Ataque a barragem na Ucrânia deixou ao menos três mortos; Kiev e Moscou se culpam mutuamente
Em conversa com os líderes dos dois países, presidente da Turquia propôs comissão internacional para investigar o caso
O Governo da Ucrânia informou, nesta quinta-feira (8), que três pessoas morreram e outras sete estão desaparecidas após a ruptura da barragem da usina hidrelétrica de Kakhova na última terça-feira (6). O território onde fica localizada a estrutura está sob domínio russo.
Por enquanto, a culpa pela explosão que levou ao colapso da barragem continua sendo jogada de um lado para o outro por Kiev e Moscou – sem apresentar provas concretas, ambos os países afirmam que o responsável pelo rompimento é o inimigo.
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A disputa de narrativa chegou, inclusive, à contagem dos impactados pela destruição. Diferente do que disse a Ucrânia, o Governo da Rússia informou que foram cinco mortos devido ao rompimento da barragem.
Agências de notícias russas informaram que 14 mil casas foram inundadas e mais de 4,3 mil pessoas tiveram que sair da região. Kiev, por sua vez, diz que os números são maiores.
Investigação do rompimento
Em contato com os presidentes tanto da Rússia, Vladimir Putin, como da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, propôs que seja aberta uma comissão internacional para investigar o rompimento.
Segundo a emissora pública japonesa NHK, a comissão seria composta por especialistas da Ucrânia e Rússia, além daqueles indicados pela Organização das Nações Unidas e pela própria Turquia.
A Procuradoria-Geral da Ucrânia já havia declarado, na última quarta-feira, que está investigando a destruição da barragem como crime de guerra e possível "ecocídio", ou seja, uma destruição em larga escala do meio ambiente.
Também nesta quinta, Kiev relatou um bombardeio russo no centro da cidade de Kherson – um dos atingidos pela inundação após o rompimento da barragem. Segundo a AFP, a informação do governo ucraniano é nove pessoas ficaram feridas e que a promotoria regional também relatou, inicialmente, uma morte.
'Catástrofe ecológica'
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, caracterizou o colapso da barragem como uma "catástrofe ecológica" e disse ser "outra consequência devastadora da invasão russa à Ucrânia".
A declaração foi feita na terça-feira (6), em coletiva de imprensa em Nova York. Na ocasião, Guterres acrescentou que a ONU ainda não tinha "acesso a informações independentes sobre as circunstâncias que levaram à destruição".
No mesmo dia, o mais alto representante diplomático da União Europeia, Josep Borrell, responsabilizou a Rússia pelo rompimento da barragem. Ele disse que "os ataques da Rússia" contra a estrutura "atingiram um nível sem precedentes".
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seguiu caminho semelhante, caracterizando o episódio como "ultrajante".
Aliada da Rússia, a China, por sua vez, expressou preocupação com "o impacto humano, econômico e para o meio ambiente" da explosão.