Pectina: veja para que serve e benefícios da composição

Substância é um aliado poderoso na luta contra o colesterol alto e a diabetes

Escrito por Isabella Rifane* ,
Geleia, compotas, pedaços de frutas e pectina em pó em tábua de madeira
Legenda: Utilizada em geleias e compotas, pectina pode ser encontrada em frutas
Foto: Shutterstock

De iogurtes industrializados a geleias de frutas caseiras, a pectina está presente em grande parte dos produtos consumidos diariamente. O composto, extraído de frutos e hortaliças, é conhecido por conceder viscosidade e maciez aos alimentos. 

Além disso, a substância também integra o time das “fibras funcionais”, elementos que proporcionam benefícios à saúde humana. A pectina, por exemplo, ajuda a combater a diabetes e diminui o colesterol

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O Diário do Nordeste conversou com especialistas e descobriu outros benefícios do composto vegetal e onde encontrá-lo. Confira!

O que é? 

De acordo com Tiago Lima*, professor do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), a pectina é considerada uma "fibra solúvel", ou seja, é um tipo de fibra que se dissolve em água.

Além disso, a substância é classificada como "prebiótica", pois facilita o crescimento de bactérias benéficas no intestino, já que, ao ser ingerida, não é danificada por saliva ou ácido gástrico.

Para encontrá-la na natureza não é preciso ir muito longe, uma vez que a pectina pode ser obtida em partes de frutas e hortaliças normalmente descartadas, como cascas e bagaço.

Tipos de pectina

Também professora do curso de Engenharia de Alimentos da UFC, Lucicléia Barros* explica que existem três tipos de pectina, divididos a partir do grau de esterificação ou metoxilação, sendo eles:

  • Pectinas de Alta Esterificação (ATM) ou Pectinas HM
  • Pectinas de Baixa Esterificação (BTM) ou Pectinas LM
  • Pectinas Amidadas de Baixa Esterificação ou Pectinas Amidadas LM

Para que serve?

Na indústria alimentícia, ela é usada na produção de iogurtes e geleias industrializadas. Entre as principais funções da substância no processo de fabricação, a nutricionista Marina Fortes*** destaca:

  • Espessante: age aumentando a viscosidade do alimento.
  • Emulsificante: facilita a combinação de ingredientes que, normalmente, não se misturariam

Colher com gelatina vermelha
Legenda: Composto é responsável por potencializar a viscosidade de alimentos
Foto: Shutterstock

Benefícios da pectina

Ainda segundo a profissional de saúde, o composto vegetal é considerado uma “fibra funcional”, ou seja, ele apresenta propriedades que melhoram a saúde e a qualidade de vida do ser humano. Confira algumas delas:

  • Diminui o colesterol: a substância reduz a absorção de gordura, ajudando a controlar o nível de colesterol no sangue.
  • Combate a diabetes: atraindo as moléculas de glicose logo após as refeições, a pectina auxilia na digestão, retardando a absorção do carboidrato.
  • Protege o sistema digestivo: Além de eliminar toxinas do fígado, o composto vegetal também protege a mucosa do estômago. 
  • Melhora a prisão de ventre: ao ser ingerida, a pectina transforma-se em uma espécie de gel viscoso, facilitando o trânsito intestinal e melhorando o funcionamento do sistema digestivo.

Pectina cítrica

Como o próprio nome já revela, a pectina cítrica é aquela extraída de frutos cítricos. Apesar de apresentar tonalidade mais clara do que outras variedades do composto, como a extraída do bagaço da maçã, ela possui as mesmas propriedades funcionais das outras versões, de acordo com Lucicléia.

Geleia de laranja em vidro, ao lado de uma laranja cortada ao meio
Legenda: Laranja é uma das frutas com maior concentração de pectina
Foto: Shutterstock

Alimentos ricos em pectina

Para garantir a presença do composto vegetal na alimentação cotidiana, Marina recomenda que frutas cítricas, como laranja, tangerina, amora e limão, sejam incluídas no cardápio do café da manhã ou do lanche da tarde.

Torradas com geleia junto a xícara de café
Legenda: No café da manhã, a pectina está presente em geleias e doces
Foto: Shutterstock

Outras opções de alimentos ricos na substância pertencem ao grupo das hortaliças, sendo elas: cenoura, batata, beterraba e ervilha

Como usar a pectina na produção de geleias caseiras?

Segundo Lima, a pectina pode ser preparada em casa, sendo extraída através do aquecimento dos resíduos vegetais, como bagaço de maçã e cascas de melancia e maracujá. 

Para utilizar a substância na produção de geleias e compotas, o especialista indica que o bagaço ou a “parte branca” da casca sejam fervidos por, aproximadamente, 20 minutos, em quantidade de água suficiente para manter o alimento submerso. Em seguida, o material deve ser coado.

Preparo de pectina em casa
Legenda: Com a extração caseira de pectina, é possível produzir geleias e compotas
Foto: Shutterstock

Ao final do processo, a substância estará pronta para ser utilizada na produção de doces e geleias de frutas. Vale lembrar que a formação eficaz do gel está relacionada ao nível de açúcar e acidez do alimento.

Após a extração, o composto poderá ser armazenado de 1 a 3 meses sob refrigeração, e em recipientes devidamente higienizados, como frascos de vidro lavados, para evitar o surgimento de fungos e bactérias.

Onde encontrar?

De acordo com Lucicléia Barros, a pectina utilizada em receitas pode ser adquirida em lojas que vendam artigos para doces e sorvetes. Já a usada em processos industriais deve ser encontrada em lojas de produtos químicos. 

Pectina em pó
Legenda: No mercado, é possível encontrar versões em pó da substância vegetal
Foto: Shutterstock

Outra dica, dada pelo professor Lima, é procurar a substância em lojas que comercializem produtos naturais.

Pectina Perguntas frequentes
 
*Tiago Lima é graduado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2011), possui mestrado e doutorado em Engenharia Química também pela UFC. Atualmente, é professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFC, e possui experiência na área de Engenharia de Alimentos com ênfase em bioprocessos e valorização de resíduos agroindustriais.

**Lucicléia Barros é professora e pesquisadora do curso de Engenharia de Alimentos e da Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará. Coordena o Laboratório de Frutas e Hortaliças. Tem experiência na área de Química, com ênfase em alimentos e compostos bioativos.

***Marina Fortes é nutricionista clínica, possui pós-graduação em Nutrição Esportiva aplicada ao Exercício Físico e é especialista em Modulação Intestinal e Saúde da Mulher.

*Sob supervisão de Mariana Lazari e Felipe Mesquita.

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