PMs absolvidos em 'júri do Curió' podem voltar ao policiamento ostensivo e obter promoção retroativa
A decisão em revogar as medidas cautelares e de restrições de direito foi proferida com o anúncio da absolvição
Os oito policiais militares absolvidos nesta quarta-feira (6) pela 'Chacina do Curió' podem voltar a atuar nas ruas, no policiamento ostensivo e ainda terão direito à promoção retroativa, pausada no fim de 2015, data da chacina.
A decisão em revogar as medidas cautelares e de restrições de direito foi proferida com o anúncio da absolvição. O advogado de defesa, Manuel Micias, acredita ainda que "a sentença com negativa de autoria, automaticamente, deve ter reflexo na esfera administrativa".
"Eles não estavam mais trabalhando nas ruas, estavam no serviço administrativo, o que não deixa de ser uma punição, porque são policiais operacionais que gostam do contato com a população, servindo a sociedade", disse Manuel Micias.
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Valmir Medeiros, que também atuou na defesa dos réus, acrescenta que "essa decisão é importante porque é ponto de inflexão na opinião pública. Os que deixaram de ser promovidos, terão direito à promoção retroativa".
OCORRÊNCIAS
Imediatamente após o anúncio da absolvição, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), responsável pela acusação, entrou com recurso para apelar contra a sentença. Segundo o órgão ministerial, a sociedade "não merece o comportamento" que os PMs tiveram na madrugada de 12 de novembro de 2015.
Régio Menezes, advogado dos três PMs que estavam na Viatura 1307, considera que "as provas apresentadas tecnicamente pela defesa mostraram o contrário".
"Trouxemos provas técnicas, não foi falácia. Profissionais que informaram todas as rotas. Algumas viaturas que disseram ser dos nossos clientes, não eram. Todas as ocorrências foram atendidas. Os jurados dentro do poder constitucional tomaram decisão baseada em provas factíveis. Não adianta querer colocar inocentes como bodes expiatórios para dar resposta à sociedade e deixar quem fez realmente solto lá fora, podendo cometer novos crimes".
Carlos Neto, também membro da defesa dos militares, diz esperar que "o Controlador de Disciplina confirme a absolvição, deixando de ter prejuízo administrativo aos policiais".
QUEM SÃO OS PMS ABSOLVIDOS?
- Gerson Vitoriano Carvalho (viatura RD 1307)
- Thiago Veríssimo Andrade Batista de Carvalho (viatura RD 1307)
- Josiel Silveira Gomes (viatura RD 1307)
- Thiago Aurélio de Souza Augusto (viatura RD 1072)
- Ronaldo da Silva Lima (viatura RD 1072)
- José Haroldo Uchoa Gomes (sargento comandante da RD1069)
- Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes (motorista viatura RD1069)
- Francinildo José da Silva Nascimento (sargento, viatura RD 1069)
Primeiro julgamento terminou em condenação
No primeiro julgamento da Chacina do Curió, que durou 6 dias em junho deste ano, quatro policiais militares foram condenados a mais de 1.100 anos de prisão, somadas as penas. A votação dos jurados durou 13 horas.
Os três primeiros, Ideraldo Amâncio: Wellington Veras Chaves E Marcus Vinícius Sousa da Costa, foram levados para o quartel da Polícia Militar no Centro da Capital logo após o fim do júri. Já o PM Antônio Abreu foi preso nos Estados Unidos, somente no mês de agosto.
TERCEIRO JÚRI
Uma terceira sessão do julgamento já está agendada para este ano. No próximo dia 12 de setembro, será a vez de julgar todos os oito réus que compõem o processo 3 da Chacina do Curió.
Para esta ocasião, estão previstos 21 depoimentos, sendo seis de vítimas sobreviventes, sete de testemunhas e oito interrogatórios.