Seita de Djidja Cardoso tinha rituais com drogas, nudez e denúncias de cárcere; entenda
Rituais teriam sido criados há pelo menos dois anos e seriam inspirados em livro com as "cartas de Cristo"
A morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, 32, revelou uma seita liderada pela mãe da empresária, Cleusimar Cardoso, e pelo irmão dela, Ademar. Segundo o UOL, um livro com as "cartas de Cristo", que promete trazer "iluminação ao mundo" e "capacitar a humanidade" para construir uma "nova consciência" nos próximos dois mil anos, pode ter sido uma das inspirações do trio, que é investigado por uso de drogas e abusos sexuais.
Chamada "Pai, Mãe, Vida", a seita foi criada há pelo menos dois anos, de acordo com o delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso. O livro usado por eles, intitulado "Cartas de Cristo: a consciência crística manifestada", prometia revelar a verdadeira natureza divina e ensinar a viver dignamente.
Conforme a Polícia, os rituais da seita da família Cardoso prometiam "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação" com o uso de cetamina, uma droga sintética de uso veterinário. Participavam desses rituais funcionários dos salões de beleza de Djidja, Cleusimar e Ademar, além de amigos dos três.
Três colaboradoras dos salões, inclusive, foram presas por suspeita de aliciamento de integrantes para o grupo.
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Como eram os rituais da seita?
Uma reportagem do 'Fantástico', da TV Globo, veiculada no último domingo (2), mostrou como os rituais aconteciam na casa da família Cardoso, em Manaus. Ademar assumia a figura de Jesus, Cleusimar, a de Maria, e Djidja, a de Maria Madalena.
Os induzidos a participar do momento tinham de tomar cetamina para "transcender" a outra dimensão. Segundo a Polícia, vulneráveis, as vítimas eram obrigadas a ficar nuas e não podiam tomar banho ou se alimentar.
Há vários relatos de pessoas que sofreram com cárcere privado, abusos sexuais e abortos. Pelo menos duas vítimas disseram à Polícia que foram mantidas por vários dias dentro da casa da família, sendo estupradas várias vezes por integrantes do grupo. Uma delas, inclusive, teria perdido o bebê que esperava.
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Investigações
O caso chegou ao conhecimento da Polícia cerca de 40 dias atrás, após uma denúncia de violência da ex-namorada de Ademar.
Depois disso, no dia 28 de maio, Djidja, que também era alvo de investigações por participação na história, morreu. A suspeita é de que ela tenha sofrido uma overdose de cetamina durante um dos rituais propostos pelos próprios parentes — a mãe e o irmão foram presos dois dias depois pelo crime.
Na casa da família Cardoso, a Polícia revelou que encontrou seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, documentos e computadores. Além disso, os investigadores disseram que o lugar tinha "cheiro de carne em estágio de putrefação".
A defesa de Cleusimar e Ademar alega que mãe e filho são "extremamente dependentes químicos", mas que não irá se pronunciar publicamente sobre o inquérito.