Ceará registra média de cinco crimes sexuais por dia no primeiro trimestre de 2021

De janeiro a março foram registrados 429 crimes sexuais no Estado. Já neste mês de abril, um estupro coletivo contra uma criança e uma adolescente ocorrido em Mombaça chocou a comunidade

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
crime sexual

A violência sexual assombra vítimas independentemente da faixa etária que elas se encontrem. No Ceará, de janeiro a março deste ano de 2021, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou 429 crimes sexuais. A média aproximada é que a cada dia dos últimos três meses cinco pessoas comunicaram à Polícia terem sido vítimas da violência sexual no Estado. Isso sem contar os casos que permanecem no limbo da subnotificação.

Quando quem sofre este tipo de crime são crianças ou adolescentes, com corpos ainda em formação, maiores as chances de se perpetuarem a médio e longo prazo efeitos nas esferas física e mental. Um dos casos recentes de crime sexual foi o que vitimou duas meninas, de 9 e 12 anos de idade. Conforme denúncia da família, elas foram vítimas de estupro praticado por, pelo menos quatro homens adultos, em na cidade de Mombaça, no Interior do Ceará. A Polícia Civil investiga o fato.

Assista à entrevista com a família:

Na noite dessa quinta-feira (29), um suspeito pelo estupro coletivo foi preso. O homem de 31 anos foi localizado em Fortaleza e levado ao 32º Distrito Policial.

Conforme estatísticas da SSPDS, até então, janeiro de 2021 havia sido o mês deste ano com maior número de crimes sexuais: 156 ocorrências. 21% dos registros no primeiro trimestre aconteceram às quintas-feiras. Em seguida, com 15,3% está a segunda-feira como dia da semana com mais notificações à Pasta. Com relação ao turno, o maior percentual de vítimas de crimes sexuais é das 6h às 11h59.

A SSPDS se posicionou por nota informando que "suas vinculadas realizam trabalhos contínuos para combater crimes sexuais no Estado com ações para prevenir esses tipos de delitos, por meio de trabalho investigativo e de inteligência".

A Pasta destaca a necessidade das vítimas denunciares os agressores registrando Boletim de Ocorrência (BO) para que os suspeitos possam ser incriminados.

Relato

Um parente das vítimas do estupro coletivo concedeu entrevista ao Sistema Verdes Mares nessa quinta-feira (29). Conforme o familiar, os responsáveis pelo crime embriagaram as meninas antes do abuso sexual. As meninas foram encontradas com sangramentos e desorientadas.

"Deixaram elas na saída do açude e disseram para a menor que não contasse nada. A família levou elas ao hospital e o Conselho Tutelar foi acionado. Quando a menor acordou, disse como aconteceu e quem fez isso com elas. Infelizmente não conhecemos os corações das pessoas. Agora pedimos que os culpados pelo crime sejam presos", disse.

A Defensoria Pública do Ceará disse estar ciente sobre o crime e disse que vêm se articulando e criando estratégias para atuar no caso. Já o Ministério Público do Ceará (MPCE) informou por nota que, através da 2ª Promotoria de Justiça de Mombaça, está apurando os fatos e deve se pronunciar nesta sexta-feira (30).

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) destacou que segue em busca de localizar os suspeitos. A população pode contribuir repassando informações à Polícia que possam auxiliar os trabalhos investigativos. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, ou ainda pelo telefone (88) 3583-3435, da Delegacia Municipal de Mombaça. O sigilo e o anonimato são garantidos.

A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) disponibiliza acolhimento humanizado às vítimas de violência sexual e doméstica no Núcleo de Atendimento Especial à Mulher, Criança e Adolescente (Namca). O serviço realiza apoio especial a mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência que são encaminhadas para o setor para realizarem exame de corpo de delito. O núcleo oferece atendimento em local privativo, exclusivo para este público, com equipe treinada para o adequado acolhimento das vítimas.
SSPDS

Ainda conforme a Secretaria, em Fortaleza, nos casos em que a vítima é criança ou adolescente, os familiares podem se dirigir até a sede da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), no bairro São Gerardo, em Fortaleza.

"Onde não há uma unidade especializada de atendimento a esse tipo de público, a população pode comparecer às delegacias municipais, metropolitanas e regionais para registrar os crimes, que serão apurados pelos investigadores das unidades da Polícia Civil em todo o Estado", de acordo com a Pasta.