Saiba o que são as COPs do clima e por que elas são importantes para o futuro do planeta
Nesta edição, o Brasil é o anfitrião do evento pela primeira vez.
Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil durante a realização da COP 30. Neste mês de novembro, representantes de cerca de 143 países participam do evento em Belém, no Pará. A abertura ocorreu nesta segunda-feira (10) e segue até dia 21.
A cúpula também deve apresentar três sessões temáticas, sobre:
- Florestas e oceanos;
- Transição energética;
- Debates acerca dos dez anos do Acordo de Paris, Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) e financiamento.
Para apresentar mais detalhes sobre as COPs do clima, o Diário do Nordeste entrevistou os especialistas Antônio Jeovah de Andrade Meireles* e Cleiton da Silva Silveira**.
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O que são e o que significam as COPs do clima?
A Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês) é um evento que envolve todos os países, visando discutir a evolução da crise climática. A COP do clima ocorre anualmente desde 1995, tendo a primeira realização em Berlim, na Alemanha.
Essa conferência busca garantir a adesão das Partes para assumir compromissos ambientais. Nas COPs do clima, segundo Jeovah, são analisadas questões como a implementação dos instrumentos jurídicos adotados pelas Partes para reafirmar os compromissos e combater as emissões de dióxido de carbono.
"A COP sobre mudanças climáticas pactua acordos, metas, financiamento, mecanismos e práticas entre países para minimizar os impactos das mudanças climáticas. Entre as proposições destacam-se negociações envolvendo a redução de gases do efeito estufa, medidas de mitigação e promoção de adaptação ao clima".
Para Jeovah, a COP na Amazônia é particularmente especial por ser realizada em um dos biomas regulador do clima global.
Como funciona a COP do clima?
Na COP do clima, as negociações entre envolvem aspectos políticos, custo financeiro e ambiental. Apesar da conversação da vida no planeta ser para um bem coletivo, muito países tem dificuldade de adotar metas ambiciosas.
As medidas normalmente implicam em mudanças nos padrões de vida da população, assim como em alteração na legislação ambiental e na matriz energética. Nos últimos anos, várias discussões têm sido pautadas, como a:
- Descarbonização da matriz energética.
- Troca de combustíveis fosseis por outros tipos de energia;
- Transição energética justa.
Justiça climática
Em meio aos eventos, destaca-se a necessidade de discussão sobre justiça climática. "Aqueles que menos poluem tendem a ser aqueles que possuem menos infraestrutura e estão mais expostos à crise climática", explicou Cleiton.
Por isso, é necessário negociar os impactos que os eventos climáticos extremos produzem em todos os setores da sociedade. As COPs buscam o comprometimento dos países, com um posicionamento firme para mudar a qualidade de vida no planeta.
Saiba quem pode participar da COP do clima
Os países signatários podem participar mediante seus representantes, que ficam responsáveis por participar e negociar.
Além disso, Cleiton detalhou que existem observadores, como ONGs, empresas e universidades, que podem acompanhar o evento. No entanto, não possuem direito a voto direto.
Quais são as COPs ambientais
Existem três COPs ambientais:
- COP das Mudanças Climáticas;
- COP da Biodiversidade;
- COP da Desertificação.
Na COP 21, realizada em 2015, foi realizado o Acordo de Paris, com o objetivo de manter o aquecimento global "muito abaixo de 2ºC", segundo Cleiton.
"O Acordo de Paris também define que as questões do acordo serão revisados a cada cinco anos, para direcionar o cumprimento da meta de temperatura e dar transparência às ações de cada país", acrescentou.
Entenda para que serve e quais são os principais objetivos da COP do clima
As COPs sobre Mudanças Climáticas estão historicamente relacionadas com a definição das metas para diminuir as emissões de CO2.
Jeovah destacou que, com a aceleração dos indicadores da crise climática, as conferências surgem como uma oportunidade para apresentar os relatórios globais sobre o clima e estipular novas metas.
No caso da COP 30, o tema central tem sido a "conferência de implementação de ações climáticas práticas". Assim, vai tratar de ações já analisadas e definidas, que devem ser aplicadas, como:
- Regeneração das florestas.
- Adesão de saneamento básico integral;
- Ações para reverter os lançamentos de efluentes contaminantes do solo, da água, biodiversidade e com ampla participação da população global.
Veja o histórico das COPs e os principais avanços para o meio ambiente
Dentre algumas COPs históricas, estão:
- COP 1: Realizada em Berlim, em 1995, estabeleceu o "Mandato de Berlim", com metas de redução de emissões dos gases de efeito estufa;
- COP 3: Realizada em Kyoto, em 1997, estabeleceu o "Protocolo de Kyoto", sendo o primeiro acordo legal para limitar as emissões dos países envolvidas;
- COP 21: Realizada em Paris, em 2015, estabeleceu o "Acordo de Paris", com um novo marco para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C.
Para Jeovah, os avanços para o meio ambiente estão relacionados com propostas que combatem efetivamente a velocidade acelerada os indicadores climáticos.
"Ações locais são as que devem ser mais evidenciadas, especialmente aquelas que estão relacionadas com a regeneração das florestas, gestão adequada e com a participação popular, dos territórios de produção agroecológica e combater o uso perdulário da água. E defender a lideranças das populações do campo, indígenas e comunidades tradicionais, normalmente criminalizados na defesa de seus territórios, diante das corporações transnacionais do monocultivo e da mineração".
Entenda qual a principal influência do clima na COP para o mundo
As COPs é uma das principais manifestações que buscam combater as mudanças climáticas. Seu impacto resulta em ações como:
- Redução de emissões de gases de efeito estufa;
- Aceleração de ações climáticas globais;
- Adaptação dos países às mudanças climáticas;
- Preservação de florestas e biodiversidade.
*Antônio Jeovah de Andrade Meireles, professor do Departamento de Geografia da UFC e dos programas de Pós-graduação em Geografia e em Desenvolvimento é Meio Ambiente. Pesquisador Sênior do CNPq.
**Cleiton da Silva Silveira, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, com doutorado em Engenharia Civil (Recursos Hídricos). É bolsista de produtividade CNpq, tendo experiência na área de clima e recursos hídricos.