Campanha arrecada doações para ONGs durante isolamento social

Ação acompanha 12 entidades solidárias cearenses que enfrentam dificuldades financeiras durante quarentena. A quantia arrecada com as doações será repartida igualmente entre as instituições cadastradas

Escrito por Redação ,
As entidades sentiram o peso da pandemia no orçamento. Na foto, voluntários do Instituto Beatriz e Lauro Fiúza distribuem cestas básicas para comunidades.
Legenda: As entidades sentiram o peso da pandemia no orçamento. Na foto, voluntários do Instituto Beatriz e Lauro Fiúza distribuem cestas básicas para comunidades.
Foto: Arquivo Pessoal/ Instituto Beatriz e Lauro Fiúza

Para oferecer mais suporte para entidades beneficentes, o Movimento Ceará ComVida organiza a campanha virtual Juntos pelas ONGs. O objetivo é chamar atenção para umas das linhas de frente da ajuda humanitária: as Organizações Não Governamentais (ONG). O mutirão atinge aquelas instituições com atuação solidária durante a pandemia, e que, devido ao isolamento social, enfrentam baixa arrecadação.

“Elas dependem desse dinheiro, dependem do poder público, que está focando na Covid-19. Então tem instituições que estão na linha de frente, distribuindo cesta básica e tem que ter profissional, EPIs, mas estão rodando com baixa arrecadação”, explica Socorro Cândido, uma das fundadoras da campanha. 

Por enquanto, o projeto está em etapa de arrecadação e beneficia 12 ONGs que oferecem algum tipo suporte para afetados pela Covid-19. Os interessado podem realizar as doações no site da campanha, em cearacomvida.org. Lá, ao clicar na aba "Faça a sua doação", o doador é encaminhado para um site de financiamento coletivo, onde pode oferecer qualquer quantia. 

O valor arrecadado será repartido igualmente entre as entidades cadastradas, que se comprometeram a uma prestação de contas quinzenal. “Nós prezamos pela transparência”, explica Socorro, “As entidades precisam dizer onde estão gastando, quanto estão aplicando. Isso facilita o acompanhamento das causas e o andamento do projeto”, acrescenta. 

Além de facilitar o recebimento de doações, a campanha virtual trouxe outro retorno. A empresa doadora, além de contribuir para a causa, receberá  como recompensa eventos organizados pelas entidades parceiras. “Quando a pandemia passar, quem doar um certo valor vai poder receber de recompensa uma apresentação artística. É uma forma da gente mostrar que não só recebe. A gente também oferta”. 

Operar em conjunto vem dado certo. A articulação alcançou até agora 11 mil pessoas, distribuídas em 18 comunidades na capital e na Região Metropolitana. Nessa primeira etapa o ComVida contempla somente as proximidades de Fortaleza, mas a organização estuda expandir o auxílio para instituições que atuam no interior do Estado.

Unir para ajudar

O ComVida surgiu no final de 2019, ainda sem formalidades. Até março, o grupo se reunia para discutir a situação do terceiro setor na Capital. Mas em abril deste ano, com o agravamento da pandemia no Estado, surgem o nome de ‘batismo’ e a missão do projeto: ajudar quem ajuda.  

As prevenções contra Covid-19 trouxe outro desdobramento. Algumas entidades, especializadas em receber pessoas do grupos de risco, viram a demanda por serviço aumentar. Socorro explica que a sobrecarga também tem razões financeiras. “Algumas casas de apoio tiveram que fechar porque não conseguiam se manter. Aí, esse fluxo de pessoas foi direcionado para as que ainda estavam abertas”, avalia.

É o caso da Associação Nossa Casa, uma das beneficiadas pelo ComVida. Localizada no bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza, A entidade hospeda 45 moradores do interior em tratamento oncológico na capital. Isso torna o processo mais confortável, já que diminui o trânsito do paciente. Geralmente, quem está sob tratamento permanece na residência durante a semana e retornam para a cidade de origem aos sábados. 

Mas a gestora da casa de apoio, Daniele Castelo Branco, viu a movimentação mudar durante a quarentena. “Para diminuir a possibilidade de contaminação, nós pedimos que eles ficassem a semana toda. Por isso estamos operando em capacidade máxima. Se antes, nós tínhamos quatro, cinco pessoas na casa, agora nós temos quase todas aqui”, conta.

Por isso, a ajuda oferecida pela campanha vem em boa hora. Apesar de continuarem recebendo doações de material de higiene, a Associação teve que lidar com o aumento dos gastos. “Temos mais despesas com a alimentação, com funcionários, que já estão trabalhando em regime de escala. Tá bem apertado”, confessa Daniele. Ter a instituição selecionada pela campanha trouxe alívio e a sensação de comunidade. “Quando a gente se junta acaba que a nossa voz é ampliada”, avalia.

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