Justiça aceita denúncia do MP e torna réu sequestrador de ônibus da rodoviária do Rio
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) considerou, em uma decisão proferida na última quinta-feira (21), que Paulo Sérgio deve continuar preso
A Justiça do Rio de Janeiro tornou réu Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, autor de uma ação que manteve 16 passageiros reféns num ônibus no último dia 12 de março, na Rodoviária Novo Rio, localizada na região portuária da Capital fluminense. Durante o episódio, que durou cerca de três horas, duas pessoas ficaram feridas.
O suspeito foi alvo de uma denúncia do Ministério Público estadual, agora acatada pelo Poder Judiciário, por duas tentativas de homicídio e por sequestro/cárcere privado. Segundo noticiou o g1, o juiz Gustavo Gomes Kalil, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), considerou, em uma decisão proferida na última quinta-feira (21), que Paulo Sérgio deve continuar preso.
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"A prisão é, assim, necessária para garantir a vida e a oitiva segura das inúmeras vítimas em juízo, assegurando, assim, a instrução criminal. Lado outro, o réu não ostenta condições subjetivas favoráveis, pois é reincidente, tendo sido condenado, com trânsito em julgado em 2020 pelo grave crime de roubo. Dessa forma, a prisão é necessária para assegurar a ordem pública, evitando a reiteração delitiva", escreveu o magistrado.
Kalil ressaltou que o crime tem pouco tempo. Tal fato seria mais um ponto para manter a prisão do acusado. "Além disso, o fato é muito recente, praticado, em tese, no dia 12 do presente mês. Mas não é só. Cerca de 14 (quatorze) passageiros teriam sido privados da liberdade por ele, mediante cárcere privado, tendo sido impedidos de deixar o ônibus", disse.
Aos policiais, quando foi preso, Paulo Sérgio disse aos policiais que estava fugindo da cidade por estar sendo ameaçado por uma organização criminosa. De acordo com ele, achou que tinha sido descoberto ao embarcar no veículo e atirou após confundir um passageiro com um policial.
MP apontou 'motivo torpe'
Responsável pela acusação, a promotora Audrey Marjorie Alves de Paula Leocádio Castro destacou que os crimes foram praticados por "motivo torpe", já que o homem acreditou que as vítimas eram policiais à paisana e que tinham a intenção em prendê-lo.
"Os crimes foram cometidos mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, posto que os disparos de arma de fogo foram efetuados pelo denunciado no diminuto espaço do interior do ônibus, reduzindo a capacidade de defesa e de reação das vítimas", destacou.
Titular da 4ª DP, o delegado Mário Andrade afirmou que Paulo Sérgio contou trabalhar para o tráfico da favela da Muzema e teria ido até a Rocinha, no domingo (10), onde tinha dívidas com estabelecimentos comerciais.
Na ocasião, pelo que revelou informalmente, ele se desentendeu com um traficante local e o baleou. "O Paulo disse que, então, esse bandido atirou nele, errou. Ele revidou e acertou o traficante. A partir disso, ele foge da Rocinha e se esconde em hotéis da cidade", mencionou Andrade.
No dia em que houve o sequestro do ônibus, ele comprou uma passagem no guichê do terminal pouco antes das 14h e estava indo para Minas Gerais. Seu intuito era se abrigar na casa de familiares, após passar dois dias se escondendo em hotéis.