Tarifas adicionais de Trump sobre China chegam a 145%, anuncia Casa Branca

Governo dos Estados Unidos publicou decreto detalhando novo valor nesta quinta-feira (10)

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(Atualizado às 16:21)
Colagem mostra perfil do presidente da China, Xi Jinping, olhando para perfil do presidente dos Estados Unidos, Trump, ilustrando guerra tarifas entre países
Legenda: Gigante asiático, presidido por Xi Jinping, é o principal alvo da guerra tarifária do republicano
Foto: ANDRES MARTINEZ CASARES, SAUL LOEB/POOL/AFP

O total das tarifas adicionais aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à China agora chega a 145%, esclareceu a Casa Branca em decreto publicado nesta quinta-feira (10).

No dia anterior, o governo americano já havia divulgado o aumento de 125% nas tarifas sobre produtos chineses. Neste novo comunicado, Washington esclareceu que o índice de quarta (9) se soma aos 20% em vigor desde o início de março, como parte do combate ao tráfico de fentanil.

Estas, por sua vez, se somam aos impostos que existiam antes de Trump retornar à Casa Branca em janeiro. O decreto também confirma a suspensão de algumas tarifas alfandegárias impostas a outros países.

Nessa quarta-feira, em um dia caótico para os mercados financeiros, Trump anunciou uma "pausa" de 90 dias na aplicação de novas tarifas para dezenas de países, mas elevou as taxas impostas à China.

Entenda disputa tarifária entre EUA e China

Qual é a estratégia de Trump?

O presidente republicano justificou o aumento das tarifas sobre a China citando a suposta "falta de respeito" de Pequim, que guiou todos os passos de Washington nesta guerra comercial.

Assim, as tarifas sobre produtos da segunda maior economia do mundo subirão para 145%, em comparação com os 104% impostos há poucos dias. O caso contrasta com a suspensão de 90 dias de sobretaxas concedidas a dezenas de países.

O gigante asiático é o principal alvo da guerra tarifária de Trump. Com a retaliação da China, as tarifas sobre seus produtos aumentaram drasticamente: 10, 20, 54, 104 aos 145% atuais.

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Reação da China

A China anunciou na terça-feira (8) que lutaria contra as tarifas dos EUA "até o fim" e respondeu a cada um dos ataques tarifários de Washington. As autoridades comunistas anunciaram tarifas de 34% sobre produtos americanos e as aumentaram para 84% depois que Washington elevou sua própria tarifa para 104%.

Nesta quinta-feira, a China implementou essas novas tarifas, embora ainda não tenha reagido ao último aumento de 125% decretado por Trump.

O governo chinês também iniciou um procedimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando "assédio" por parte do governo americano.

Além disso, o país asiático adotou medidas retaliatórias fora da esfera comercial, como aconselhar seus cidadãos a não viajarem aos Estados Unidos ou sancionar algumas empresas americanas. A China "sinalizou claramente" que não vai recuar, diz Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management, que não vê uma "solução rápida e fácil" para o conflito.

Quão vulnerável é a China?

As exportações chinesas para os Estados Unidos ultrapassaram 500 bilhões de dólares (mais de R$ 3 trilhões) no ano passado, representando 16,4% do total, segundo os serviços aduaneiros locais.

Ao mesmo tempo, Pequim importou 143,5 bilhões de dólares (R$ 869 bilhões) em produtos americanos no mesmo ano, segundo o escritório de representação comercial americano The Office of the U.S. Trade Representative (USTR).

Produtos agrícolas dominam as importações, segundo o conselho empresarial EUA-China, que também destaca a importância do petróleo e gás, produtos farmacêuticos e semicondutores.

A ira de Trump é alimentada pelo superávit comercial da China, que em 2024 foi de 295,4 bilhões de dólares (R$ 1,79 trilhão), segundo o Departamento de Comércio americano.

O gigante asiático não está disposto a equilibrar a balança, em parte porque as exportações agem como motor econômico diante do fraco consumo interno.

Uma piora na guerra comercial pode impactar a já modesta meta de crescimento de Pequim de "cerca de 5%" para 2025.

Impacto das tarifas de Trump

A guerra comercial pode reduzir o comércio de bens entre os dois países em "até 80%" e eliminar "quase 7%" do PIB mundial a longo prazo, alertou a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. Analistas preveem que o conflito reduzirá significativamente o crescimento econômico da China.

As exportações de eletrônicos, máquinas e roupas estarão entre as mais afetadas, segundo o Peterson Institute for International Economics, com sede em Washington. As tarifas também punirão os fabricantes e consumidores americanos ávidos por produtos chineses, alertaram analistas.

Apesar dos danos consideráveis em ambos os lados, parece "difícil ver qualquer um deles recuando nos próximos dias", disse Paul Ashworth, especialista da Capital Economics. "Eventualmente haverá negociações, mas uma retirada completa de todas as sobretaxas (...) parece improvável", previu.

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