Aluna da USP que desviou R$ 1 milhão de festa volta à faculdade

Estudante, indiciada nove vezes pelo crime de apropriação indébita, retomou o estágio com as turmas de pós-graduação

Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, aluna da USP que confessou o desvio de quase R$ 1 milhão da comissão de formatura, voltou a frequentar a Faculdade de Medicina nesta semana. A estudante, indiciada nove vezes pelo crime de apropriação indébita, retomou o estágio com as turmas de pós-graduação e pretende também voltar às aulas de forma gradual. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Há cerca de duas semanas, alunos da instituição demonstraram revolta após o advogado Sérgio Stocco anunciar que ela retornaria à faculdade. Os estudantes chegaram a solicitar uma reunião com a diretora do curso.

De acordo com a defesa de Alicia, ela tomou a decisão de retomar apenas o estágio em conjunto com sua coordenadora e a direção da Faculdade de Medicina.

Ainda segundo Stocco, Alicia está se sentindo segura no ambiente acadêmico e não houve nenhum incidente com os demais estudantes.

Ela havia solicitado o trancamento à faculdade no último dia 24 de janeiro. A defesa de Muller alegou, à época, que a decisão se deu "em virtude do linchamento moral" que ela estaria sofrendo desde que o golpe foi descoberto. "Infelizmente, seus pares, quase médicos, agindo dessa forma ao invés de aguardar a polícia e o Judiciário", disse em nota.

GOLPE

A estudante foi indiciada nove vezes pelo crime de apropriação indébita, por desviar R$ 927 mil dos fundos arrecadados para uma festa de formatura do curso de Medicina da USP.

No início do mês, a Justiça negou um pedido de prisão preventiva feito pelas autoridades policiais locais contra a estudante. A decisão foi na esteira do Ministério Público, que entendeu se tratar de um crime de estelionato e não de apropriação indébita. A polícia deve, portanto, retomar o inquérito.

  • Apropriação indébita: quando alguém se apropria de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção;
  • Estelionato: quando alguém obtém para si ou para outro vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

DESVIO DE DINHEIRO

Em uma mensagem, enviada pela suspeita e compartilhada por um dos alunos nas redes sociais, ela afirmou ter sacado o dinheiro da conta da empresa responsável pelo evento e transferido a quantia para uma conta pessoal.

Logo em seguida, a estudante relata ter aplicado R$ 800 mil na Sentinel Bank, uma corretora de investimentos, que, supostamente, a teria enganado e ficado com o dinheiro. Os R$ 127 mil que sobraram, teriam sido utilizados pela suspeita para pagar advogados em uma tentativa de recuperar a quantia. 

A estudante de 25 anos teria tentado recuperar o valor perdido jogando na loteria. Investigações da Polícia Civil, inclusive, descobriram que ela chegou a ganhar os sorteios cinco vezes no ano passado, e realizava apostas caras.