Um sobrevoo sobre a Fortaleza de 298 anos

Chegamos ao aniversário de 298 anos de Fortaleza. Puxa! São quase trezentos anos

Legenda: Chegamos ao aniversário de 298 anos de Fortaleza. Puxa! São quase trezentos anos
Foto: Nilton Alves

Em aproximadamente três séculos, a cidade, a Capital, saiu da condição de pequeno vilarejo, pequena e inexpressiva Vila, para a quarta maior aglomeração urbana do Brasil, pelo menos em número de população. Fortaleza é tão grande que abraça as outras que estão no seu entorno. Ela extrapola seus limites e se encontra fortemente com Caucaia, Maracanaú e Itaitinga, Eusébio e Aquiraz. Inequivocamente, Fortaleza é a cidade mãe do Ceará.

Nunca fiz, mas tenho uma vontade imensa de um dia sobrevoar lentamente por Fortaleza. Usando um helicóptero, passar lentamente pelos seus principais centros, seus eixos de crescimento e observar a dinâmica do ir e vir dessa metrópole. 

Enquanto não concretizei o meu sonho, vista de cima, uso a cartografia e a imaginação para seguir numa viagem e redescobrir a aniversariante. 

Começo pelo Centro, talvez pela Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Lá de cima, vejo à minha esquerda, o paredão que cerca o mar, a Fortaleza da orla, dos prédios, a cidade que se abre ao turismo e ao lazer. Lá a cidade abraçou o mar. Ela se torna espetáculo.

Para o lado direito, eu olho também e vejo a praia, diferente, lógico. Nessa mirada, capto a paisagem da praia da Leste até o encontro com o Rio Ceará. São tantas casas, tanta gente. Habitação dos trabalhadores e das trabalhadoras que formam as maiores densidades registradas na cidade.

Legenda: Paisagem da Praia da Leste
Foto: Helene Santos

Sigo minha viagem em direção ao interior, passo pelo Centro e enxergo o vai e vem das lojas, dos ambulantes. Mesmo de cima, sinto o fluir na Praça da Catedral e da Praça do Ferreira. Quanta gente vivendo, tanta gente sobrevivendo! O Centro é sempre um mistério. Em cada esquina algo acontece e chama atenção do observador. 

Legenda: O Centro é sempre um mistério. Em cada esquina algo acontece e chama atenção do observador.
Foto: Fabiane de Paula

Não dá para frear. Sigo o roteiro.  Avisto o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, a Rodoviária, também identifico a amistoso bairro do Montese; do outro lado, registro os meandros do Rio Cocó. Sem desacelerar, passo rapidamente pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins, nosso principal portal para o mundo. Quanta coisa num único setor da cidade. Fortaleza é claro exemplo de espaço urbano completo e multifuncional

Agora a cidade se mostra em sua grandiosidade. A grande cidade periférica. A Fortaleza das várias centralidades e periferias. Num movimento arriscado de zig-zag, consigo comparar a grandiosidade das duas belas lagoas, a da Messejana e a da Parangaba. As manchas de água tão importantes para o passado da Villa, hoje estão rodeadas de tudo. Como a cidade cresceu! Lamentavelmente, não é dia de feira. 

Na continuidade do fluxo imaginativo, sobrevôo o bairro José Walter. Antes sozinho, agora próximo ao grande projeto habitacional do Cidade Jardim. Se nos anos 1970, o bairro conjunto ficava nos confins da cidade, agora é centro de serviços para uma dinâmica frente de expansão imobiliária entre a grande Messejana e o Grande Mondubim. 
Falando nele, das chácaras do Mondubim e da Maraponga, restam poucas pistas. É inacreditável como essas áreas se tornaram um importante eixo de crescimento residencial de serviços. Repito, a cidade pulsa, a cidade cresce. 

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Estou sem combustível e minha viagem tem que chegar ao fim. Não verei tudo. Contudo, faço questão de voltar e me impressionar com o grande Bom Jardim e com o Conjunto Ceará. As milhares de casas me fazem pensar na gente que sobrevive. Do povo da cidade que trabalha duro e que, de fato, a construiu. Passando por esse setor, lembro do que já, tantas vezes, discutimos em termos de problemas urbanos e não atendimento das necessidades básicas da vida numa metrópole. 

Nessa oportunidade, infelizmente, não consegui por outras zonas tão simbólicas como o Grande Mucuripe ou a orla da praia do Futuro. Da mesma forma, vou ficar devendo a passagem pelo Papicu. Quem sabe, minha próxima viagem não deva seguir os trilhos do VLT? Igualmente poderia ter seguido o eixo da Avenida Washington Soares e mirar a casa de José de Alencar. Lamento, dessa vez não deu. 

No fim das contas, mesmo com as limitações do meu roteiro, retorno satisfeito. Para mim, falar da cidade e lembrar dos seus quadrantes é o presente que ofereço à sua gente, nesse dia de comemoração. Se a cidade cresce, ela muda, o que não pode mudar é nosso desejo de torná-la melhor, tanto para quem vê lá de cima, como para quem vive aqui embaixo. 

Feliz aniversário, Fortaleza! Viva ao povo de Fortaleza! Pois esse é o verdadeiro patrimônio de uma cidade, a sua gente. 



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