Dupla acusada de matar mulher trans a pauladas em Fortaleza vira réu

Segundo as investigações, o crime teria sido causado por uma suposta dívida de droga.

Escrito por
Paulo Roberto Maciel* paulo.maciel@svm.com.br
Imagem de Pamella dos Santos sorridente com cabelo loiro claro e pele renovada, usando colar dourado, em um ambiente ao ar livre.
Legenda: Os acusados pelo crime estão presos preventivamente desde o dia 15 de outubro.
Foto: Reprodução

A Justiça do Ceará tornou réus dois homens acusados de assassinarem uma mulher trans no bairro Jardim América, em Fortaleza. A decisão foi publicada nessa quarta-feira (29), duas semanas após o crime, registrado no dia 12 de outubro.

Em denúncia enviada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) ao Poder Judiciário, obtida pelo Diário do Nordeste, consta que a vítima, identificada como Pamella dos Santos Coelho, de 37 anos, foi atingida diversas vezes na cabeça com um pedaço de madeira.

O órgão aponta como autores da agressão Matheus Costa de Sousa, conhecido como 'Peste', e Pedro Daniel dos Santos, também chamado de 'Donatelo'.

Segundo narrado na denúncia, por volta das 21h do dia 12 de outubro deste ano, Pamella estava próxima a um motel quando se surpreendeu com a aproximação dos réus em um veículo Volkswagen Cross Fox. Imagens de câmeras de segurança analisadas pelos investigadores registraram o momento em que o carro é visto perto do local.

Em seguida, conforme relatado no documento, "agindo em concurso e visando dificultar, se não impossibilitar a defesa da vítima, os réus passam a agredir Pamella, espancando-a de modo a assumirem o risco de gerar o resultado morte. Após agrediram a vítima, os réus se evadiram do local, deixando-a desacordada".

O homicídio de Pâmela só chegou ao conhecimento das autoridades na manhã do dia seguinte, após um morador da região avistar o corpo e acionar as forças de segurança. Os réus estão presos preventivamente desde o dia 15 de outubro, após serem localizados pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE).

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Investigação

A investigação do caso ficou a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Cinco testemunhas foram ouvidas, incluindo parentes da vítima e dos acusados. Em um dos relatos, a testemunha informa que o veículo utilizado pelos réus para realizar o crime era do avô de Pedro Daniel dos Santos.

Sobre a motivação, as pessoas ouvidas indicaram que os réus pertencem à facção criminosa Comando Vermelho (CV), e que teriam praticaram o delito, pois Pamella tinha uma dívida de droga para com eles.

Uma testemunha também relatou que, além dos acusados, outro homem ainda não identificado estava presente no momento da agressão, agindo, supostamente, como um apoio aos réus.

Por fim, o relatório da Polícia Civil sobre o caso salienta que "a vítima é uma mulher trans e foi agredida brutalmente com um pedaço de madeira em sua face, modus operandi que pode ter sido utilizado como menosprezo à condição social da mesma".

Diante do apurado, o Ministério Público solicitou à Justiça que os réus respondam por homicídio triplamente qualificado - pelo motivo torpe, meio cruel e pela circunstância de dificuldade de defesa da vítima - e organização criminosa com uso de arma de fogo.

Por sua vez, a 6ª Vara do Júri de Fortaleza compreendeu que os indícios são suficientes para que a denúncia seja aceita, e até marcou uma data para a primeira audiência de instrução, dia 27 de novembro. Por enquanto, os réus seguirão presos.

A defesa dos réus não foi identificada até o fechamento dessa reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações, e a matéria será atualizada caso haja retorno das equipes.

*Estagiário sob supervisão do jornalista Emerson Rodrigues

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