Capitão preso por agredir idoso tem processos na Justiça por homicídio, tortura e outros crimes

Nesta quarta-feira, a Justiça decidiu converter a prisão em flagrante de Hauryson Batista Cavalcante em prisão preventiva

Escrito por Redação ,

Preso em flagrante por agredir um idoso de 70 anos na Avenida Monsenhor Tabosa, em Fortaleza, nesta terça-feira (6), o capitão da Polícia Militar do Ceará (PMCE) já responde a pelo menos 10 crimes, incluindo homicídios, tortura, tráfico de drogas e abuso de autoridade.

Nesta quarta-feira (7), a Justiça definiu que a prisão em flagrante de Hauryson Batista Cavalcante seja convertida em prisão preventiva. Uma das justificativas foi a quantidade de delitos já praticados pelo capitão. 

"Neste cenário, a suposta prática de diversos outros delitos aponta no sentido de que o autuado desafia a paz social e, em liberdade, encontrará estímulo para continuar na seara criminosa, gerando o perigo em se conceder a sua liberdade, pois a atuação do Poder Judiciário, até o momento, não foi suficiente para frear sua inclinação à prática de condutas ilícitas, situação indicativa do seu desprezo e desrespeito à Justiça", traz a decisão da juíza Flávia Setúbal de Sousa Duarte, da 17ª Vara Criminal.

A decisão judicial também salienta que a agressão de Hauryson ao idoso se deu por motivo fútil e desproporcional, pois consta nos autos que o delito aconteceu "após o ofendido ter colocado a mão no ombro do imputado, o chamando para beber, aumentando o grau de reprovabilidade de sua conduta".

Crimes

Há diversos processos na Justiça do Ceará em nome do policial, desde 2005. Eles se referem a crimes ocorridos em São Benedito, Redenção, Mombaça, Icó, Acaraú, Acarape e Fortaleza. Entre eles, homicídios registrados em 2010, 2015 e 2019; tortura, registrada em 2012; e tráfico de drogas, registrado em 2017. 

O capitão da PM também tem investigações contra ele por abuso de autoridade, lesão corporal, calúnia e difamação, improbidade administrativa e peculato.

Idoso foi espancado na rua

Segundo testemunhas, a agressão ao idoso começou após ele e o capitão passarem um pelo outro e encostarem os ombros.

“Ele ia passando na hora e foi tipo uma batida de ombro entre os dois. O idoso só pegou na camisa dele para se afastar. Aí ele disse que 'na camisa de militar ninguém puxa' e era capaz de ele levar um tiro também. Ele agrediu o idoso com chutes e pontapés, tacou a cabeça dele em um meio-fio de pedra e deu vários chutes na costela dele, que fraturou. Aí ele correu para perto de um taxista dizendo que o idoso queria roubar ele", relatou uma testemunha, que preferiu não ser identificada. 

Ainda segundo as pessoas que estavam presentes no local, o capião da Polícia parecia estar bêbado.

"Falamos para o taxista não levar ele. Aí foi a hora que chegou a Polícia, que era o cabo Nascimento e outro que anda com ele. Não agrediu ele, bateu nas mãos dos policiais, dizendo que era capitão, (dizia )‘eu sou o pai de vocês’, ‘sou autoridade maior’. O policial queria defender o cabo, deu um mata-leão nele, porque achou que ele estava muito agressivo. Ele estava à paisana, totalmente bêbado, eu não tenho nem dúvidas", disse a testemunha.

Procedimento disciplinar

O capitão foi detido por policiais militares, e o idoso socorrido por uma ambulância do Samu e levado para o Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), com ferimentos na cabeça.

Segundo a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), o militar encontra-se no presídio militar e à disposição da Justiça. Ele foi autuado em flagrante por lesão corporal de natureza grave.

Além das providências adotadas, a Controladoria afirma que determinou a instauração do competente procedimento disciplinar, para a apuração dos fatos na seara administrativa.

 

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