Calor extremo e ciclones podem ser efeitos globais do El Niño nos próximos meses, apontam cientistas

Conheça seis efeitos climáticos que são indicados em alertas de cientistas pelo mundo

Escrito por Redação ,
Legenda: Oceanos recebem influência de fenômenos climáticos
Foto: Shutterstock

O fenômeno El Niño deve chegar nos próximos meses e o efeito deve ser o calor extremo, ciclones tropicais e ameaça aos recifes de corais. Os oceanos já atingem a temperatura mais alta já registada, conforme especialistas ouvidos pela CNN.

Esse alerta acontece porque as temperaturas do oceano aumentaram constantemente ainda com a influência da La Niña, que diminue as temperaturas e teve um forte controle sobre o Pacífico.

Já em janeiro foram notados recordes de calor dos últimos quatro anos. Em março, climatologistas registram que a temperatura global da superfície do mar alcançou um novo recorde.

Veja também

A La Niña e o El Niño são fenômenos naturais no Oceano Pacífico tropical. Enquanto o primeiro causa um ambiente mais frio, o segundo eleva as temperaturas. Os dois têm forte influência no clima global. Os últimos anos foram de atuação da La Niña, mas a mudança já é esperada para esse ano.

“No momento, a atmosfera e o oceano estão em sincronia e gritando ‘rápido desenvolvimento do El Niño’ nos próximos meses”, analisou Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Algumas modelagens indicam que o El Niño pode atingir superforça, mas outras sugerem que o fenômeno será mais moderado. Por isso, não há uma definição de como devem ser os próximo meses.

No entanto, essa elevação da temperatura junto com o aquecimento global causado pela humana pode ter um impacto severo em diversos países.

Elevação da temperatura

Os efeitos do El Niño podem resultar, de forma inédita, na elevação de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais de meados do século 19.

As análises cientificas mostram que o aumento de 1,5 grau pode causar inundações extremas, secas, incêndios florestais e escassez de alimentos podem aumentar drasticamente.

“Provavelmente teremos, em 2024, o ano mais quente já registrado no mundo”, afirmou Josef Ludescher, cientista sênior do Potsdam Institute for Climate Impact Research, à CNN. Até então, o ano mais quente foi 2016.

No Acordo Climático de Paris, os países limitaram o aquecimento global bem abaixo de 2 graus em comparação com as temperaturas pré-industriais.

Em 2022, a Europa teve o verão mais quente com temperaturas acima de 40 graus Celsius. O Paquistão e a Índia tiveram uma onda de calor em que algumas regiões marcaram mais de 49 graus Celsius.

Mais chuvas contra a seca no Oeste americano

Fortes chuvas e neve afetam a Califórnia, nos Estados Unidos, e isso pode ser intensificado com a chegada do El Niño. Nesta primavera, a região enfrenta potenciais ameaças de inundação após neve recorde na Sierra e chuvas torrenciais no resto do estado.

Com a chegada do El Niño, grande parte do estado provavelmente terá uma elevação de chuvas acima do normal e risco maior de inundações, deslizamentos de terra e erosão costeira.

Por um lado, isso pode ocasionar um “alívio significativo à seca” na bacia do rio Colorado, conforme Brad Rippey, meteorologista do Departamento de Agricultura dos EUA.

“Enquanto La Niña é historicamente um ‘criador de seca’ para os Estados Unidos continentais, o El Niño é um ‘quebra de seca’”, disse Rippey à CNN. “Embora a localização exata da seca, ou a falta dela, varie consideravelmente de evento para evento”, como ponderou.

Seca, calor e queimadas

Apesar de causar mais chuvas em alguns lugares, o El Niño também amplia secas, ondas de calor e incêndios florestais perigosos em outras partes do mundo.

A África do Sul e a Índia, por exemplo, podem ter seca e calor extremo, assim como nações próximas ao Pacífico Ocidental, incluindo Indonésia, Austrália e nações insulares do Pacífico, como Vanuatu e Fiji.

Para a Austrália, que ainda se reestabelece de extensas inundações, o El Niño provavelmente ocasionará um tempo muito mais seco e quente, especialmente nas áreas orientais do país.

Legenda: Queimadas podem se tornar mais frequentes
Foto: Shuttestock

As recentes inundações também aumentaram o receio de um novo período de incêndios florestais, já que o aumento do crescimento da vegetação pode fornecer combustível para incêndios à medida que o clima fica mais seco e quente.

Na Índia os impactos podem enfraquecer as monções que trazem as chuvas das quais ela depende para encher os aquíferos e cultivar.

A monção costuma ser mais impactado quando há uma mudança de um inverno La Niña para um verão El Niño, que provavelmente será o verão de 2023.

Ciclones mais fortes

O El Niño pode reduzir a atividade dos furacões no Atlântico, mas cria um efeito oposto no Pacífico. Nesse caso, as águas quentes podem alimentar tufões mais intensos.

“Os ciclones tropicais podem se formar mais a oeste na bacia e permanecer mais fortes por mais tempo, aumentando assim os impactos potenciais no Havaí”, explicou Jon Gottschalck, meteorologista-chefe de um centro de previsão climática.

Entre as consequências, “mais chances de desabamentos e impactos remotos, como mares mais fortes e de maior duração, chuvas fortes e muito mais”, como explicou o especialista.

Os modelos mostram águas muito quentes na costa do Peru, que causam chuvas fortes e inundações nos desertos. Com o El Niño se fortalecendo no final deste ano, o País pode correr um risco ainda maior de mais inundações.

Branqueamento dos corais

A água mais quente devido ao El Niño é uma ameaça para os recifes de corais. Quando elevada a temperatura, os corais expelem as algas que lhes atribuem cor e a maior parte de sua energia.

Isso causa o fenômeno chamado branqueamento que os expõe ao maior risco de fome e morte. Entre 2014 e 2017, houve um período catastrófico de branqueamento de corais nos principais recifes da Terra.

A Grande Barreira de Corais da Austrália viu quase 30% de seus corais morrerem em uma onda de calor marinha recorde em 2016 – que se seguiu a um El Niño muito forte que começou em 2015.

Legenda: Recife de corais são ameaçados pelo calor
Foto: Shutterstock

Derretimento de gelo na Antártida

Os níveis de gelo no continente caíram para mínimos recordes pela segunda vez em dois anos, no início deste ano. Isso leva a crer numa tendência de queda acentuada.

O El Niño pode ajudar a acelerar esse processo, conforme pesquisas recentes, que encontraram uma ligação entre a força e a frequência dos eventos do El Niño e a velocidade do derretimento do gelo antártico.

A Antártica é observada de perto porque possui uma quantidade considerável de água em seu gelo. Embora seja improvável que a camada de gelo da Antártica derreta completamente, ela contém água suficiente para elevar o nível do mar global em 70 metros.

Assuntos Relacionados