Homem que matou a ex-mulher em Fortaleza e fugiu com a filha para um velório é denunciado pelo MPCE
Crime aconteceu na frente da filha do acusado e da vítima. Segundo a denúncia, ele não aceitava a criança e tinha histórico agressivo
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Evaldo Dervlin Barbosa, de 29 anos, por feminicídio praticado contra a ex-companheira, Valeska Mayara Dantas Macedo, 23, no bairro Bela Vista, em Fortaleza. O crime teria sido praticado na frente da filha do acusado e da vítima, de apenas um ano e quatro meses. Depois do assassinato, o homem teria raptado e levado a criança para o velório de um parente.
As informações constam na denúncia do MPCE, apresentada à 4ª Vara do Júri de Fortaleza, da Justiça Estadual, na última terça-feira (11). O Ministério Público denunciou Evaldo Dervlin pelo crime de feminicídio qualificado (por motivo fútil e circunstância que dificultou a defesa da vítima).
Segundo a denúncia, Valeska Mayara foi morta com diversas facadas, na noite de 2 de maio último. O corpo da jovem foi encontrado em frente à residência do acusado, na Rua Amazonas, próximo a uma faca (tipo peixeira) que tinha marcas de sangue.
A ferocidade do ataque contra a vítima foi (tão) intensa que o acusado ficou com escoriações na palma e no dorso das mãos.
Para o Ministério Público, "fica evidente que o crime foi praticado na presença da criança". Em seguida, Dervlin entrou em casa, tomou banho, pegou a menina nos braços e saiu. Vizinhos questionaram ao homem o que estava acontecendo e ele respondeu "fiz besteira, matei a Valeska" e "o satanás está aqui, o satanás está aqui".
Então, Evaldo Dervlin ligou para o seu padrinho e pediu para o mesmo ir buscá-lo, sem contar o que aconteceu. Os dois homens e a criança seguiram para o velório de um parente. Depois, ele deixou a filha com a irmã dele e foi se esconder na casa de um amigo, onde foi detido, no bairro Parangaba. Questionado pela Polícia sobre a motivação do crime, o acusado disse que a ex-companheira não cuidava bem da criança.
"Deste modo, o acusado cometeu crime por motivo fútil, eis que respondeu um inconformismo da vítima com diversos golpes de faca. Ficou evidente que o acusado era uma pessoa muito complicada, cuja convivência era difícil. O acusado ainda cometeu o crime mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, na medida que emboscou a vítima na entrada da residência, que não teve tempo suficiente para abrir o portão e tentar escapar", considera o promotor de Justiça, na denúncia.
Acusado não aceitava a filha e tinha histórico agressivo
Valeska Mayara levou a filha para a casa do pai, naquele dia 2 de maio, nutrida da esperança de que o homem se interessa pela menina, já que ele rejeitou a criança desde que soube da gravidez e que seria do sexo feminino e não chegou sequer a colocar seu nome na Certidão de Nascimento da mesma, segundo o MPCE.
Valeska e Dervlin namoraram por cerca de três anos. Quando ela estava grávida, registrou um Boletim de Ocorrência contra o então namorado, após receber chutes e cair, em abril de 2019. No mês seguinte, ela registrou outro B.O. contra ele, desta vez por ameaça.
Dervlin já era conhecido por um "comportamento explosivo e agressivo", até mesmo para a sua família, ao ponto de já ter ameaçado de agredir a própria mãe, em uma discussão. Mesmo assim, Valeska declarou a parentes que acreditava que ele "era o homem da vida dela" e que "ele ia mudar", diz a denúncia. O acusado ainda tem histórico de vício em bebida alcoólica e drogas ilícitas, "o que tornava o ambiente familiar ainda mais complicado".