Fóssil de mastodonte é encontrado em sítio de Tauá

As descobertas podem inserir o município entre os Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil (Sigep)

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Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: Fragmentos do dente do animal são referentes ao período quaternário da era Cenozóica, há 11 mil anos. Tem 25cm de comprimento e 18cm de base
Foto: FOTO: JORGE DE MOURA

Tauá. Foi encontrada neste município uma peça paleontológica dos fragmentos do dente de um mastodonte. Os registros que vêm ocorrendo há cerca de cinco décadas poderão inserir a região dos Inhamuns entre os Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil (Sigep), por meio da comissão brasileira destinada a estudos nessas áreas da localidade. Mesmo sem uma descrição mais detalhada da peça, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), com sede em Crato, irá realizar identificação na localidade, onde já foram registrados diversos achados, com a constatação de sítio paleontológico, com registro de até 11 mil anos, referentes ao período quaternário da era Cenozóica. A Fundação Bernardo Feitosa, da localidade, registrou peças recentes também de uma preguiça gigante.

O chefe do órgão federal, Artur Andrade, destaca o achado e diz que uma equipe será deslocada de Crato para realizar uma pré-avaliação do material, que até o momento ele conseguiu identificar apenas por uma imagem fotográfica. Segundo ele, trata-se de um animal da mesma família dos elefantes, do período Pleistoceno.

A peça tem cerca de 25 centímetros de comprimento e mais de 18 centímetros de base, conforme o chefe do escritório do DNPM, e pelas avaliações iniciais é de um animal de idade avançada. Os fragmentos do dente do mastodonte foi encontrado pelo agricultor Hermínio Costa, no setor G do DNOCS do Município. Ele viu o material durante a perfuração de poços de água. De acordo com Artur Andrade, essa descoberta pode possibilitar que Tauá seja inserida no rol das cidades cearenses onde ocorre o turismo científico, como acontece atualmente na área da Bacia do Araripe, e área da sede do Geopark.

Segundo o secretário executivo do Pacto Ambiental da região dos Inhamuns e Sertão de Crateús, Jorge de Moura, a descoberta tem tudo para inserir Tauá no cenário internacional, com a atração de pesquisadores. Há cerca de 50 anos, são realizados registros de achados paleontológicos na localidade, que também se destaca na área da Arqueologia, com artefatos encontrados na região.

A Fundação Bernardo Feitosa detém a guarda de três mil peças no Museu Regional dos Inhamuns. São fósseis e material etnográfico conservados e preservados. Atualmente, além do Museu, um parque com 25 sítios georeferenciados completa a vasta área arqueológica e paleontológica encontrada em Tauá. Artur Andrade disse que a peça recém-encontrada em Tauá, há pouco mais de duas semanas, deverá permanecer no município.

Os mastodontes viveram na América do Norte e também na América do Sul durante o Pleistoceno, tendo-se extinguido há cerca de 11 mil anos. O que chamou a atenção foi o bom estado de conservação do material.

Para Jorge Moura, as peças recém encontradas na região representam descobertas de um valor científico incomparável.

O secretário admite que, do material encontrado, poderá ter novas peças de animais, que ainda não pôde identificar. "Estou me programando para iniciar os estudos em Tauá. Já está fechado com o DNPM. Vou fazer a retirada do restante das peças para análise. Temos que fazer um estudo minucioso dos fósseis, até para não afirmarmos ser um animal e acabar sendo outro", disse.

Por conta dos sítios identificados, há um debate local, com vistas à criação de um "Geopark", reunindo a riqueza paleontológica e arqueológica da região. Moura afirma que a Prefeitura Municipal tenta priorizar o turismo científico como política pública para o desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, e lutando contra a falta de recursos, o museu e as áreas arqueológicas descobertas foram assuntos de discussão no II Workshop sobre Turismo de Tauá, realizado em 2006, em parceria com Sebrae, com o tema "Uma opção sustentável para o semi-árido". No primeiro Workshop, em 2004, foi identificado o potencial da região. A ideia é realizar o III Whorshop no próximo ano.

Para o secretário, há um grande incentivo local para a criação de um curso de Arqueologia. "Incentivamos e lutamos pela criação do curso para a região dos Inhamuns. Aqui é um grande laboratório e biblioteca a céu aberto", diz. Na última reunião da Uece, o pesquisador Lúcio Galvão levantou a questão. "Estamos em processo de reforma estatutária. Temos uma ideia para unir Uece e Urca no projeto".

Mais informações

Escritório do DNPM no Cariri
Praça da Sé, 105
Centro
Município do Crato
Telefone: (88) 3521.1619

Elizângela Santos 
Luanna Leitão

Repórter/ colaboradora