Marido de contadora morta em Aquiraz 'montou cenário de crime' e planejou ser vítima, diz delegado
Leonardo Chaves é suspeito de ser o "autor intelectual" do assassinato da contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, em Aquiraz
Leonardo Chaves, preso na noite dessa terça-feira (6), suspeito de ser o "autor intelectual" do assassinato da esposa, a contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, 35, em Aquiraz, "montou um cenário de crime" com a própria participação. Os detalhes do caso foram divulgados pela Polícia Civil nesta quarta (6), em coletiva para a imprensa.
"Ele montou um cenário de crime com a participação dele. Inclusive, ele foi agredido no momento da ação. E os meliantes, como forma de pagamento, levaram alguns objetos da residência", compartilhou o diretor de Polícia Judiciária da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Gustavo Pernambuco.
De acordo com Pernambuco, Leonardo foi quem contatou um adolescente e o motorista de aplicativo Adriano Andrade Ribeiro para simular um latrocínio — roubo seguido de morte — e assassinar Kaianne. Uma das hipóteses é de que a intenção do marido era obter um seguro de vida, no nome da esposa, no valor de R$ 90 mil, para pagar dívidas.
A Polícia também descobriu que o suspeito comprou passagens recentemente para, nos próximos dias, fugir para Portugal. "Ele [Leonardo] contatou essas pessoas, esse menor e o rapaz do aplicativo, para que eles cometessem o crime com a facilitação dele", reforçou o diretor da Polícia.
Com o novo depoimento do marido da vítima, que está preso preventivamente, será possível elucidar outras dúvidas sobre o caso. O crime segue em investigação pela Delegacia Metropolitana de Aquiraz.
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'É um comportamento estranho'
Leonardo foi preso nessa terça ao sair da casa da sogra. Edvando França, diretor do Departamento de Inteligência Policial, acredita que o suspeito ter continuado frequentando o seio familiar da esposa morta supostamente a mando dele é "muito estranho" e deve ser levado em consideração no inquérito. "É um comportamento não usual de um infrator, estar em contato ainda com familiares. Claro que não é normal", afirmou.
França afirmou ainda que "não existe crime perfeito" e ressaltou que a Polícia, desde o início, não descartou a hipótese de feminicídio ou de envolvimento do marido no crime. "A Polícia Civil é técnica e não segue uma linha sozinha, um único caminho. Todos são possíveis", garantiu.
"No início, tínhamos como mote, realmente, um latrocínio. Todas as características estavam batendo como se fosse um latrocínio, com a presença de dois indivíduos que invadiram a casa e teriam rendido o esposo da vítima e, posteriormente, assassinado a moça. Sendo que as investigações avançaram, a gente começou a sentir algumas distorções em relação a algumas informações que nos foram passadas, e conseguimos, após esse trabalho, colocar o marido da vítima na cena", explicou Gustavo Pernambuco.
Na investigação, foram consideradas imagens de câmeras de segurança, deslocamentos de veículos, conversas e novos depoimentos dos suspeitos já presos.
O que aconteceu?
Kaianne foi morta na noite do último dia 26 de agosto, com uma paulada na cabeça, dentro da própria casa, em Aquiraz. Dois suspeitos foram capturados por suspeita de participação no crime, que, a priori, era tratado pela Polícia como um latrocínio — roubo seguido de morte.
Leonardo já tinha deixado separados uma corda - para os "assaltantes" o amarrarem - e um pedaço de pau - para matarem a própria esposa. E ainda pediu para os comparsas o agredirem, para fortalecer a versão do latrocínio.
No entanto, a investigação teve uma reviravolta após os policiais acessarem imagens de câmeras de segurança do estacionamento de um shopping, em Aquiraz, que mostraram Leonardo conversando com o motorista de aplicativo Adriano Andrade Ribeiro e um adolescente — que foram detidos, depois, pelo suposto latrocínio.
A conversa entre Leonardo e os possíveis comparsas aconteceu por volta de 20h35, poucos minutos antes da morte de Kaianne. No momento do crime, Leonardo estava do lado de fora da casa, regando plantas, com o portão aberto, quando a dupla chegou e o teria feito de "refém". Ele foi imobilizado e trancado em um quarto dos fundos do imóvel por Adriano, enquanto o adolescente seguiu para o quarto do casal e deu um golpe fatal na nuca da vítima.