Coreia do Sul emite mandado de prisão para presidente Yoon Suk Yeol após acusação de insurreição

É a primeira vez na história do país que um chefe de Estado é alvo de uma ordem de detenção

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Diário do Nordeste/AFP producaodiario@svm.com.br
Foto do presidente da Coreia do Sul Yoon Suk Yeol
Legenda: Yoon foi acusado pela oposição de golpe militar
Foto: Handout / South Korean Presidential Office / AFP

Um tribunal sul-coreano emitiu uma ordem de prisão contra o presidente Yoon Suk Yeol, atualmente suspenso de suas funções após uma votação de impeachment no Parlamento. Divulgada nessa segunda-feira (30), a medida foi informado pelos responsáveis pela investigação acerca da declaração de lei marcial.

"As ordens de busca e prisão contra o presidente Yoon Suk Yeol [...] foram emitidas nesta manhã", afirmou em comunicado o órgão responsável pela investigação conjunta contra ele. "Não foi definido nenhum cronograma para os próximos procedimentos", acrescentou.

Essa é a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente no exercício do cargo, mesmo suspenso de suas funções, é alvo de uma ordem de prisão.

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Embora a Assembleia Nacional tenha aprovado o impeachment de Yoon em 14 de dezembro, a decisão ainda precisa ser ratificada pelo Tribunal Constitucional, que tem até meados de junho para tomar uma decisão final.

Crise política

O líder conservador também enfrenta acusações criminais por insurreição, um crime que, na Coreia do Sul, pode ser punido com prisão perpétua ou pena de morte.

Yoon mergulhou o país em uma grave crise política ao declarar, de forma surpreendente, uma lei marcial na noite de 3 de dezembro e enviar o exército à Assembleia Nacional para impor sua implementação.

No entanto, com milhares de manifestantes nas ruas, os deputados da oposição conseguiram entrar no plenário e usar sua maioria para votar contra a lei, obrigando o presidente a recuar.

Em um relatório de dez páginas ao qual a AFP teve acesso, os investigadores afirmam que Yoon autorizou os militares a dispararem, se necessário, para tomar a Assembleia Nacional durante a aplicação da lei marcial.

O advogado do presidente, Yoon Kab-keun, afirmou à AFP que este relatório é "um relato parcial que não corresponde nem às circunstâncias objetivas nem ao senso comum".

Incerteza sobre aplicação

O mandatário de 64 anos, que antes era um popular procurador na Coreia do Sul, ignorou até três convocações para ser interrogado sobre os acontecimentos, o que levou os investigadores a solicitar, na segunda-feira, uma ordem de prisão contra ele.

A ordem só foi aprovada 33 horas depois, o que, segundo a mídia local, é o tempo mais longo para esse procedimento, indicando que houve debate entre os magistrados responsáveis por analisar o caso.

Não está claro, contudo, se os investigadores e a polícia conseguirão executá-la. Até agora, o serviço de segurança de Yoon impediu, em três ocasiões, o acesso às dependências presidenciais.

Por enquanto, a polícia destacou efetivos adicionais nos arredores da residência de Yoon, no centro de Seul, onde, durante a noite, ocorreram confrontos entre apoiadores e críticos do presidente.

A mídia local avalia que é pouco provável que o presidente seja preso imediatamente e considera que os investigadores tentarão coordenar o procedimento com os serviços de segurança de Yoon.

Tecnicamente, qualquer pessoa que obstruir a execução desta ordem poderá ser presa.

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