Mortes, templos afetados e riscos de novos abalos: que se sabe sobre os efeitos do terremoto em Mianmar e na Tailândia

Sismo de 7,7 graus na escala Richter também atingiu a China

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Redação producaodiario@svm.com.br
Na imagem vemos um prédio parcialmente destruído mas com populares procurando sobreviventes após o terremoto
Legenda: População de Mianmar procuram sobreviventes em meio aos escombros
Foto: Sai Aung Main /AFP

Com epicentro na cidade de Sagaing, região central de Mianmar, o terremoto que afetou a Ásia na sexta-feira (28), deixou um rastro de destruição. Segundo o último balanço divulgado pela junta militar que governa o país, o abalo resultou em cerca de 1.644 mortos, mas de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), o número deve passar dos 10 mil, e a reconstrução de Mianmar custará dezenas de bilhões de dólares. 

O governo de Mianmar decretou situação de emergência em ao menos 6 regiões, incluindo o epicentro em Sagaing, e a capital, Naipidau. Um novo alerta de terremoto foi dado para a antiga capital real, Mandalay - também em situação de emergência - pelo risco de novos abalos até domingo (30). Na Tailândia, ao menos 9 pessoas morreram, mas 78 seguem desaparecidas ou que estão ainda presas nos escombros.

Prédio completamente destruído após o terremoto
Legenda: Reconstrução de Mianmar deve custar dezenas de bilhões de dólares segundo organismos internacionais
Foto: STR / AFP

Segundo a agência de notícias Agence France-Presse (AFP), dezenas de pessoas se preparavam para dormir nas ruas de Mandalay, por medo de que os prédios afetados pelos tremores pudessem desabar. Os aeroportos internacionais de Naypyitaw e Mandalay estão paralisados, sendo que o saguão de um deles desabou, além de uma torre de controle. Para os que sobreviveram, restou procurar com as próprias mãos em meio aos escombros algum sobrevivente.

No relatório de danos, a junta militar disse que 670 mosteiros e 290 templos budistas foram atingidos, mas suprimiu que cerca de 50 mesquitas - existe uma minoria muçulmana em Mianmar - também foram afetadas, como 2.900 edifícios, 30 estradas e sete pontes também danificados pelo terremoto, segundo o Governo de Unidade Popular, que é oposição ao governo e formulou seu próprio relatório.

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Com danos ainda sendo calculados, a ajuda enviada por outras nações, como União Europeia, França, China e Coreia do Sul, por meio de organizações internacionais, deve atrasar, devido à destruição causada nas estradas, por exemplo. Em um movimento raro para os esforços de socorro, o governo pediu que "qualquer país, qualquer organização" ajudasse em meio ao desastre.

País em guerra civil

Desde 2021, o país sofre de uma violenta guerra civil após o Exército aplicar um golpe de estado contra o governo eleito, sob a acusação de haver fraude nas eleições. Em janeiro, a ONU diagnosticou que o país sofre de uma crise múltipla, o que compreende colapso econômico, conflito intensificado, riscos climáticos e pobreza crescente.

O epicentro do terremoto ocorreu numa região rebelde, e que vinha sendo palco de intensos conflitos entre militares e grupos armados que buscam a queda da junta miliar. Segundo a agência da ONU para refugiados, Acnur, mais de 4 milhões de pessoas tiveram de deixar as suas casas no país, com mais de 1,5 milhão de refugiados desde o início dos conflitos. 

Controlado pelo general sênior Min Aung Hlaing, que tem um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional, Mianmar, mesmo após o terremoto, tem registrado ataques aéreos nas regiões de emergência, além da restrição de acesso à internet. Para a ONU, os bombardeios são "completamente ultrajantes e inaceitáveis", além de serem classificados como crimes de guerra, contra a humanidade e seu próprio povo.

Missionária brasileira atuou em evacuação

Descrevendo o momento como desesperador, a missionária brasileira Hellen de Freitas, que trabalha em uma cidade que fica cerca de 8h da capital da Tailândia, Bangkok, ajudou na evacuação de uma unidade de ensino. "Eu estava tentando tirar o máximo de pessoas possíveis naquele momento", disse ela, que tinha ao menos 22 crianças sob sua responsabilidade. 

Segundo ela, as crianças começaram a colocar o sapato, a professora gritou: 'não coloque o sapato, sai correndo”, e que num primeiro momento não sentiu o terremoto. "Eu não estava sentindo nada. Alguns professores sentiram, mas eu acabei não sentindo nada", afirmou em entrevista à emissora EPTV, afiliada da TV Globo.

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