Skatista morto em Fortaleza foi atacado com 'voadora' e 'cercado' por facção; veja imagens
O adolescente foi empurrado enquanto outros suspeitos chegavam ao local para participar do ataque e chegou a passar por uma "entrevista da facção"

Antes de ser torturado e morto a tiros, o skatista Marco Felipe Mendes de Sousa, o 'Felipe Maracajá', de 15 anos, foi abordado e agredido com uma voadora. Câmeras de videomonitoramento flagraram quando a vítima foi interceptada e cercada em via pública pelos criminosos.
O que aconteceu
Conforme relatório preliminar de análise de extração de imagens obtido pela reportagem, a vítima tentou se livrar "de alguns elementos que correm atrás dele". O skatista foi empurrado, enquanto outros suspeitos chegavam ao local para participar do ataque e chegou a passar por uma "entrevista da facção".
Pelo menos seis suspeitos foram flagrados participando diretamente do homicídio. Até a manhã dessa quinta-feira (3), quatro foram presos, sendo três, segundo a Polícia Civil, com participação direta na morte. Um sétimo suspeito pode ter contribuído com os demais suspeitos do crime.
O primeiro a ser capturado ainda em flagrante foi Tiago Lima dos Prazeres, que teve a prisão convertida em preventiva. Nos dias seguintes, policiais militares prenderam Edinardo Nunes Cordeiro, que responde a outro processo por porte ilegal de arma de fogo, e José Augusto da Silva Sousa da Costa. O quarto suspeito, de nome preservado, permanece detido por integrar organização criminosa e as autoridades apuram a participação dele na morte do skatista.
Os suspeitos disseram aos investigadores que se aproximaram de Marco Felipe depois de ouvirem várias pessoas gritando "pega ladrão, tá roubando nas áreas".
Skatista foi vítima de um 'Tribunal do Crime' na GDE
Em coletiva de imprensa realizada nessa quinta-feira (3), investigadores revelaram que o adolescente foi vítima de um 'Tribunal do Crime' realizado por membros da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Não há indicação que Felipe integrava ou não uma facção criminosa.
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A família nega que o jovem fosse ligado a qualquer atividade criminosa, mas há um vídeo gravado antes da morte de Felipe que mostra os suspeitos encontrando a participação dele em um grupo de WhatsApp, supostamente, com participação de integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
O jovem foi levado a um local afastado e filmado antes de ser assassinado, segundo vídeo que circula nas redes sociais. Os criminosos acusaram o jovem de pertencer à organização rival, que não é a da região na qual ele morava.
O homicídio aconteceu no bairro Vicente Pinzón, na última segunda-feira (30).
INTERCEPTADO E INTERROGADO
O delegado Rodrigo Jataí, diretor-adjunto do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) disse que a vítima transitava em uma motocicleta quando foi interceptada pelos criminosos e "interrogada".
O grupo ainda obrigou que Marco Felipe fornecesse a senha do celular dele. Quando os suspeitos olharam as mensagens no aparelho, "vincularam a vítima com participação a uma facção rival e então a vítima foi morta por disparos de arma de fogo", detalhou o delegado.
A delegada Patrícia Pereira Gonçalves, titular da 1ª Delegacia do DHPP, acrescentou que a vítima foi torturada com socos e chutes e ainda tentou fugir, "mas foi perseguida por vários indivíduos e, posteriormente, foi alcançada e executada por disparo de arma de fogo".
"Um celular foi apreendido e passará por perícia com intuito de auxiliar nas investigações", ainda conforme a Polícia.
Federação de skate lamentou morte
Em nota de pesar, a Federação Cearense de Skateboarding lamentou o falecimento de Felipe, que era "talento, alegria e futuro". "Hoje, Felipe se soma às estatísticas cruéis de um país que falha com sua juventude. Em menos de seis meses, é o segundo jovem skatista assassinado no Ceará", disse a entidade.