Quantos dias dura o conclave? Sucessão papal já levou quase três anos para ser decidida

A eleição do papa mais longa da história ocorreu em 1268 e durou 2 anos, 9 meses e 2 dias. Isso levou à criação de regras que isolaram os cardeais para acelerar a escolha

Imagem da mão de cardeal repousando sobre um livro em um altar, representando o juramento dos cardeais para o início do Conclave.
Legenda: O conclave que vai eleger o sucessor do papa Francisco começa nesta quarta-feira (7), na Capela Sistina, na Cidade do Vaticano.
Foto: AFP PHOTO / VATICAN MEDIA

O conclave que vai eleger o sucessor do papa Francisco começa nesta quarta-feira (7), na Capela Sistina, na Cidade do Vaticano, e deve durar poucos dias, a exemplo das últimas edições, que não ultrapassaram cinco dias de deliberação.

Embora não haja uma previsão oficial da Santa Sé, há expectativa de que o processo seja breve, especialmente devido ao Jubileu em curso. No entanto, parte dos cardeais admite que o tempo pode se estender, diante da diversidade de origens e da necessidade de conhecer melhor os colegas antes de decidir o futuro da Igreja.

Durante o conclave, os cardeais eleitores ficam isolados e sem comunicação com o mundo exterior. Para um novo papa ser eleito, é necessário alcançar dois terços dos votos. Com 133 cardeais confirmados para o processo, o novo papa precisará de ao menos 89 votos.

A cerimônia litúrgica que marca o início do conclave, a missa "pro eligendo Pontifice", será celebrada às 10 horas (horário local). A reunião dos cardeais ocorre sob forte simbolismo espiritual: eles pedem orientação ao Espírito Santo para que a escolha ocorra conforme a vontade divina.

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Como funciona a votação

O sistema de votação prevê até quatro escrutínios por dia — dois pela manhã e dois à tarde. Caso nenhuma escolha se concretize até a 33ª ou 34ª votação, o processo entra em um segundo turno entre os dois mais votados. Ainda assim, permanece a exigência da maioria de dois terços.

Os votos são secretos, depositados em cédulas oficiais e incinerados após cada rodada. A fumaça preta indica que ainda não há decisão; a branca anuncia: Habemus Papam ("Temos um Papa", em latim).

Conclaves históricos: de poucos dias a quase três anos

Apesar da agilidade dos conclaves recentes — o de Bento XVI, em 2005, durou apenas dois dias — nem sempre foi assim. A eleição papal mais longa da história ocorreu após a morte do papa Clemente IV, em 1268, e durou 2 anos, 9 meses e 2 dias. A população chegou a trancar os cardeais no palácio dos papas, em Viterbo, e até remover o telhado do edifício. O eleito, Gregório X, estava na Terra Santa quando foi escolhido.

A experiência levou à criação formal do conclave, com regras para acelerar a escolha papal. A Constituição Ubi periculum, de 1274, estabeleceu o isolamento obrigatório dos eleitores — origem do termo “conclave”, que significa “com chave”.

Regras atuais

As normas que regem o conclave hoje foram instituídas pelo papa João Paulo II, em 1996, na constituição Universi Dominici Gregis, com alterações feitas por Bento XVI em 2013. Entre as exigências, está a realização obrigatória do conclave na Capela Sistina e o sigilo absoluto sobre tudo o que ocorre durante as sessões.

O atual Colégio dos Cardeais é o mais geograficamente diverso da história, com 133 cardeais de 71 países participando da votação. A maioria — 108 — foi nomeada pelo papa Francisco. A pluralidade geográfica e cultural pode tornar o processo mais longo, segundo alguns cardeais, mas também amplia a representatividade global da Igreja Católica.

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