Naufrágio de barco de refugiados na Grécia: veja o que se sabe até agora
Cerca de 700 migrantes estavam em embarcação, que seguia para a Itália
Mesmo com poucas esperanças de encontrar pessoas com vida, a operação de busca por vítimas do naufrágio do barco que naufragou na costa da Grécia continua mais de uma semana após a tragédia.
O barco de pesca Adriana, que partiu do Egito para a Europa com mais de 750 migrantes, naufragou na costa grega no último dia 14. O acidente da embarcação, que seguia em direção à Itália, gerou discussões sobre o papel das autoridades, com ponderações acerca do que a Guarda Costeira grega e o Ministério das Migrações poderiam ter realizado para evitar esta que é uma das tragédias mais mortais da história no Mediterrâneo Central.
Do total de pessoas na embarcação, apenas 104 foram resgatadas, sendo 47 sírios, 43 egípcios, 12 paquistaneses e dois palestinos. Todos eram homens. Conforme O Globo, pelo menos 80 corpos já foram encontrados.
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As condições em que os migrantes resgatados estão é questionada, já que eles tiveram a mobilidade e a comunicação limitados. O grupo está em um local de onde não pode sair e ficam em áreas perto de banheiros químicos. O El País questionou o porquê de os resgatados terem sido impostos a restrições similares às de um cárcere, mas não obteve resposta.
ONU pede investigação
Dois dias depois do naufrágio, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu investigação sobre o naufrágio.
Segundo a ONU, crianças e mulheres eram a maioria dos passageiros do barco.
Para Turk, a tragédia reforça a necessidade de investigação sobre casos envolvendo traficantes e contrabandistas de seres humanos. Ele também pediu que os países abram mais rotas de migração regular e aumentem a responsabilidade, assegurando formas seguras de desembarque das pessoas resgatadas no mar.
Governo do Paquistão reage
Mais de 300 paquistaneses morreram no naufrágio, segundo anunciado pelo presidente do Senado do Paquistão, Muhammad Sadiq Sanjrani, em comunicado divulgado no domingo (18), lamentando a tragédia.
O ministro paquistanês do Interior, Rana Sanaullah Khan, disse que a Agência Federal de Investigação do país iniciou uma ofensiva contra traficantes de pessoas, prendendo suspeitos importantes na cidade de Lahore, no leste, e em Karachi, capital da província de Sindh, no sul.
"Todas as pessoas envolvidas nesta tragédia serão levadas à Justiça", prometeu o ministro em comunicado, acrescentando que o governo de Sharif endurecerá ainda mais as leis existentes para incluir punições severas para os traficantes de pessoas. Até o começo da semana, as autoridades detiveram quase duas dúzias de suspeitos.
Naufrágios em rotas de migração
O naufrágio ocorreu a mais de 160 km da costa da Grécia, a sudeste da ilha de Gran Canaria, no arquipélago atlântico localizado em frente ao noroeste da África.
Desde o endurecimento dos controles no Mediterrâneo, a rota migratória até Canárias tem sido bastante utilizada. Os naufrágios são frequentes nessa travessia, particularmente perigosa pelas fortes correntes e o mal estado das embarcações.
Na última terça-feira (20), o corpo de uma mulher grávida foi resgatado perto das Ilhas Canárias de Lanzarote de um bote inflável no qual viajavam 53 migrantes subsaarianos.
Segundo um informe publicado pela ONG espanhola Caminando Fronteras, no final de 2022, mais de 11,2 mil migrantes morreram ou foram considerados desaparecidos desde 2018, em sua tentativa de alcançar as costas espanholas, um dos principais pontos de entrada dos migrantes irregulares na Europa.