Entenda o que são os delegados nos EUA e a participação deles nas eleições americanas

Eleições acontecem de forma indireta, o que permite que candidatos que vençam no voto popular ainda possam perder a disputa

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Local de votação nos Estados Unidos
Legenda: Os delegados são os responsáveis por eleger o presidente dos EUA
Foto: Leonardo Munoz/AFP

O sistema eleitoral dos Estados Unidos é bem diferente do brasileiro. E, dentre as principais peculiaridades, está o fato de a escolha para presidente ser indireta. Nesse formato, os grandes protagonistas são os delegados do Colégio Eleitoral.

Isso permite que candidatos que numericamente vençam no voto popular percam o pleito, como em 2016, quando Donald Trump derrotou Hillary Clinton com quase 3 milhões de votos a menos, e em 2000, após George W. Bush superar Al Gore com uma desvantagem de quase 500 mil votos.

Em ambos os casos, a vitória dos candidatos republicanos se deu porque eles superaram os 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para chegar à Casa Branca.

Como funciona?

O sistema remonta à Constituição de 1787, que estabeleceu as normas para as eleições presidenciais por sufrágio universal indireto em votação única.

Os "pais fundadores" o consideraram um meio-termo entre escolher o presidente por sufrágio universal direto ou pelo Congresso, que era considerado pouco democrático.

Ao longo das décadas, centenas de propostas de emenda foram apresentadas ao Congresso para modificar ou abolir o Colégio Eleitoral, mas nenhuma prosperou.

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Quem são os delegados? 

O sistema eleitoral norte-americano possui 538 delegados. A maioria é de congressistas, funcionários e ocupantes de cargos locais dos partidos, mas seus nomes não aparecem nas cédulas de votação e, na maioria, eles são desconhecidos da opinião pública.

Cada estado tem tantos delegados quanto congressistas na Câmara de Representantes (número determinado pela população) e no Senado (dois por estado).

A Califórnia, por exemplo, tem 54 e o Texas, 40. Vermont, Alasca, Wyoming e Delaware têm apenas três.

Em todos os estados, exceto em dois (Nebraska e Maine, que decidem por representação proporcional), o candidato mais votado leva todos os votos dos delegados.

Donald Trump obteve 306 votos dos delegados em novembro de 2016. Milhões de americanos pediram que o republicano fosse rejeitado, mas apenas dois delegados do Texas decidiram não votar nele. O magnata terminou com 304 votos no total.

Não era a primeira vez que algo assim ocorria. No total, cinco presidentes americanos perderam no voto popular, mas venceram as eleições. John Quincy Adams foi o primeiro, em 1824, contra Andrew Jackson.

As eleições de 2000 resultaram em um emaranhado na Flórida entre George W. Bush e o democrata Al Gore. Este último obteve mais votos dos eleitores no país, mas o republicano conseguiu 271 votos no Colégio Eleitoral.

Multa

Não há nada na Constituição que obrigue os delegados a votarem em um ou outro candidato. Alguns estados os obrigam a respeitar o voto popular, mas aqueles que se recusam, em geral, ficam sujeitos a apenas uma multa.

No entanto, a Suprema Corte decidiu, em julho de 2020, que os delegados "desleais" poderiam ser punidos se ignorassem a escolha dos cidadãos.

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