PM acusado de chefiar milícia em Fortaleza viola monitoramento eletrônico
Igo Jefferson Silva de Sousa é acusado de estar por trás de uma série de crimes na região do Grande Pirambu
A Justiça do Ceará exige explicação sobre o paradeiro do policial militar Igo Jefferson Silva de Sousa após o agente romper nove vezes, em menos de um mês, o sinal da tornozeleira eletrônica. Igo é acusado de chefiar milícia na região do Grande Pirambu, em Fortaleza, e foi colocado em prisão domiciliar por decisão do Judiciário após a defesa dele alegar essa necessidade para tratamento de saúde.
A primeira violação foi detectada em julho de 2025. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos nos quais constam que em uma das ocasiões a tornozeleira do policial passou pouco mais de seis horas sem emitir sinal.
A defesa de Igo Jefferson disse à reportagem que "o militar cumpriu rigorosamente todas as medidas cautelares e será devidamente comprovado nos nos autos", conforme o advogado Germano Palácio.
A Coordenadoria de Monitoração Eletrônica de Pessoas (Comep) emitiu documento destacando que "a região de residência do apenado possui histórico de boa cobertura de sinal via satélite, não havendo, até o momento, qualquer constatação de limitação técnica ou geográfica que justifique a recorrência dos eventos mencionados. Diante do exposto, a Comep comunica a possível ocorrência de descumprimento das condições impostas pela medida judicial vigente, permanecendo à disposição para eventuais esclarecimentos que se façam necessários".
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PRISÃO DOMICILIAR
O juiz da Vara da Auditoria Militar do Ceará, Roberto Soares Bulcão Coutinho, tomou conhecimento do possível descumprimento e intimou a defesa do acusado para esclarecimentos, sob pena de revogação da cautelar. Não há informações se o advogado se posicionou ou não no processo.
No ano passado, a defesa do cabo alegou que o denunciado precisava de "cuidados e assepsia diária por um período mínimo de quatro meses" e que o tratamento com cuidados específicos não são oferecidos pelo presídio militar.
A Justiça decidiu pelo benefício da prisão domiciliar e proibiu Igo de "acessar aparelhos eletrônicos ligados à internet, bem como aplicativos de mensagens e redes sociais, como também aparelhos telefônicos. As obrigações deverão ser rigorosamente cumpridas, sob pena de revogação do recolhimento domiciliar".
ATAQUES NO PIRAMBU
Dez policiais militares foram acusados a partir das investigações iniciadas no dia 20 de fevereiro de 2024, logo após as tentativas de homicídios contra seis policiais militares, no bairro do Pirambu, fato ocorrido no dia 17 de fevereiro de 2024.
Igo Jefferson Silva de Sousa foi preso dentro de um hospital, no dia 21 de fevereiro do ano passado, após ser baleado com outros quatro policiais militares - também suspeitos de integrar a mesma organização criminosa.
As autoridades receberam informações de que o PM "teria participado, juntamente com outros policiais do Batalhão ao qual pertencia o soldado assassinado, de duas execuções na madrugada do dia 15/02/2024, sendo uma no Bairro Carlito Pamplona e outra no Bairro Cristo Redentor".
Segundo o Ministério Público do Ceará, 'Igo Negão' atuaria em conjunto em 'grupo de extermínio e extorsões contra criminosos da área do Pirambu'" e também estava a frente de crimes como tráfico de drogas e comércio de armas de fogo.