Justiça mantém em prisão domiciliar PM acusado de chefiar milícia em Fortaleza

O policial segue proibido de acessar aparelhos eletrônicos ligados à internet

Escrito por Redação ,
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Legenda: A defesa do PM alega que no presídio militar os cuidados não são possíveis
Foto: Natinho Rodrigues

A Justiça do Ceará decidiu manter em prisão domiciliar e com monitoramento eletrônico o cabo da Polícia Militar, Igo Jefferson Silva de Sousa. O policial é acusado de integrar uma milícia, que teria cometido homicídios para vingar a morte de um outro PM e também praticar extorsões e outros crimes.

Conforme decisão proferida na Vara da Auditoria Militar, a manutenção da prisão domiciliar é "para a continuidade do tratamento médico", estando o acusado ainda "extremamente debilitado". Agora, está judicialmente autorizada a prorrogação da prisão domiciliar por 120 dias.

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Igo segue proibido de "acessar aparelhos eletrônicos ligados à internet, bem como aplicativos de mensagens e redes sociais, como também aparelhos telefônicos. As obrigações deverão ser rigorosamente cumpridas, sob pena de revogação do recolhimento domiciliar".

O QUE A DEFESA ALEGOU

A defesa do cabo disse nos autos que o denunciado precisa de "cuidados e assepsia diária por um período mínimo de quatro meses" e que o tratamento com cuidados específicos não são oferecidos pelo presídio militar. 

'Ademais disso, destaca o risco real de infecção de ferida, tendo em vista que o militar possui incisão aberta em face da traqueostomia a qual foi submetido" defesa do PM acusado

Anteriormente, a prisão domiciliar tinha sido deferida pelo prazo inicial de 30 dias. A defesa ainda alegou que o cabo foi hospitalizado no Instituto Doutor José Frota, "em razão de fortes dores no maxilar, porém recebeu alta em razão dos ferimentos abertos que estariam infeccionando".

"O militar foi gravemente atacado e já passou por três cirurgias, inclusive com recomendação para outras. Com isso, o Meritíssimo Juiz, baseado na condição individual do militar, na natureza da infração e na substituição da custódia preventiva por prisão domiciliar, as concedeu à luz do CPP (Código Processual Penal). A defesa acredita no Poder Judiciário e que a inocência do cabo Igo Jefferson da Silva será provada."
Germano Palácio
Advogado de defesa
 

GRUPO DE EXTERMÍNIO

Dez policiais militares foram acusados pelo Gaeco, no dia 31 de agosto do ano passado, após investigações realizadas em parceria com a Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).

Igo Jefferson Silva de Sousa foi preso dentro de um hospital, no dia 21 de fevereiro deste ano, após ser baleado com outros quatro policiais militares - também suspeitos de integrar a mesma organização criminosa. O PM ainda é suspeito de participar dos assassinatos de dois homens em retaliação ao assassinato do soldado Bruno Lopes Marques, no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, no dia 12 de fevereiro deste ano. Bruno também seria integrante da organização criminosa formada por policiais militares, segundo as investigações policiais.

Conforme o Pedido de Prisão Preventiva do Gaeco contra Igo Jefferson, as autoridades receberam informações de que o PM "teria participado, juntamente com outros policiais do Batalhão ao qual pertencia o soldado assassinado, de duas execuções na madrugada do dia 15/02/2024, sendo uma no Bairro Carlito Pamplona e outra no Bairro Cristo Redentor".

Os homicídios ocorreram três dias depois do assassinato do soldado Bruno Marques, no Pirambu, em Fortaleza. Segundo o Ministério Público do Ceará, 'Igo Negão' atuaria em conjunto em 'grupo de extermínio e extorsões contra criminosos da área do Pirambu'". 

A dupla já era alvo da Operação Embrionária, "que já está com as medidas cautelares finalizadas, mas ainda se encontra em sigilo absoluto enquanto aguarda a conclusão do relatório final", segundo o Pedido de Prisão Preventiva do Gaeco.

 

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