Os corpos de Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue e considerado o número 1 na escala da chefia do PCC fora da cadeia, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, também parte da chefia da facção criminosa, foram encontrados no último sábado (17), na reserva indígena Lagoa Encantada, em Aquiraz.
As mortes foram confirmadas por um promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que não quis se identificar. "Recebemos essa informação com certa surpresa, até porque o Gegê do Mangue era o número 1 do PCC fora da prisão. Ele e o Paca eram procurados por homicídio duplamente qualificado, tráfico de drogas, entre outros crimes".
> Dois corpos são encontrados em reserva indígena em Aquiraz
> Policiamento é acionado para Pefoce devido a morte de integrantes do PCC
As mortes teriam ocorrido na madrugada de sexta-feira (16). Testemunhas relataram à polícia que um helicóptero pousou na região e logo depois foram ouvidos uma sequência de disparos. Investigadores paulistas acreditam que tenha sido montada uma emboscada contra Gegê e Paca. Os corpos só foram identificados horas depois, mas a mensagem se espalhou rapidamente pelo sistema prisional paulista dando conta da morte de Gegê.
Represália
Duas hipóteses principais estão sendo consideradas para o caso. A primeira, apontada por integrantes do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, é que a morte de Gegê tenha ocorrido em represália ao assassinato de Edilson Borges Nogueira, o Biroska, que aconteceu em 5 dezembro na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Ele possuía funções na Sintonia Final, cúpula da facção, e foi morto a golpes de estilete.
Outra possibilidade é que, na rua, Gegê estava ganhando mais poder do que os líderes presos do PCC desejavam. "Acredito que o Gegê tenha crescido demais e agiram para cortar essa liderança. Na rua, era o membro mais forte que o PCC tinha", disse o procurador de Justiça do MP paulista Márcio Sérgio Christino, que atuou em investigações contra o PCC na década de 1990 e nos anos 2000.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), entretanto, confirmou que dois corpos foram encontrados, mas seguem sem identificação."As vítimas permanecem sem identidades comprovadas. A Pefoce trabalha na identificação formal dos corpos através da necropapiloscopia, que consiste na identificação humana de cadáveres a partir das papilas dérmicas ou, caso necessário, por meio de exame de DNA. Todas as circunstâncias do crime estão sendo investigadas pela Polícia Civil", diz um trecho da nota da Secretaria.
O advogado dos dois integrantes do PCC, que preferiu não se identificar, confirmou que as famílias das vítimas chegam ainda hoje ao Ceará para fazer o reconhecimento dos corpos. "Ambos estavam com problemas na Justiça, ambos tinham mandato de prisão e estavam tentando resolver esses problemas com a Justiça para revogar as prisões deles", disse o advogado.
Conforme o Diário do Nordeste publicou na tarde de ontem (17), a Polícia Militar foi acionada ainda pela manhã, mas os corpos foram retirados somente à noite, pois a localidade é de difícil acesso.