamentos na adolescência.  Acho, na verdade, que como sempre fui muito dona de mim, muito sincera, muito verdadeira e muito autêntica, com um bom humor extraordinário, não passei por uma série de "problemas" ou "questões" com o corpo.  Mas, sei, também, que isso não é a realidade da maioria das mulheres que está acima do peso, porque muitas ainda sentem-se incomodadas e, até mesmo, envergonhadas. Sou linda desse jeitinho! 

Legenda: Vivi e os filhos
Foto: divulgação

Qual a sugestão que você daria para a mulher aceitar o seu corpo e ser feliz dentro dele? 

Aceite o seu corpo e o seu biotipo maior (isso é muito importante), porque faz com que realmente as pessoas que estão no mundo externo te olhem de forma diferente. A energia é canalizada para outras atribuições que você possui e o "shape" mais cheinho se torna aliado da sua personalidade!  

Você se sente desejada? 

Muito!  Isso é uma coisa muito importante.  O meu marido que me apoia muito, coloca-me sempre para cima e aceita-me como sou. Nunca quis incluir ou desejar que eu fosse de um "padrão" que não é meu. Muito companheiro e parceiro, dois requisitos fundamentais no relacionamento.  

Legenda: Com o marido Tobias: uma união de almas
Foto: divulgação

O que você faz para não exagerar? 

No peso: tenho um número máximo na balança. Quando chego nele é porque  o negócio está muito feio (risos). É como estou hoje, por conta da reclusão total e de outras situações da minha vida que não estão sendo cuidadas como deveriam.   

Na moda: uso bom senso! Sei que nem todas as roupas que estão 'na moda' ou são 'tendências' combinam com o meu perfil. Então, analiso dentro do meu estilo mais elegante aquilo que me cabe usar e fique mais adequado ao meu corpo! 

Você, em algum momento, sentiu-se constrangido ou incomodada por algum comentário infeliz? 

Já! Algumas vezes já ouvi a frase: "você tem um rosto tão lindo deveria emagrecer!" Sabe o que digo? 

- "Tu acha? Pois, eu me acho mais linda! Como sou maior, ocupo mais lugar no espaço e, por consequência, mais beleza para desfilar!” 

Você, outro dia, revelou ter vitiligo no rosto. Isso é um fator limitante ou traz algum desconforto?  

O meu vitiligo foi emocional. Há seis anos passei por uma questão muito difícil que foi o rompimento de uma relação conjugal, mesmo convicta das minhas atitudes e da certeza do rompimento. Todo esse estresse causou no meu corpo uma agressão psicológica que explodiu através do vitiligo. 

No início, assustei-me, porque o vitiligo surgiu no rosto, ou seja, a porta de entrada de nossa beleza! 

Procurei vários tratamentos e fiquei super apreensiva com receio dele pintar todo o meu corpo. Porém, depois da negação e do medo, passei para a fase de aceitação e comecei a agradecer a Deus por ser 'apenas' um vitiligo e que não era nada limitante na minha vida. 

Legenda: Vivi convive bem com o vitiligo
Foto: divulgação

O que você diria para as pessoas que estão com a autoestima baixa? 

Que o que é o importante nessa vida é acordar todos os dias e ser feliz! A vida é uma só para estarmos incomodados com características pessoais que não vão limitar nossa vida. Agradeça a Deus o dom da vida e tudo o que ele nos proporciona. É isso que vale a pena! 

Diante de tantas provações, o que te dá força para tocar a sua vida sempre tão sorridente? 

A própria vida! Amo a vida. Sou extremamente grata a Deus por ter me dado a oportunidade de viver e contemplar o mundo! 

Foto: LC Moreira

Quando foi que você resolveu virar a chave da sua vida e ser dona de si? 

Acho que já nasci com essa chave virada! Minhas irmãs e eu fomos criadas cheia de atitude para conquistarmos nosso espaço e isso fez muita diferença em nossas vidas.